
Desde janeiro, 154 caixas de autoatendimento foram atacados com explosivos e outras ferramentas. O caso mais recente ocorreu na madrugada de ontem: em Prata, no Tri�ngulo, tr�s homens encapuzados renderam um funcion�rio da f�brica de l�pis Faber Castell em casa, o levaram para a empresa at� chegar a um caixa eletr�nico e em seguida explodiram o equipamento. Foi o sexto caso apenas este m�s. A pol�cia ainda n�o sabe se os ladr�es que agiram em Prata s�o de S�o Paulo, mas admite que muitos dos 30 criminosos presos este ano por ataques a caixas s�o paulistas. “� uma boa parte”, disse o delegado M�rcio Nabak, chefe do Departamento de Investiga��es de Crimes contra o Patrim�nio.
A a��o de criminosos de outros estados em cidades do interior de Minas preocupa tanto a pol�cia quanto o Minist�rio P�blico. Segundo o delegado M�rcio Nabak, j� h� contatos com a pol�cia paulista para tentar identificar ladr�es. “No Tri�ngulo, boa parte dos presos vem de fora, de S�o Paulo. J� estamos trocando informa��es com a pol�cia de l�”, informou. Para o coordenador da Promotoria de Combate ao Crime Organizado do MP de Minas, Andr� Est�v�o Ubaldino Pereira, o interior se tornou “alvo interessante” para quadrilhas. “A interioriza��o do servi�o banc�rio, com amplia��o do n�mero de caixas de autoatendimento, a falta de efetivo e a circunst�ncia de Minas ser um estado minerador podem facilitar esse tipo de situa��o”, avaliou o promotor. Por causa da minera��o, muitas empresas no estado precisam usar dinamite.
Um inspetor do Departamento de Opera��es Especiais (Deoesp) que participa da for�a-tarefa criada pelo estado v� semelhan�as entre a a��o dos grupos atuais com a do chamado “novo canga�o”, com uma vantagem para os que atacam caixas: o risco menor de rea��o violenta. “A diferen�a desses bandidos com o ‘novo canga�o’ � que o grupo de roubo a banco precisava de armas de grosso calibre, por causa do risco de resist�ncia, uma vez que assaltava durante o dia. Nos ataques aos caixas eletr�nicos, percebemos que o pico ocorre entre 3h e 5h, hor�rio em que o policiamento � bem menor e quase n�o h� testemunhas”, disse o policial, que aponta ainda “falha na vigil�ncia de mineradoras e pedreiras, o que permite que material explosivo circule por a�”.
Falta de cuidado Segundo a pol�cia mineira, investiga��es indicaram que parte da dinamite usada pelos bandidos no estado pertencia a empresas que compram explosivos legalmente. Uma das principais metas da for�a-tarefa ser� evitar que esse material circule com facilidade. A pol�cia garante que funcion�rios de mineradoras e pedreiras ser�o investigados para que se saiba se est�o envolvidos nos desvios.
O trabalho n�o ser� f�cil. Desde o in�cio da onda de ataques e explos�es a caixas eletr�nicos, a Pol�cia Civil acompanhou o Ex�rcito em duas fiscaliza��es, nos munic�pios de Contagem, na Grande BH, e em Nova Era, na Regi�o Central. As vistorias foram feitas no final de maio e no in�cio de junho, e ambas as mineradoras tiveram seus pai�is lacrados por falta de cuidado com o material explosivo. “Percebemos que falta interesse das empresas e cuidado e aten��o com o material explosivo que elas compram para uso no dia a dia”, disse o delegado M�rcio Nabak.
A Secretaria de Estado de Defesa Social informou ontem que, entre janeiro e maio, 61 ataques a caixas eletr�nicos foram consumados – ou seja, os ladr�es conseguiram levar o dinheiro. Nesse mesmo per�odo, em 2011, 45 a��es foram consumadas, o que representa um aumento de 35,5%. No primeiro trimestre deste ano, o n�mero de ataques registrou aumento de 115%, em compara��o com o mesmo per�odo de 2011, passando de 34 para 73 casos.
Dinamite abandonada
A Pol�cia Civil de Governador Valadares vai abrir inqu�rito para investigar a origem de 104 bananas de dinamite encontradas na quarta-feira em Mathias Lobato, no Vale do Rio Doce. Segundo a PM, o material foi encontrado por acaso em um matagal na zona rural da cidade, enquanto tr�s trabalhadores limpavam uma �rea em volta de uma cerca. Inicialmente, um dos funcion�rios se deparou com 29 objetos semelhantes a dinamites, segundo os militares que foram at� a Fazenda Correnteza, em Chonim de Baixo, distrito de Mathias Lobato. J� em Bom Jesus da Penha, no Sul de Minas, tr�s homens foram presos � tarde suspeitos de praticar o chamado golpe do sapatinho, quando os bandidos sequestram familiares de banc�rios para poder levar dinheiro de bancos. Eles sequestraram a fam�lia de uma gerente banc�ria em Concei��o da Aparecida, tamb�m na Regi�o Sul do estado, e fugiram levando dinheiro retirado da ag�ncia do Banco do Brasil da cidade. Os ref�ns foram liberados.
Palavra de especialista
Marcus Vin�cius da Cruz, Funda��o Jo�o Pinheiro
Novo crime exige novas respostas
“Vai levar algum tempo para a pol�cia dar uma resposta, porque precisa estar na rua para investigar e buscar o fio da meada de como esse crime se articula. Esta � uma modalidade nova. A pol�cia precisa criar expertise, descobrir se h� uma rota comum, uma sistematiza��o desses ataques. Precisa saber, por exemplo, se os caixas de determinado banco s�o mais escolhidos porque um tipo de explosivo colocado em lugar espec�fico naquela m�quina consegue pegar o dinheiro sem manchar as notas. De fato, os criminosos procuram cidades menores, onde o aparato de seguran�a � mais voltado para a viv�ncia tranquila. As minas e pedreiras, at� ent�o, tamb�m n�o precisavam se preocupar com seguran�a patrimonial, porque os dep�sitos j� estavam protegidos, longe do cotidiano de trabalho na mina. Se a situa��o mudou, as autoridades constitu�das, respons�veis pelo sistema, precisam dar nova orienta��o. E os bancos tamb�m devem avaliar a melhor forma de oferecer o servi�o, talvez com c�meras no caixa e no entorno.”
Um ano violento
154
foram os ataques a caixas eletr�nicos, incluindo com uso de dinamite, registrados este ano em Minas
61
� o total de ataques a caixas, at� maio, nos quais ladr�es levaram dinheiro – alta de 35% em rela��o a 2011
30
foram as pris�es em Minas este ano por ataques a caixas. Boa parte dos presos, diz a pol�cia, s�o de outros estados