
O calor que sufoca Belo Horizonte nos �ltimos dias deu uma tr�gua no fim da tarde dessa segunda-feira, devido � chuva passageira que pegou muita gente de surpresa. A Regi�o da Pampulha foi a mais atingida da capital, e a volta para casa para quem dependia da Avenida Ant�nio Carlos foi tumultuada. O tr�nsito ficou lento na via e em outros importantes corredores da capital.
“Depois do calor da madrugada, n�o imaginei que iria chover assim no fim da tarde. N�o trouxe sombrinha e me molhei, mas estou feliz com a tr�gua do calor”, disse a confeiteira Maria Quit�ria Silva, de 45 anos. O pintor Valdercir Geraldo, de 48, teve de improvisar. “Faltam abrigos na pista de �nibus e o jeito foi recorrer a um peda�o de pl�stico. Amanh� vou trazer um guarda-chuva”.
Antes da chuva, o calor castigou a popula��o nas ruas da cidade. �s 15h, os term�metros marcaram 35,2 graus, menos que os 36,3 registrados no domingo, dia mais quente do ano e o segundo desde 1912 na capital. Novos recordes podem ser batidos at� amanh�, quando h� chance de a temperatura chegar a 38 graus. Especialistas recomendam precau��es que ajudam a preservar a sa�de, mas quem trabalha sob sol constante sofre mais para manter o vigor.
O homem-placa Diego Carvalho, de 25 anos, dispensa as sombras de �rvores e postes na Pra�a Sete, no Centro. Ele prefere ficar � beira da faixa de pedestres, onde oferece seus servi�os antes dos concorrentes. “Foto! Foto na hora”, anuncia. �s vezes, por�m, a ambi��o custa caro. Diego usa protetor solar e tem sempre na m�o uma garrafinha com �gua, mas a radia��o solar quase ininterrupta provoca mal-estar. “�s vezes, fico um pouco tonto, tipo uma queda de press�o. A�, corro para a sombra, descanso uns 10 minutinhos, espero melhorar. De uma semana pra c�, o calor aumentou muito”, constata. Ele termina o dia mais cansado que o normal e, � noite, ainda demora para pegar no sono.
Os garis tamb�m sofrem. Mauro de Freitas, de 43 anos, varria um dos canteiros centrais da Avenida Afonso Pena, ontem � tarde. “De vez em quando, d� uma dorzinha de cabe�a. A�, n�s para (sic) um pouco, toma uma �gua. Um bocado de colega meu j� teve tontura com esse sol rachando”, diz. Como n�o carrega uma garrafa com �gua, o jeito � pedir em lojas e lanchonetes.
O l�quido � o que n�o falta ao auxiliar de servi�os gerais F�bio Toledo, que rega as plantas em pra�as da capital. Vez por outra, ele se refresca molhando o rosto e a nuca. Mesmo assim, est� dif�cil trabalhar. “At� parece que a mangueira tem mais peso”, diz o rapaz de 25 anos. Pelo menos, F�bio conta com a sombra generosa de alguma �rvore.
Sem ter para onde correr
E quem trabalha no meio do asfalto quase sem ter para onde correr? � o caso dos oper�rios das obras do transporte r�pido por �nibus (BRT, na sigla em ingl�s), na Avenida Cristiano Machado. “Al�m do calor, nossa roupa � pesada. De vez em quando, d� uma lombeira, baixa a press�o. Outro dia, a vista escureceu, me segurei pra n�o cair”, conta o encarregado de arma��o Jos� Ribeiro, de 58. O jeito � se resignar: “T� complicado, mas fazer o qu�? Tem que levar o p�o de cada dia para casa”. Na mesma obra, o carpinteiro H�lio de Souza, de 46, usa suas habilidades para tornar a lida menos penosa. Ele improvisa e ergue uma pequena cabana para si mesmo. “O sol cansa muito, d� dor de cabe�a. O pessoal fica devagar, reduz a atividade”, diz H�lio.
Quem ganha a vida andando de um lado para o outro tamb�m sente bastante o aumento de temperatura. “Com esse calor, fico muito cansado. Preciso dar uma paradinha de uns minutinhos, respirar fundo”, afirma Geraldo dos Santos, de 51, que vende picol� em um isopor pendente do ombro. Por�m, como era de se esperar, os lucros dele aumentaram. “Geralmente, vendo de 100 a 120 picol�s. Ontem (domingo), foram 150”, comemora. O dinheiro ajuda Geraldo a manter o �nimo: “Andar � bom para a sa�de, estou fazendo exerc�cio f�sico. Minhas pernas ainda est�o boas”.
Temperatura cai sexta-feira
A umidade relativa do ar aumentou ontem, subindo de 19% no domingo para 26%, mas ainda est� em n�vel alarmante. A tend�ncia de melhora deve se manter pelos pr�ximos dias, segundo o meteorologista Ruibran dos Rei, diretor regional do Instituto Climatempo. At� quinta-feira, nos fins de tarde haver� pancadas isoladas na regi�o metropolitana, na Zona da Mata, nos Campos das Vertentes e no Sul do estado. A partir de sexta-feira, as temperaturas tendem a cair. Uma frente fria chegar� ao litoral do Sudeste e, durante o feriado, intensifica as precipita��es em quase todo o estado. Mas o per�odo chuvoso, que geralmente come�a na primeira semana de outubro, deve ter in�cio s� na segunda quinzena de novembro.
CUIDE-SE
Para evitar a desidrata��o � importante ingerir mais l�quidos do que o normal. Em dias de temperatura amena, um adulto de peso m�dio (70kg) deve beber de 2 a 2,5 litros ao dia. J� em dias mais quentes do que a m�dia, o ideal � elevar a quantidade para 3 ou 4 litros.
Evitar ficar muito tempo exposto ao sol, especialmente nos hor�rios mais quentes, entre as 10h e as 16h. Usar protetor solar, �culos escuros e coberturas para a cabe�a, como chap�us e bon�s.
Roupas escuras absorvem mais calor, por isso s�o recomendadas roupas claras e leves. Para evitar a exposi��o excessiva � radia��o solar, a vestimenta deve cobrir quase todo o corpo, sobretudo no caso de pessoas de pele clara.
Comer alimentos leves.
A umidade do ar tem atingido n�veis alarmantes em BH. � importante combater a secura
com aparelho umidificador, principalmente � noite, no quarto em que for dormir. H� outras dicas, embora menos eficazes, como dependurar toalhas molhadas e p�r bacias com �gua.
Fontes: Moacir Andrade Gon�alves e Oswaldo Fortini Levindo Coelho, vice-presidente e tesoureiro, respectivamente, da Sociedade Brasileira de Cl�nica M�dica, Regional Minas Gerais.
