(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Advogado que fez v�deo do Arrudas conta detalhes sobre inunda��o durante a chuva

Imagens feitas por advogado mostram momento em que barreira de �gua avan�ou em sentido contr�rio ao da correnteza do ribeir�o, invadindo ruas e amea�ando provocar outra trag�dia


postado em 18/11/2012 07:25 / atualizado em 18/11/2012 08:11

Ainda ontem moradores e comerciantes lutavam para limpar a sujeira que ficou nas ruas depois que a água baixou(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Ainda ontem moradores e comerciantes lutavam para limpar a sujeira que ficou nas ruas depois que a �gua baixou (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
O drama de motoristas encurralados na Avenida Tereza Cristina durante a tempestade da �ltima quinta-feira, entre a inunda��o do C�rrego Ferrugem, de Contagem, na Grande BH, e uma onda com cerca de tr�s metros formada pelo refluxo das �guas do Ribeir�o Arrudas, j� em Belo Horizonte, correram a internet e impressionaram pelo risco e pela for�a da correnteza. O registro feito pela c�mera do telefone celular do advogado Guilherme Chiodi mostra, al�m do desespero das pessoas fugindo da inunda��o, uma cena recorrente no local, e que h� quase quatro anos resultou na morte de tr�s pessoas, afogadas. Era o in�cio da esta��o chuvosa de 2008/2009 . Depois disso, as prefeituras de Contagem e de BH firmaram acordos com a Copasa para tentar sanar os problemas de enchentes do Ribeir�o Arrudas. Contudo, segundo especialistas, nada foi feito no local e a trag�dia quase se repetiu.

Era fim de tarde, por volta das 18h, quando a chuva apertou em Contagem e na Regi�o Oeste de BH, lugares onde a precipita��o foi maior, chegando a 80 mil�metros. Guilherme trabalhava com outras pessoas no gin�sio esportivo do seu pai, quando o n�vel do Arrudas subiu drasticamente. O advogado passou o fim de semana em um s�tio, mas o motorista Adivar Dias da Silva, de 43 anos, que assistiu � cena ao lado do cinegrafista amador, se lembra bem do susto. “O barulho foi muito alto. Parecia que alguma coisa estava desabando. Foi quando vimos da janela do segundo andar aquele mundar�u de �gua voltando pelo rio, na nossa dire��o”, contou.

No segundo andar do edif�cio, o grupo assistiu impotente �s �guas barrentas invadindo o asfalto e cercando carros, motos e caminh�es. “O motorista de um Uno estacionou, abriu o guarda-chuva e foi para a beira do ribeir�o ver como estava. A gente gritou para ele sair. Dois carros engui�aram e os caminhoneiros ajudaram. Tentamos abrir o port�o para que entrassem aqui, mas n�o t�nhamos a chave na hora”, lembra Silva.

� poss�vel perceber nitidamente, nas imagens feitas pelo advogado, o moento em que uma onda de �gua escura volta por dentro do canal, inundando toda a avenida e tamb�m ruas e propriedades vizinhas, no sentido oposto ao curso normal do Arrudas. De acordo com a an�lise do engenheiro hidr�ulico e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Nilo de Oliveira Nascimento, a capacidade da galeria descoberta do Arrudas naquele ponto � muito pequena para o hist�rico de vaz�es que tem recebido. “O Arrudas recebe naquele ponto o C�rrego Ferrugem, que � ainda mais volumoso que o primeiro, j� que carrega boa parte da drenagem de Contagem”, afirma o especialista. “Quando a soma dessas �guas encontra a parte mais estreita e coberta da galeria, ocorre uma satura��o da drenagem. O excesso sobe de n�vel e corre ent�o para a montante, em sentido contr�rio”, afirma.

A barreira de �gua, com cerca de tr�s metros e que avan�a na dire��o oposta � corrente normal do ribeir�o, foi formada por ondas de choque resultantes do impacto das �guas contra as vigas transversais ao longo da galeria concretada. “A grande energia acumulada pela correnteza acaba sendo dissipada com essa colis�o, propagando ondas de choque pelo canal inundado. Isso � que forma a onda, que vem com o aumento do n�vel do corpo d’�gua”, disse Nascimento.

De acordo com a avalia��o do especialista, al�m daquele ponto a situa��o tamb�m � preocupante na entrada para o Bairro Dom Cabral, na Regi�o Noroeste de BH, onde o canal do Ribeir�o Arrudas se estreita mais uma vez e h� possibilidade de mais alagamentos. Nilo Nascimento, no entanto, calcula ser remota a possibilidade de uma inunda��o nas �reas cobertas do Bulevar Arrudas, onde a capacidade � maior e o escoamento, mais r�pido. “A solu��o para os pontos cr�ticos s�o projetos que j� foram estudados para criar bacias de conten��o que reduzam a quantidade e a velocidade da �gua no Ferrugem. Outra a��o necess�ria em v�rios pontos seria readequar as intercess�es de afluentes no Arrudas, mas isso seria caro e complexo”, afirma Nascimento.

O secretario de Obras de Contagem, Leonardo Borges, disse que o munic�pio e a Copasa projetaram tr�s bacias de conten��o para as �guas do Ferrugem, ao custo de R$ 120 milh�es, cujas obras devem ser iniciadas no pr�ximo ano, com t�rmino previsto para 2014. “Aguardamos a licita��o da Copasa, que est� em andamento. O plano envolve tamb�m a remo��o de mil fam�lias e adequa��o da regi�o”, disse. A Copasa informou que a licita��o deve ser finalizada ainda neste m�s. A companhia informou que n�o prev� outras obras para a parte de Belo Horizonte do Arrudas.

Fam�lias desalojadas e preju�zo generalizado

A onda de �gua e lama trazida pelo curso saturado do Ribeir�o Arrudas na tempestade da �ltima quinta-feira atingiu dezenas de moradores e empresas pr�ximas na regi�o, limites entre os munic�pios de BH e Contagem. Ainda ontem, na Rua Luminosa, Bairro Vila S�o Paulo, em Contagem, pessoas usavam enxadas e p�s para limpar o barro das suas propriedades e das ruas. O dono de uma transportadora contabilizou mais de R$ 200 mil em preju�zos, j� que tr�s caminh�es e dois carros ficaram submersos. Al�m disso, parte das cargas de caixas d’�gua e colch�es se estragou no galp�o. “As perdas foram muitas. A �gua chegou a marcar 2,30 metros nas paredes”, disse o propriet�rio do neg�cio, Edson Xisto, de 46 anos. O primo dele, que morava no local, perdeu televisores, aparelho de som, computador, impressora, geladeira, m�quina de lavar e todas as roupas. “N�o sei como vou fazer. Aqui chove, acontece essas trag�dias e nada muda”, protestou.

Situa��o ainda pior ocorreu com 16 fam�lias da mesma rua, que tiveram suas casas inundadas pela lama. Sem ter para onde ir, o grupo, composto por beb�s, crian�as, adultos e idosos, decidiu invadir pr�dios novos constru�dos pela Prefeitura de Contagem para abrigar fam�lias removidas das obras de drenagem de outro trecho da Avenida Tereza Cristina. “A prefeitura e a Defesa Civil n�o nos deram op��o. Para onde ir�amos com nossas fam�lias? S� restou entrar aqui e sobreviver at� encontrarmos uma solu��o”, disse Marcelo Costa Lima, de 40.

Nos apartamentos do pr�dio invadido as fam�lias dormem em colch�es espalhados pelo ch�o, entre os poucos pertences e roupas que conseguiram salvar da onda de lama. No t�rreo, organizaram uma cozinha comunit�ria onde as mulheres se revezam para preparar refei��es para todos, usando alimentos doados e �gua trazida da rua. “A gente quer uma solu��o. Voltar para casa e ter que comprar tudo de novo para perder em outra inunda��o, n�o d�. A gente at� aceita pagar, mas precisa de solu��o”, cobrou a dom�stica Maria Jos� da Silva Pereira, de 55, uma das volunt�rias na cozinha.

� tarde, representantes da empreiteira que construiu o pr�dio invadido prestaram queixa � pol�cia sobre a invas�o e o caso ser� investigado a partir de amanh�. A Defesa Civil de Contagem informou que as fam�lias recusaram o encaminhamento aos abrigos p�blicos para v�timas de emerg�ncias.



receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)