
Moradores e comerciantes do Bairro Belvedere, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, amanheceram ontem aterrorizados com a viol�ncia que vitimou o empres�rio C�sar de Moura Gomes, de 49 anos, atingido por dois tiros na cabe�a no interior de sua loja, a Body Way Sport Wear, na noite de sexta-feira, durante uma tentativa de assalto. Para quem vive ou trabalha na regi�o, o ato de covardia contra o comerciante, baleado � queima-roupa quando estava sentado, comprova a inseguran�a na regi�o e a incapacidade da pol�cia de reprimir a criminalidade.
Na Avenida Luiz Paulo Franco, onde ocorreu o crime, ningu�m est� tranquilo. Carlos Henrique Carneiro Calixto, dono de uma padaria, diz que nunca foi assaltado, mas in�meras vezes acolheu pessoas desesperadas depois de terem sido atacadas. Ele conta que os casos mais frequentes s�o as saidinhas de banco. “J� tivemos casos de dar �gua para pessoas que tinham acabado de ser roubadas. A gente n�o v� pol�cia por aqui”, afirma o empres�rio.
Para a propriet�ria de uma lanchonete que fica a poucos metros da padaria, � necess�rio aumentar o n�mero de policiais circulando a p�. “Seria melhor para ficar mais perto das pessoas”, acredita Joyce Andrade. Gerente de um sal�o de beleza na mesma avenida, D�bora Souza diz que os crimes est�o aumentando. “A pol�cia � omissa. Eles v�m depois do acontecido, ficam pouco tempo e tudo volta ao normal”, critica.
Henrique Frizzera, funcion�rio de outro restaurante, acredita que a pol�cia deveria ser mais presente principalmente no hor�rio de fechamento das lojas e das ag�ncias banc�rias. “S� depois que acontecem os crimes � que eles refor�am o policiamento. Desse jeito n�o adianta”. Segundo Frizzera, as not�cias de assalto s�o comuns no entorno da Luiz Paulo Franco. “Trabalhamos sempre com medo. Quem fica no caixa, sofre mais ainda”, completa.
Fazendo coro �s reclama��es dos comerciantes, o presidente da Associa��o dos Moradores do Bairro Belvedere, Ricardo Michel Jeha, afirma que a situa��o � cr�tica. Ele calcula que somente este ano 70 resid�ncias na regi�o foram assaltadas ou invadidas por bandidos. E lista algumas das reivindica��es j� apresentadas ao comando da Pol�cia Militar para devolver a tranquilidade a quem mora na regi�o: “Queremos mais uma equipe da PM para patrulhar o bairro, pois s� temos uma. Pedimos tamb�m a realiza��o de blitzes com maior frequ�ncia e a divulga��o das estat�sticas de viol�ncia em poder da Pol�cia Militar, para podermos cobrar da Pol�cia Civil o andamento das investiga��es”. Jeha acrescentou que os moradores est�o dispostos a colaborar, lembrando que a associa��o pode fornecer aparelhos celulares para falar com os policiais, pedir aux�lio ou informar algo suspeito.
Ubirajara Pires Gl�ria, presidente da Associa��o Amigos do Bairro Belvedere, destaca que os repetidos casos de viol�ncia s�o resultado da falta de policiamento preventivo no bairro. “Os policiais s� prestam um bom servi�o depois que acontece algo. Se ocorre um crime, a pol�cia vem e faz o trabalho dela, mas n�o age de forma preventiva”, destaca o representante dos moradores de edif�cios.
Igor Campos de Oliveira Pires, diretor jur�dico da associa��o, destaca a ousadia dos assaltantes, que costumam usar motocicletas para cometer os crimes. “Muita gente faz caminhada ou pratica outro tipo de esporte por aqui. Os assaltantes se aproximam nas motos, mostram a arma e exigem rel�gio, t�nis, n�o importa o hor�rio. Sou corredor e estou assustado”, confessa.
RETRATO FALADO A Pol�cia Civil prometeu apresentar at� amanh� o retrato falado do homem que atirou contra o empres�rio e causou o clima de medo e revolta na regi�o. Ontem, a funcion�ria da loja Body Way Sport Wear que estava no local na hora do assalto foi ouvida mais uma vez. Mas como estava muito nervosa, n�o conseguiu descrever o assaltante e por isso vai ser feita uma tentativa de melhorar o desenho. A v�tima � irm� de um delegado da Pol�cia Federal, que n�o quis comentar o caso.
As investiga��es est�o sob a responsabilidade do Departamento de Opera��es Especiais (Deoesp), que conseguiu imagens de c�meras de seguran�a que mostram o atirador usando casaco e bon�, seguindo em dire��o � Lagoa Seca depois de balear o empres�rio. H� informa��o de que o assaltante fugiu em um �nibus que seguia para Raposos. De acordo com policiais, a descri��o f�sica do rapaz e as caracter�sticas da roupa que ele usava devem ser divulgadas nesta segunda, junto com o retrato falado.