
A realidade escondida por tr�s desses n�meros – que mant�m a arrecada��o de multas em alta – � a prec�ria fiscaliza��o de regras de circula��o, como convers�es proibidas, fechamento de cruzamentos e paradas em fila dupla. E sua consequ�ncia imediata: um tr�nsito ca�tico. Para especialistas, o predom�nio da fiscaliza��o eletr�nica em BH reflete uma dificuldade clara no tr�fego da capital: criar mecanismos que inibam motoristas mal-intencionados, que agem se aproveitando de brechas nas ruas e avenidas da cidade. “O radar normalmente n�o pune o condutor que sabe onde o aparelho est�, a n�o ser por um descuido. Esse motorista respeita os limites naqueles locais, mas sabe que n�o vai ser pego por cometer outros tipos de deslizes”, avalia o mestre em engenharia de transportes pelo Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro (IME) Paulo Rog�rio Monteiro.
Segundo ele, essa situa��o � gerada pela falta de pessoal que d� conta de infra��es que a vigil�ncia eletr�nica n�o fiscaliza, e tamb�m pela mistura de �rg�os envolvidos na gest�o do tr�fego em Belo Horizonte. “O que temos � a jun��o de atribui��es civis e militares no controle do tr�nsito. O problema � que cada um tem uma fun��o, e isso atrapalha o sistema”, acrescenta o especialista.
Atualmente, a capital conta com militares do Batalh�o de Pol�cia de Tr�nsito (BPTran) e da Guarda Municipal com bloco e caneta nas m�os. S�o 456 agentes da PM, mas eles devem fiscalizar tamb�m o transporte clandestino, montar opera��es da Lei Seca, conferir emiss�o de poluentes, entre outras atribui��es. No fim das contas, sobram 162 policiais exclusivamente para o tr�nsito. Da Guarda Municipal s�o 258 pessoas. Ainda atuam nas ruas 413 agentes da BHTrans, que desde 2009 est�o impedidos pela Justi�a de multar.
N�o � dif�cil conferir nas ruas o resultado dessa equa��o. Na �ltima sexta-feira, a equipe do Estado de Minas flagrou infra��es diversas: motoristas falando ao celular, sem cinto de seguran�a, fazendo convers�es proibidas, entrando pela contram�o para ganhar tempo, entre outros excessos. Tudo longe dos olhos eletr�nicos e mais distante ainda da vis�o dos fiscais.
Bloco do apito
Apesar dos abusos, dados da PM mostram que vem aumentando o n�mero de autua��es feitas por militares. Em 2010, foram quase 180 mil, enquanto em 2011 esse n�mero saltou para cerca de 197 mil. De janeiro a setembro deste ano, o total passou de 210 mil. J� as multas anotadas por guardas municipais v�m caindo. Enquanto no ano passado a m�dia mensal fechou em 11,9 mil autua��es, em 2012, at� setembro, a m�dia caiu para 10,7 mil por m�s. Para o gerente de Atividades Especiais da Guarda, major Ailton de P�dua Vieira, essa queda � explicada pelas obras na cidade. “As interven��es nos obrigam a colocar os guardas para dar prioridade � fluidez do tr�fego, com menos oportunidade de fiscalizar os infratores”, argumenta.
O tenente-coronel Roberto Lemos, comandante do BPTran, diz ser imposs�vel ter uma atua��o melhor que os radares e repete que os agentes da PM n�o conseguem estar em toda a cidade. “O radar sempre vai multar mais, porque fica 24 horas por dia naquele ponto. Nossa atua��o d� prioridade aos pontos mais cr�ticos, como a �rea central e corredores. Temos usado at� agentes do setor administrativo para tentar diminuir os abusos.”
Apesar de apenas tr�s tipos de irregularidades dominarem o ranking das infra��es e todas elas serem flagrados pelos radares, o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, sustenta que essas tr�s irregularidades s�o tratadas como prioridade dentro da estrat�gia da empresa municipal. “Conter o excesso de velocidade e o avan�o de sem�foro � crucial para evitar acidentes e salvar vidas. H� estudos que comprovam que a redu��o da velocidade � decisiva, por exemplo, para diminuir a severidade dos ferimentos em atropelamentos. E fiscalizar o avan�o de faixa de �nibus � important�ssimo dentro da pol�tica de favorecimento do transporte p�blico.”