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Estado de Minas

Fam�lias est�o cercadas pelo medo na Zona Sul de BH

Zona Sul n�o sabe mais como se proteger da onda de viol�ncia que teve como �ltimo alvo a atriz Cec�lia Bizzotto, morta no domingo. Suspeita � de a��o de quadrilha. V�tima do s�timo roubo com ref�ns na regi�o em pouco mais de dois meses, Ci�a foi sepultada ontem diante do desespero e da revolta de parentes, como o filho de 12 anos


postado em 09/10/2012 06:00 / atualizado em 09/10/2012 06:41

Dor que atravessa gerações - Filho de Ciça, Arthur, que precisou vir às pressas da Europa para o sepultamento, é amparado por parentes, como o avô Jefferson(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Dor que atravessa gera��es - Filho de Ci�a, Arthur, que precisou vir �s pressas da Europa para o sepultamento, � amparado por parentes, como o av� Jefferson (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS)
 


Muros altos, cercas eletrificadas, grades, c�es ferozes, c�meras, alarmes, trancas e todo tipo de aparato para tentar se proteger de ataques de ladr�es. Esse � o retrato de comunidades que dormem e acordam com medo em bairros da mais nobre regi�o de Belo Horizonte, como Santa L�cia, S�o Bento, Belvedere e Mangabeiras. Nesses lugares, todos na Regional Centro-Sul de BH, o sonho de tranquilidade e o sossego de morar em uma casa deram lugar � inseguran�a frente � onda de viol�ncia que assombra moradores e que teve como mais recente alvo a atriz Cec�lia Bizzotto, assassinada no domingo com um tiro no peito, depois de ter a resid�ncia invadida por criminosos no Santa L�cia. Sepultada em clima de revolta e como��o, ela foi v�tima do s�timo caso envolvendo assalto com ref�ns em pouco mais de dois meses. A ofensiva dos criminosos desafia as pol�cias Militar e Civil, j� que na maior parte dos casos as apura��es n�o conduziram aos culpados, e assusta a popula��o, diante da suspeita de a��o de uma quadrilha. No caso do �ltimo fim de semana, os investigadores j� t�m pelo menos fotografias dos suspeitos, reconhecidos por parentes da atriz.

“Na madrugada de domingo, quando aconteceu o crime, minha filha chegou em casa � 0h30, pouco tempo antes de tudo. Fico at� arrepiada de pensar”, afirma a psic�loga M�rcia Maria de Castro, de 50 anos, moradora de uma casa vizinha � invadida pelos bandidos que mataram a atriz, apelidada de Ci�a, na Rua Saturno. Ela exibe os v�rios cadeados que mant�m na porta e nos dois port�es de garagem, como forma de tentar aumentar a seguran�a, j� que o im�vel foi invadido no in�cio do ano. “Estava com minha fam�lia na fazenda e a porta foi arrombada. Levaram eletr�nicos, roupas e bebidas, bagun�ando tudo”, diz ela, anunciando que pretende organizar uma reuni�o com vizinhos para propor alguma solu��o para a sensa��o de medo na rua.

“Aqui h� um matagal enorme e pouca luz, o que facilita o esconderijo dos criminosos. Agora tamb�m pretendo comprar um cachorro grande. Quando minha casa foi assaltada, n�s est�vamos fora. Bem pior que isso � o fato de algu�m estar em casa e conviver com o medo de um ladr�o entrar armado. Por isso vivemos sempre trancados”, completa M�rcia. Outra moradora da rua, que prefere n�o se identificar, diz que nunca teve problemas, mas admite que vive com medo. “Nossa rua est� completamente isolada e n�o vemos a pol�cia por aqui.”

A ju�za criminalista Luziene Lima, de 58, � moradora do Bairro S�o Bento desde 2006 e diz que sua casa j� foi alvo de ladr�es v�rias vezes, mas em nenhuma houve contato com a fam�lia. “Chaves e sistema de seguran�a n�o resolvem. Temos o costume de sempre observar ao redor antes de entrar em casa e s� estacionamos de r�. � uma chance de sair mais r�pido, caso alguma coisa nos assuste nas redondezas”, diz a magistrada. Entre as estrat�gias desenvolvidas pela fam�lia para se proteger est� o cuidado de nunca deixar a casa vazia e o de avisar previamente a quem est� na resid�ncia sobre a chegada de outras pessoas.

“Hoje eu n�o tenho objetos de tanto valor, como joias e dinheiro, guardados em casa. Mas como vou explicar isso para um assaltante sob efeito de drogas? Tenho medo de tomar um tiro por n�o ter o que eles procuram. A PM n�o tem efetivo para patrulhar todas as �reas. O mais certo � um investimento pesado em educa��o para resgatar as pessoas que vivem nas comunidades e entram para o crime”, diz a ju�za. A aposentada �urea Teixeira, de 65, tamb�m moradora do S�o Bento, acha que a popula��o pode ajudar a mudar esse quadro. “Temos que ficar atento com port�es, olhar ao redor e n�o abrir a porta sem ter a certeza de quem seja”, diz.

O presidente da Uni�o das Associa��es de Bairros da Zona Sul e da Associa��o dos Moradores do Bairro Mangabeiras, Marcelo Marinho, afirma que os assaltos t�m sido comuns na regi�o e que para combater esse cen�rios a a��o dos moradores � important�ssima. “Precisamos conhecer nossos vizinhos, ter o telefone, saber quando est�o viajando e prestar aten��o �s atitudes que forem suspeitas em toda a regi�o”, aconselha. Ele afirma que a Pol�cia Militar n�o tem condi��es de estar em todos os lugares e critica as condi��es em que trabalha a Pol�cia Civil. “Se nossa pol�cia t�cnica tivesse melhor estrutura, muitos bandidos j� teriam sido presos, mas hoje at� para colher impress�o digital eles t�m dificuldade”, completa.

O fato � que as precau��es n�o foram suficientes para a fam�lia de Cec�lia, que ontem se despediu de sua Ci�a, professora de teatro no programa Valores de Minas, voltado para jovens em situa��o de risco social. No �ltimo adeus, no Cemit�rio do Bonfim, no bairro de mesmo nome da Regi�o Noroeste de BH, um dos mais abalados era o filho da atriz, Arthur, de 12 anos, que veio da Fran�a, onde mora com o pai, para o sepultamento. O menino foi consolado por parentes, como o av� Jefferson, e ouviu o desabafo revoltado da av�, Cl�udia Bizzotto, que expressou sua indigna��o diante do corpo da filha.

 

primeiros levantamentos - Investigador trabalha na casa invadida, na Rua Saturno, onde vizinhos se queixam da falta de policiamento e da vulnerabilida(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
primeiros levantamentos - Investigador trabalha na casa invadida, na Rua Saturno, onde vizinhos se queixam da falta de policiamento e da vulnerabilida (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)


Onda de ataques

 

17/7   -  Quatro bandidos armados invadiram a casa de um engenheiro no Bairro Mangabeiras e dominaram os moradores. O filho do dono do im�vel conseguiu fugir e chamou a PM. Os quatro assaltantes, um deles menor, foram presos.

23/7  -   Homens armados assaltaram resid�ncia na Rua Professor Carlos Pereira da Silva, no Bairro Belvedere. Os suspeitos trancaram as v�timas em um quarto e levaram joias, telefones celulares, televisores e computadores.

15/9  -  Dois homens armados fizeram um arrast�o em pr�dio na Rua Rio Verde, no Bairro Anchieta. Eles invadiram o pr�dio de tr�s andares e trancaram seis moradores em um dos quartos. Os criminosos fugiram com dinheiro e objetos de valor.

26/9  - Casa na Rua Jos� Batista Ribeiro, no S�o Bento, foi invadida por quatro homens armados. Os criminosos dominaram a dona da casa e o filho dela e roubaram dinheiro e joias. A pol�cia chegou pouco depois e conseguiu prender um dos ladr�es.
 
3/10  -  Dois homens armados renderam um jardineiro que trabalhava na parte externa de uma casa, no Bairro S�o Bento. Eles dominaram cinco pessoas e levaram joias, dinheiro, armas antigas e um aparelho de TV de 47 polegadas.

5/10  - 
Tr�s homens armados invadiram casa no Condom�nio Alphaville, em Nova Lima, renderam moradores, roubaram o que puderam e levaram uma moradora de 58 anos depois do assalto. A v�tima foi libertada pouco depois, em outra regi�o da cidade.

7/10  -  Tr�s homens dominam a atriz Cec�lia Bizzotto Pinto, o irm�o dela, Marcelo Bizzotto Pinto, e a namorada dele, Alexandra Silva Montes, quando as v�timas chegam em casa, no Bairro Santa Lucia. Os criminosos invadem o im�vel e come�am a procurar objetos de valor. Um deles, ao surpreender Cec�lia ligando para a pol�cia, atira duas vezes contra ela. A v�tima morre no local e os ladr�es fogem levando tr�s celulares.

7/10  -
  Dois homens invadiram casa no Bairro Belvedere, fugindo com joias, dinheiro e aparelhos eletr�nicos. No assalto, os criminosos dominaram um empregado, a dona da casa e suas duas filhas

 


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