
N�o foi preciso retirar totalmente o bolo de chocolate e a batata frita do card�pio. Os novos h�bitos exigiam alimenta��o regrada e atividades f�sicas. O come�o foi dif�cil, claro, mas Thiago Silva Faria, de 13 anos, percebeu que exagerava na quantidade mesmo quando estava satisfeito. Ele j� havia procurado aulas de esportes, mas n�o levava a s�rio a necessidade de reduzir parte dos 79,9 quilos. O colesterol alto no in�cio do ano assustou e ele decidiu procurar ajuda. Com muita for�a de vontade passou a cumprir as orienta��es e mostrou que � poss�vel perder peso.
Foram cinco meses at� subir na balan�a e comemorar os 16 quilos perdidos. H� dois meses, ele mant�m sozinho a dieta e os exerc�cios di�rios de spinning e muscula��o. Hoje, Dia Mundial de Combate � Obesidade, especialistas alertam que o problema, tanto em crian�as quanto em adultos, est� virando uma epidemia no Brasil. De acordo com dados do IBGE, em pesquisa feita em 2008 e 2009, entre jovens de 10 a 19 anos, 21,7% est�o com peso acima do ideal para meninos e 19% para meninas. O in�cio da inf�ncia � preocupante: 33,5% das crian�as entre 5 e 9 anos est�o acima do peso. Em n�meros absolutos, s�o 5,7 milh�es de crian�as entre 5 e 9 anos e 6,8 milh�es de adolescentes entre 10 e 19 anos com sobrepeso ou obesidade no pa�s.
“Eu sabia que precisava emagrecer, ficava preocupado quando sa�a do m�dico e conversava com minha m�e sobre o que precisava mudar, mas brigava com ela para comer um peda�o de bolo depois. Tinha pregui�a de fazer esporte e preferia dormir”, conta. “At� que percebi que a gente come com os olhos e que dava para controlar, sem deixar de comer o que eu gosto. Emagrecer n�o exige sofrimento, s� determina��o. Voc� n�o tem que fazer pelos outros, mas para seu pr�prio bem. Aprendi a regrar a quantidade e hoje estou satisfeito, com mais qualidade de vida.”
EM CASA
A m�e, Carm�lia Barbosa Silva da Gama, de 40, diz que Thiago sempre foi gordinho. A empres�ria lembra que cortava doces, refrigerantes e fritura ao longo da semana, mas, com ela trabalhando fora, ele dava um jeito. Matriculado em esportes, ele dizia que ia. Mas s� dizia. “Thiago usava o dinheiro da mesada e do lanche da escola para comprar besteira. Encontrei algumas vezes biscoito recheado escondido no arm�rio ou debaixo da cama. Eu me preocupava, levei a m�dicos e coloquei na nata��o e depois no v�lei. Mas ele dizia que ia e acabava faltando, por pregui�a”, conta. “Precisou ele criar consci�ncia disso.”
Thiago diz que nunca sofreu press�o dos amigos da escola, mas a m�e revelou que uma professora de educa��o f�sica, no in�cio do ano, falou o peso dele em voz alta, na frente dos colegas. “Ele ficou muito bravo. Acho que pode ter partido da�.” O menino pediu ao pai que o levasse a uma reuni�o de um grupo de emagrecimento e agora sente-se bem.
E � com a ajuda da fam�lia, primeiramente, que crian�as e jovens precisam contar. Para a endocrinologista e metabologista Roberta dos Santos Rocha, coordenadora do Ambulat�rio de Obesidade Infantil da Santa Casa de Belo Horizonte, o que mais dificulta o tratamento e combate ao excesso de peso � a conscientiza��o da fam�lia. “Uma crian�a � obesa porque a fam�lia toda tem h�bitos inadequados, � um reflexo da casa. �s vezes ela n�o procura ajuda porque os pais n�o tomaram consci�ncia do problema”, afirmou Roberta. E, segundo ela, n�o h� diferen�a de classe social ou econ�mica: “Tanto no SUS quanto no consult�rio particular n�o h� diferen�a. A obesidade infantil se tornou uma epidemia mundial, um problema de sa�de p�blica. Os n�meros s�o alarmantes”.
Para conseguir que o ponteiro da balan�a des�a, a primeira dica da especialista � mudar os h�bitos da casa e procurar ajuda para isso. “N�o adianta cobrar da crian�a se a compra � inadequada, se ningu�m da casa faz atividade f�sica, se compra muitas guloseimas”, afirmou. E que eles iniciem a partir do nascimento. “T�m crian�as com menos de 1 ano viciadas em refrigerante, com peso igual ao dos 4 anos. Ela vai crescer achando que aquele consumo � normal”, contou a m�dica. Roberta ainda alerta que n�o adianta achar que o excesso de peso infantil � um problema hormonal. “Menos de 1% dos casos se deve a um problema gen�tico ou hormonal. Pode acontecer, mas a maioria se deve ao consumo de alimentos cal�ricos e sedentarismo.”
FIQUE ATENTO
A endocrinologista e metabologista Roberta dos Santos Rocha d� algumas dicas para os pais ajudarem os filhos a mudar h�bitos e emagrecer
– Observe se a crian�a est� ganhando peso rapidamente. Se isso acontecer, procure um endocrinologista para fazer uma avalia��o f�sica e calcular o �ndice de massa corp�rea
– A mudan�a do h�bito alimentar come�a no supermercado
– Evite comprar refrigerante, que � o grande vil�o da alimenta��o
– N�o estoque em casa biscoitos recheados, guloseimas, balas, doces, chocolates
– N�o � preciso ser radical. Permita essas guloseimas no fim de semana, mas que seja exce��o e n�o h�bito
– Pratique atividade f�sica aer�bica pelo menos tr�s vezes por semana. Com o tempo, a crian�a vai tomar gosto
– Procure uma atividade que seja feita em grupo. A intera��o com outras crian�as incentiva a pr�tica
– Incentive h�bitos alimentares saud�veis desde o nascimento
– A escola � uma extens�o da casa, por isso se esforce para preparar o lanche do seu filho. Priorize frutas, sandu�che natural, barrinha de cereal e suco natural. Assim ele evita comprar alimentos cal�ricos na cantina
PALAVRA DE ESPECIALISTA: ANA CAROLINA C. ANGRISANO, NUTRICIONISTA ESPORTIVA
“Paci�ncia, persist�ncia e criatividade”
“A obesidade infantil � uma doen�a que tem afetado negativamente a vida de v�rias crian�as. O crescente sedentarismo e h�bitos alimentares pouco saud�veis podem causar, al�m do aumento de peso, s�rias patologias, como press�o alta, altera��es nos n�veis de colesterol, triglic�rides e glicemia. O tratamento para o sobrepeso e para a obesidade infantil consiste principalmente em um controle alimentar feito de forma personalizada e exerc�cios f�sicos adequados para a faixa et�ria e interesses de cada crian�a. Os pais s�o respons�veis por gui�-las por um caminho mais saud�vel e ativo. Para proporcionar uma boa alimenta��o � muito importante ter paci�ncia, persist�ncia e criatividade. A crian�a precisa aprender a import�ncia de se alimentar corretamente e os pais devem sempre ressaltar a import�ncia de comer de forma equilibrada para crescer, manter a sa�de, contribuir para o desenvolvimento e evolu��o como um todo. Estimular a alimenta��o saud�vel com pratos bonitos, variados e coloridos � uma forma l�dica de estimular a crian�a a melhorar sua alimenta��o e ainda fazer controle do peso.”
FESTA DO DIA DA CRIAN�A
Pela quinta vez consecutiva, a TV Alterosa e o Servi�o Social do Com�rcio (Sesc-MG) se unem para oferecer uma grande festa no Dia das Crian�as. Amanh�, a Pra�a da Esta��o, no Centro de Belo Horizonte, ser� transformada num imenso playground, com divers�o garantida para a crian�ada. Entre as atra��es da programa��o, das 10h �s 15h, malabaristas, foto est�dio jornal Aqui, miniest�dio TV Alterosa, espa�o Guri, presen�a de artistas e m�sicos, pula-pula, cama el�stica, water ball, zona game (com consoles XBox 360) e bungee jump. A bancada democr�tica do Alterosa Esporte estar� presente e vai participar das brincadeiras com o p�blico. O Jornal da Alterosa 1ª Edi��o ser� transmitido do local, com apresenta��o de mat�rias especiais. O evento � gratuito e s�o esperadas cerca de 15 mil pessoas.