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Estado de Minas

Casar�o � point do crime e da degrada��o na Zona Sul de BH

PM invade casar�o apontado como abrigo de infratores e surpreende 16 menores e um maior de idade vivendo em condi��es inadequadas at� para animais. Grupo � suspeito de promover onda de ataques e arrombamentos na Savassi


postado em 24/05/2012 06:00 / atualizado em 24/05/2012 10:13

Jovens foram detidos na casa em que foram apreendidos um facão, um instrumento usado em açougue para cortar ossos e uma faca(foto: Sidney Lopes/EM/D.A. Press)
Jovens foram detidos na casa em que foram apreendidos um fac�o, um instrumento usado em a�ougue para cortar ossos e uma faca (foto: Sidney Lopes/EM/D.A. Press)
Um misto de infra��es, abandono, degrada��o e sujeira abrigado em um casar�o localizado em um dos metros quadrados mais caros da capital, onde se espalhavam nada menos que 16 crian�as e adolescentes e um adulto em condi��es impr�prias at� para animais. Esse foi o cen�rio encontrado por policiais militares ao voltar nessa quarta-feira, acompanhados de funcion�rios do setor de assist�ncia social da Prefeitura de Belo Horizonte, � casa abandonada que fica no n�mero 1.022 da Rua Rio Grande do Norte, Bairro Funcion�rios, Centro-Sul da capital. Sobre os integrantes do grupo recai a suspeita de serem os principais respons�veis pela onda de arrombamentos e viol�ncia que amedronta a vizinha regi�o da Savassi, como mostrou o Estado de Minas.

A primeira investida da PM na casa foi na noite de ter�a-feira, quando ningu�m foi encontrado no im�vel. Ontem, al�m das 17 pessoas detidas, chamaram a aten��o as condi��es degradantes em que viviam os invasores. Todos os c�modos estavam repletos de fezes, entulho, lixo e impregnados com um mau cheiro que tornava quase insuport�vel a perman�ncia no local por muito tempo. Nos c�modos, al�m de cobertores, foram encontrados um fac�o, um cutelo (instrumento cortante usado por a�ougueiros para seccionar ossos) e uma faca, supostamente usados para cometer assaltos na regi�o.

A casa que abrigava o grupo tem estrutura de luxo, com dois andares, v�rios quartos, dois banheiros, salas extensas, uma �rea externa e outros tr�s c�modos nos fundos, que aparentemente j� funcionaram como escrit�rios. De acordo com informa��es do vice-presidente da C�mara do Mercado Imobili�rio (CMI/Secovi), Fernando J�nior, no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) o terreno est� avaliado em R$ 1,3 milh�o, valor que costuma ser inferior ao de mercado. “Para chegar ao valor total, precisamos ver as condi��es do im�vel e checar alguns pontos, como a localiza��o, que � privilegiada, as condi��es da constru��o e a �rea constru�da. � dif�cil estimar um pre�o da casa sem uma vistoria mais aprofundada. Podemos falar apenas do terreno.”

A valoriza��o, por�m, n�o retrata as condi��es em que o im�vel estava. O acesso era feito por um corredor, de onde j� � poss�vel sentir o mau cheiro que exala dos c�modos. No hall de entrada, a sujeira j� toma conta: s�o latas de cerveja, restos de pl�stico, entulho e muita poeira. Os quartos est�o repletos de fezes, embora haja banheiros na casa. N�o � dif�cil encontrar garrafas cheias de cacha�a ou cigarros espalhados pelos cantos.

(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)


Segundo a PM, no momento da chegada dos militares, um casal fazia sexo em um dos c�modos no segunda andar, onde o cheiro de urina � ainda pior. Dos 17 jovens, cinco s�o meninas. “Temos conhecimento que essas pessoas est�o envolvidas com os arrombamentos na Savassi e tamb�m com outros crimes na Pra�a ABC (Funcion�rios) e na �rea dos hospitais. Tamb�m tem a quest�o da insalubridade a que est�o expostas os invasores e da seguran�a do bairro, pois eles ocupam a casa de dia e saem a noite para cometer os delitos. Todos t�m fam�lia, mas, por v�rios problemas, acabam preferindo as ruas e n�o aceitam voltar para suas casas”, afirma o tenente Andr� de Oliveira Miguel, da 4ª Companhia do 1º Batalh�o da PM, respons�vel pela �rea.

Abrigados

Somente na noite dessa quarta-feira o destino dos menores apreendidos foi decidido pelo Conselho Tutelar. Depois de passarem o dia todo no Centro de Atendimento ao Autor de Ato Infracional (CIA-BH), nove garotos foram levados para o Abrigo Consolador e cinco meninas, para o Vila Eunice, mas nenhum deles tem obriga��o de permanecer nas institui��es. Duas crian�as de 11 anos foram levadas para o Conselho Tutelar, para aplica��o de medidas protetivas. Se os pais n�o fossem localizados, elas tamb�m seriam abrigadas. Havia mandado de busca e apreens�o para um dos menores, que dever� cumprir medidas socioeducativas.

O adulto preso na casa foi liberado, por n�o haver comprova��o de crime, j� que as facas apreendidas n�o estavam com nenhum dos suspeitos. Os PMs tamb�m n�o encontraram drogas e os jovens n�o puderam ser responsabilizados por danos ao patrim�nio, pois o casar�o  j� havia sido invadido antes. A invas�o de domic�lio tamb�m n�o foi considerada, por se tratar de um im�vel abandonado.

A casa pertence � Associa��o Igreja Metodista. O representante da institui��o, pastor Wesley Gon�alves, disse que o terreno foi alugado em 10 de novembro do ano passado para empres�rios, e que eles aguardam alvar� da prefeitura autorizando a demoli��o, para constru��o de um empreendimento comercial. “Cabe a eles a responsabilidade pela seguran�a no local”, argumentou o pastor. Segundo ele, os locat�rios colocaram novos cadeados nos acessos para impedir outras invas�es. Os empres�rios n�o foram localizados.

A Regional-Centro Sul da prefeitura informou que a administra��o municipal est� atenta � situa��o do im�vel e que a vigil�ncia sanit�ria emitiu autua��o para limpeza da casa. O documento foi recebido no dia 14 e o dono tem 20 dias para atender � notifica��o. Se n�o o fizer, recebe multa de R$ 1.545. A PBH informou que a casa ser� alvo, nos pr�ximos dias, de a��o fiscal dentro de nova regra do C�digo de Edifica��es, segundo a qual o dono do im�vel � respons�vel caso sua propriedade cause danos a terceiros. Segundo a regional, pelo fato de o im�vel abandonado estar prejudicando o entorno, os propriet�rios podem ser multados em R$ 9.385, caso n�o resolvam a situa��o.

'Biscoito': aos 11 anos, um velho conhecido

Entre meninos e meninas que aguardavam o desfecho da ocorr�ncia policial, um chamava mais a aten��o. Com apenas 11 anos, muito pequeno e magro, “Biscoito” desafiava os PMs enquanto se debatia. De surpresa, pegou um tijolo e arremessou perto de um policial. “Voc�s v�o ver o que eu vou aprontar aqui na Savassi quando voltar. Vou quebrar o vidro de todos os carros”, amea�ou. Minutos depois, mais calmo, j� prestes a seguir rumo ao Conselho Tutelar, disse ter m�e e pai, mas afirmou gostar da rua. “Minha m�e me pega, me leva para casa, mas eu fujo de novo.” Um dos militares afirma que ele � conhecido na regi�o e, mesmo muito pequeno, j� tentou esfaquear uma pessoa na Savassi para roubar. Identificado apenas como Gilmar, de 23 anos, o maior de idade tamb�m reagiu e ofendeu os policiais. Segundo a PM, ele � um dos homens que usam as crian�as para cometer crimes e sair impune. “Tenho fam�lia, mas gosto da rua. Pode puxar minha ficha se voc�s quiserem. Nunca roubei, nunca fiz mal a ningu�m, s� gosto de cheirar t�ner. Sou viciado mesmo”, alegou.


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