Uma temporada de chuvas j� passou, outra est� come�ando, e o t�nel do Ponteio, na BR-356, altura do Bairro Belvedere, ainda n�o ser� reaberto ao tr�fego de ve�culos. Desde 15 de dezembro, quando o barranco acima da trincheira ficou encharcado e desabou soterrando a passagem subterr�nea, at� hoje s�o nada menos do que 47 semanas. Quase um ano depois da interdi��o, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) mal consegue definir uma data para reabertura do retorno, obrigando motoristas a percorrer mais 1,5 quil�metro at� o trevo do BH Shopping para voltar para a Avenida Nossa Senhora do Carmo ou Belvedere.
Pode parecer uma dist�ncia pequena, mas nesse complexo vi�rio os ve�culos precisam disputar espa�os, muitos vezes congestionados, com o tr�fego de Nova Lima, da Avenida Raja Gab�glia, dos bairros S�o Bento, Santa L�cia e Belvedere. Foram dois adiamentos at� agora e o Dnit marcou mais uma data para a reabertura do t�nel, dessa vez com a chuva sobre m�quinas, oper�rios e os pedestres que passam por ali sobre uma passarela de madeira e arma��o de ferro improvisada no meio ao canteiro de obras.
Em agosto, o superintendente regional do �rg�o em Minas Gerais, Jos� Maria da Cunha, disse que as obras estariam prontas e o t�nel aberto at� outubro. Prazo n�o cumprido, a assessoria de imprensa da autarquia federal marcou nova data, depois de amanh�, dia 10. Contudo, mais uma vez o �rg�o admitiu, ontem, n�o ter como honrar mais esse prazo e estipula, agora para o dia 16, a data em que os motoristas finalmente poder�o usar o retorno. E o caminho � muito importante. Ontem, por volta das 18h, os administradores de rastreadores computavam 2,2 quil�metros de congestionamento entre o Belvedere e o trevo do Shopping.
O problema n�o se restringe aos atrasos para quem precisa fazer o retorno no t�nel. Na opini�o do engenheiro civil e consultor de transporte e tr�nsito, Silvestre Andrade, a inje��o de tr�fego no trevo do BH Shopping tem repercuss�es negativas em outras �reas da cidade. “Aquele retorno foi constru�do para funcionar como uma barreira para aliviar a interse��o da Avenida Raja Gab�glia com a rodovia (BR-356 e MG-030), um trecho saturado, com congestionamentos constantes”, conta. Sem essa barreira, a press�o aumentou sobre o trecho e mais congestionamentos ocorreram. “Em lugar que j� est� cheio, uma gota d’�gua transborda”, compara.
A an�lise do especialista, a lentid�o do Dnit em licitar a obra foi excessiva. “A quest�o burocr�tica demorou muito. Entre ocorrer o problema e come�ar a resolver, demorou um tempo muito extenso. Passou-se a seca inteira sem os trabalhos. Agora, com as chuvas, chegou o per�odo dif�cil”, avalia.
PERDA DE TEMPO E DE DINHEIRO
No t�nel os sinais s�o de que a obra n�o teria mesmo condi��es de ser finalizada at� s�bado: arrimos de madeira e metal escoram as paredes. Pelo ch�o, h� muitas t�buas empilhadas e outros materiais espalhados. Uma grande po�a d’�gua se acumulou no meio do caminho. Infiltra��es se alargam pelas paredes e fazem gotas pingarem do teto. O local � dividido pelos oper�rios e por pessoas que usam a passagem subterr�nea para atravessar a BR-356. Na tarde de ontem, pedestres se arriscavam a caminhar por um estreito espa�o entre duas m�quinas. “Quando precisa, eles (oper�rios) param a obra para a gente passar”, diz Laodic�ia de C�ssia Guedes, de 43 anos, vendedora de uma loja no Ponteio Lar Shopping.
Se o t�nel j� estivesse desobstru�do, a professora universit�ria Alessandra Garcia, de 39, o utilizaria de segunda a sexta-feira, dias em que leva o filho para aulas de nata��o no Ponteio. Por enquanto, para fazer o retorno na BR-356, ela precisa dirigir 1,5 quil�metro a mais at� o trevo do BH Shopping. “L� (no trevo), �s vezes o tr�nsito est� muito tumultuado, � horr�vel. Com o t�nel, eu economizaria pelo menos 20 minutos. Para quem tem o tempo corrido, � muita coisa”, constata. Ela n�o entende por que as obras demoram tanto. “Isso a� est� uma novela. A gente fica na expectativa de quando vai ficar pronto, mas a chuva vem a�. � capaz de atrasar ainda mais”, protesta.
Rubens Soares, de 48, tamb�m estranha os sucessivos atrasos. “Impressionante como uma obra como essa, que nem � t�o grande, demora tanto”, reclama ele, que � motorista de uma empresa na Savassi e precisa dirigir pela BR-356 diariamente. Ele diz que pouparia meia hora, no m�nimo, se pudesse usar o t�nel para fazer o retorno. “Em hor�rio de pico, chego a demorar mais de uma hora para ir at� l� (no trevo do BH Shopping) e voltar aqui (ao t�nel). S�o tempo e combust�vel gastos � toa. Esse ‘atalho’ faz muita falta. O tr�nsito de BH � complicado demais”, avalia.