As portas de a�o da loja baixadas e a palavra paz em vermelho demonstram o clima de inseguran�a na Avenida Lu�s Paulo Franco, no Bairro Belvedere, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Na manh� de ontem, 15 dias depois de o comerciante C�sar de Moura Gomes ter sido baleado durante um assalto em seu estabelecimento localizado na via mais movimentada do bairro, moradores, comerciantes e funcion�rios ainda se sentem expostos � viol�ncia.
O sentimento de vulnerabilidade � confirmado com os dados do levantamento elaborado pela Associa��o de Moradores do Bairro Belvedere (AMBB). De abril a julho deste ano foram registradas 101 ocorr�ncias, como assaltos a m�o armada, arrombamentos de ve�culos e at� sequestros. “Os problemas v�m ocorrendo h� algum tempo, mas a gente precisa trabalhar. N�o podemos fechar as portas”, afirma a propriet�ria da lanchonete �gua na boca, Nath�lia Andrade, de 29 anos. Depois do crime com C�sar, a comerciante teme diminui��o da clientela. “Os clientes perguntam se est� perigoso. Se continuar nessa onda de viol�ncia, n�o sei como ficar� futuramente”, diz.
A m�e de Nath�lia, Joyce Andrade, de 60, afirma que, desde o dia do assalto, ela e a filha ficam sob alerta o tempo todo, temendo que algo semelhante possa ocorrer. A mesma sensa��o de desprote��o � compartilhada pelo gerente da locadora Companhia do V�deo, Joaquim Ferreira, de 25, que escuta diariamente relatos de viol�ncia sofrida por seus clientes. “N�o tem um dia que a gente n�o fica sabendo de um sequestro rel�mpago, de algu�m que foi amea�ado ou not�cias de invas�o de resid�ncia.” Depois do assalto que vitimou C�sar de Moura, Joaquim percebeu que muitos clientes est�o evitando sair � noite, com medo da viol�ncia na rua.
O gerente da Padaria Monte Cristo, Luiz Alberto Silva Santos, percebeu a presen�a de viaturas no bairro logo depois do ocorrido. No entanto, segundo ele, o policiamento ainda n�o conseguiu dar tranquilidade � regi�o. “Aos domingos, a rua fica deserta. Quando n�o tem movimento, fechamos um pouco mais cedo. Quando veem qualquer movimento, os moradores ficam assustados.” Luiz Alberto tamb�m considera que � preciso presen�a maior dos policiais.
Um dos primeiros moradores do Belvedere, o aposentado Darcy Rabello, de 82, que vive no bairro h� 36 anos, sente saudades do tempo em que podia ficar conversando na rua com os vizinhos. “Hoje, n�o podemos fazer isso mais. Vim retirar dinheiro no banco, mas fico com certa preocupa��o”, diz. Para ele, � compreens�vel que a Pol�cia Militar alegue que tenha que cuidar da seguran�a de todos os bairros da cidade, mas, em sua avalia��o, � necess�rio um pouco mais de aten��o � regi�o. “Se colocassem c�meras de TV, a medida ajudaria bastante. A ado��o dessa medida j� foi discutida, mas n�o saiu do papel”, lembrou.
V�TIMAS A terapeuta ocupacional Vanusa Melo e o engenheiro Valter Cunha tiveram a casa arrombada h� um ano. “O clima � de inseguran�a e medo”, pontua Valter. Segundo ele, � constante amigos relatarem que foram v�timas de sequestro rel�mpado ou que foram roubados. Diante da imin�ncia de um assalto, Vanusa lembra que � preciso ter pelo menos uma alian�a para dar aos assaltantes caso seja abordada. “Felizmente, nunca fui assaltada com armas, mas n�o me sinto segura”, diz.
Depois do assalto h� 15 dias, a associa��o dos moradores se reuniu com a Secretaria de Estado de Seguran�a P�blica e com o Comando de Policiamento da Capital. No encontro, ficou acordada a melhoria da vigil�ncia na regi�o. Segundo o presidente da associa��o, Ricardo Jeha, uma patrulha ir� circular 24 horas por dia pelo bairro. No hor�rio das 11h �s 19h, quando tem maior n�mero de ocorr�ncia, haver� uma motocicleta da PM refor�ando a seguran�a.
A PM tamb�m far� as opera��es Impacto, com blitzes policiais nas entradas do bairro e nos pontos de �nibus pr�ximo ao BH Shopping, e Visibilidade, com a presen�a de policiamento em cinco pontos do bairro seis vezes ao longo do dia. “Faremos reuni�es mensais com o comandante do batalh�o de pol�cia respons�vel pela regi�o para avaliar se as medidas est�o sendo efetivas”, disse Ricardo. C�sar de Moura continua internado em estado grave na UTI do Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII.