
Morar em bairros nobres de Belo Horizonte n�o tem sido garantia de seguran�a no caso de im�veis pr�ximos a morros nas partes mais �ngremes. H� locais onde caberia � prefeitura realizar interven��es, e outros nos quais a falta de a��o de propriet�rios pode elevar riscos. Seja qual for o problema, o medo de deslizamentos � o que tem levado moradores ou administradores de pr�dios a investir por conta pr�pria em medidas para evitar o pior, muitas vezes sem orienta��es t�cnicas adequadas.
No Mangabeiras, h� uma obra particular em ritmo acelerado. Depois da queda de uma grande parte do muro de arrimo, o propriet�rio de uma mans�o se apressa para finalizar, antes dos temporais de fim de ano, as obras de uma canaleta. No local, dois oper�rios trabalham com blocos de concreto e manilhas para que a �gua se infiltre com menos intensidade na terra. O desmoronamento levou ainda grande quantidade de terra, pedras, mato e tocos de �rvores para a parte de baixo. Procurado, o propriet�rio estava em viagem e n�o foi localizado pela reportagem. O engenheiro respons�vel disse n�o ter autoriza��o para falar.
O trabalho dos pedreiros n�o afastou o medo de quem mora abaixo da mans�o, na Rua Jo�o Camilo de Oliveira Torres. “Fizeram essa canaleta e nem sabemos se isso vai segurar o barranco”, diz a m�dica Zuleide Souza Carmo Abijaodi, de 60 anos, que vive em casa que fica no rumo da constru��o amea�ada.
Os moradores dessa parte mais baixa convivem h� anos com deslizamentos que amea�am suas resid�ncias e bloqueiam a rua. Recentemente, se organizaram para cobrar uma obra da prefeitura e assumiram eles mesmos parte das responsabilidades. “Pelejamos para a prefeitura fazer um muro de arrimo refor�ado na rua (no lote da mans�o). Meu marido vai plantar �rvores e grama no terreno para ajudar a reduzir a infiltra��o de �gua. Nosso medo, agora, � mais com a casa l� do alto”, acrescenta a m�dica Zuleide Abijaodi.
No Bairro Santa L�cia, o barranco atr�s do Edif�cio Raja Workcenter apresentou movimenta��es de solo, amea�ando ceder em caso de chuvas mais fortes. A solu��o foi estender sobre a encosta uma grande lona azul com 60 metros de largura, em meio ao matagal verde. “Foi uma medida de preven��o que precisamos tomar. A Defesa Civil veio aqui e recomendou que fiz�ssemos isso”, disse o encarregado do edif�cio, Carlos Alexandre Rodrigues do Carmo, de 32 anos.
Da Rua Marco Aur�lio de Miranda, no Buritis, Oeste da capital, os moradores do edif�cio de n�mero 30 podem contemplar os escombros e a terra do edif�cio Vale dos Buritis, que desmoronou em janeiro, depois de ter sido condenado em outubro do ano passado. Mas essa n�o � a �nica marca para lembrar dos riscos de se viver pr�ximo a encostas em movimenta��o. No ano passado, parte do barranco que fica atr�s do edif�cio da Rua Marco Aur�lio de Miranda desabou, inundando a garagem com meio metro de lama e terra. Alguns ve�culos chegaram a ser atingidos. “Estamos preocupados. Chamamos a Defesa Civil para analisar os riscos. Disseram que n�o tinha perigo de o pr�dio desabar, mas nada mais foi feito. A perspectiva nossa � p�ssima”, disse um engenheiro de 38 anos que mora no pr�dio e pediu para n�o ser identificado.
S� duas interven��es conclu�das este ano
Mesmo com a proximidade das chuvas, 16 das 18 obras nas �reas de maior risco da capital, como a Rua Patag�nia, no Sion, e a Flavita Bretas, no Luxemburgo, n�o t�m data para serem finalizadas. Restou refor�ar os barrancos com linhas de sacos de areia e canaletas improvisadas no solo aberto. Essas interven��es foram acordadas com o Minist�rio da Integra��o Nacional (MI), que previu R$ 25 milh�es em recursos. Contudo, at� ontem, apenas R$ 6,25 milh�es haviam sido liberados, referentes � primeira parcela, de 9 de mar�o. As duas obras conclu�das tiveram de receber recursos municipais para que estivessem prontas antes das tempestades de fim de ano. Com isso, foram conclu�das a reconstru��o da Rua Am�rico Macedo, no Bairro Gutierrez (Regi�o Oeste), e a recupera��o da galeria da Avenida Cristiano Machado, no S�o Gabriel (Regi�o Nordeste).
Dentro do que foi pactuado com o minist�rio, encontram-se em execu��o as conten��es de barrancos nas ruas Marzag�nia, Carmela Alluoto, Guararapes, Itamar Teixeira e Avenida Dr. Cristiano Resende. A execu��o de jateamento de concreto no morro sobre a Rua Patag�nia, no Sion, aguarda a assinatura de contrato. Ainda dependem do t�rmino de licita��o as conten��es de encostas nas ruas Oper�rios e Chicago. Segundo a PBH, as demais est�o em revis�o de projeto para serem licitadas.
Das 40 interven��es planejadas para conter as �guas de c�rregos ou impedir alagamentos de vias desde 2008, 14 (35%) foram conclu�das, e, das 26 n�o executadas, 15 (57,7%) nem sequer sa�ram do papel. A��es em locais de fluxo intenso de ve�culos ou que concentram grande popula��o em �reas amea�adas ainda est�o na prancheta, como no Ribeir�o Arrudas, avenidas Cristiano Machado, Bernardo Vasconcelos e Francisco S�, C�rrego da Ressaca e Lagoa da Pampulha, em que j� se registraram preju�zos e morte nesta temporada de chuvas. Segundo a assessoria do minist�rio, para a libera��o das pr�ximas parcelas da verba, a prefeitura deve enviar um plano de trabalho com as altera��es pedidas pela pasta em 30 de novembro do ano passado.