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Estado de Minas

Menor beb� do Brasil festeja primeiro Natal em fam�lia


postado em 23/12/2012 06:00 / atualizado em 23/12/2012 07:47

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press.)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press.)

No pres�pio, junto � manjedoura, um nome faz brilhar o recorte de papel: Carolina Antunes Terzis Parreiras – bilhete de amor chegado � imagem do Menino Jesus. A letra � da m�e, f� e fortaleza. Em 2011, pedido de desespero em tempos de dor. H� um ano, enquanto a menor beb� do Brasil lutava pela sobreviv�ncia na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do Hospital Vila da Serra, em Nova Lima, na Grande BH, a fam�lia reunida no Bairro das Mangabeiras, na Regi�o Centro-Sul da capital, em prece, celebrava o milagre. A b�n��o de todos os dias desde 16 de novembro – data em que a pequen�ssima Carol, com 360 gramas e 27 cent�metros, veio ao mundo para fazer hist�ria e tocar profundezas. Ano corrido, arrastado por vezes, o bilhete de amor nominal, luminoso, segue entre os tr�s reis magos, que guardam a menina-estrela. Carol, valente que s� ela, chegou a pesar 280 gramas. Contrariando estat�sticas que em todo o mundo indicavam apenas quatro sobreviventes nessa incr�vel faixa de medida, a mocinha surpreendeu especialistas e desafiou a medicina. Hoje, ainda mais encantadora, com 1 ano e um m�s, Carol, que j� coube na palma da m�o, pesa 6,38kg e mede 68cm. De l� para c�, foram seguidos sustos e vit�rias. Estudo de caso, a not�cia corre o globo e a comunidade m�dica acompanha o passo a passo da guerreira, mensura de extens�o da vida.

Na casa do av� grego Konstantino Terzis, de 65 anos, at� o Papai Noel, como quem escala enfeite de entrada, parece querer vencer as paredes para se juntar ao grupo pelo sorriso sem igual de Carolina, carinhosamente chamada de Carol. O vov� ateniense, coruja, anuncia: “Essa menina � incr�vel. Uma m�dica me disse, emocionada: ‘Os anjos est�o voltando’”. Sem demora, l� vem ela: vestidinho azul, arranjo brilhante no cabelo, sapatilhas prateadas, bem ao estilo bailarina, e sorriso lindo, cativante, de envergar e fazer valer a luta. A pequena not�vel, traquinas e sorridente, como a boa gente mi�da e saud�vel, de futuro, j� sabe at� brincar com o pai e divertir a m�e. “Mostra a l�ngua para o papai, meu amor, mostra”, pede a m�e, Alexandra Terzis, de 34. E assim, ligeiros, os l�bios lindos, cor-de-rosa, ganham o formato da gra�a e desmancham Thiago Fernandes Antunes Parreiras, de 31.

“Ela ri. S� ri. N�o sei como essa menina aguenta. � uma luta”, diz Alexandra, orgulhosa, entre um mimo e outro. Dif�cil mesmo saber de onde vem tanta for�a e vontade de viver. N�o bastasse o tempo de UTI – cinco meses e 18 dias –, ainda s�o regulares os encontros com a equipe m�dica, que inclui, al�m do pediatra, especialistas em oftalmologia, nutri��o, fonoaudiologia e fisioterapia. Tudo para que Carol, intr�pida, tenha o melhor desenvolvimento, sem a menor sequela. A m�e, psic�loga, conta que s� p�de ver a filha cinco dias depois do parto. “Queriam me poupar. Eu perguntava pela minha filha e a �nica resposta era ‘ela est� viva’. Com 280 gramas... ningu�m acreditava que ela podia sobreviver”, diz.

Thiago interrompe o chamego na filha para reviver aquele 16 de novembro, parto �s pressas pela salva��o da m�e e do beb�. “Tive com ela meia hora depois do nascimento. Era inacredit�vel. O ded�o da Carol era do tamanho da cabe�a de um palito de f�sforo. Todos disseram que as chances eram m�nimas. Daquele tamanho seria invi�vel, disseram. Disseram tamb�m que havia o risco de sequelas porque ela tinha bem menos que 500 gramas. Mas que ela havia demonstrado tanta vontade de viver, mas tanta, que eles iriam fazer de tudo.” Apaixonado, o pai revela que chorava escondido, no banheiro, s� para n�o deixar a companheira, Alexandra, em recupera��o, perceber a gravidade da situa��o.

“E ele escondeu muito bem, porque parecia estar forte o tempo todo, aguentando firme, sempre que entrava no quarto do hospital depois de ter not�cias da Carol”, sorri, c�mplice, Alexandra. As imagens, como filme, parecem voltar � retina de Thiago: “Fiquei chocado com o primeiro contato na UTI. Dif�cil at� dizer. Ela l�, pequenininha, entubada. Criaram um cord�o umbilical artificial para ela se alimentar. Taparam os olhos dela. Era pele e osso.” Alexandra cobre o sil�ncio, suspiro sentido do marido: “Me marcou muito quando pude v�-la. O tamanho. A finura da pele, que eu vi tremer.”

As li��es de tempos dif�ceis
� a vez do pai, forte outra vez, cobrir o embargo emocionado da mulher, aos p�s da �rvore iluminada. Ele diz que naqueles primeiros dias, vendo a filha naquela situa��o, s� pensava na Alexandra: “Como � que eu vou fazer agora?, perguntava para mim mesmo. Pensei: ‘Deus sabe o que faz’. A�, chorei pelos corredores. No banheiro do hospital.” Thiago olha para a bela cena, retrato de fam�lia – mulher e filha – e pontua, disfar�ando os olhos alagados: “Mas passou”. Alexandra, doce, atenta �s rea��es de Carol na sala de visita, n�o resiste a mais um sorriso do beb�: “A gente v� que ela � feliz”.

Interessad�ssima na roda, olhos brilhantes, falta ainda for�a para Carol manter-se firme no colo dos pais. Da� a fisioterapia, para unir for�a e vontade naquele milagre do nascimento. Thiago volta ao assunto daqueles dias de novembro, que n�o lhe deixam a cabe�a: “No quinto dia, n�o vou esquecer nunca, toquei a m�o dela e ela apertou, assim, o meu dedo. Ela apertou forte o meu dedo, foi o que bastou para me dar for�a”, sorri. Das li��es dos tempos mais dif�ceis, o mec�nico fala em f�. “� preciso acreditar que, se � da vontade do Senhor, tudo vai dar certo. � importante ter paci�ncia para esperar pela recupera��o e sabedoria para ajudar no que for preciso”, diz.

O milagre aos p�s da manjedoura


Alexandra n�o desfez o pres�pio do ano passado. Manteve o escrito, apelo de amor, com o nome da filha na manjedoura. A psic�loga revela que o recorte de f� foi sugest�o da especialista em neonatologia, tamanha a gravidade do estado de Carol. “A doutora perguntou se eu tinha um pres�pio em casa.E falou para eu colocar o nome dela na manjedoura”. Naquele dezembro, com complica��es no intestino e nos pulm�es, a pequena sobrevivente apresentava ainda menor chance de futuro. “Ouvimos que ela n�o chegaria at� o Natal”, diz, comovida. M�e coragem, f� e esperan�a, Alexandra trouxe o Menino Jesus � gruta de Bel�m por todo 2012. Na noite de amanh�, m�os ao c�u, nova prece pelo milagre da vida.


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