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Estado de Minas

Depois que Justi�a derrubou restri��o da Anvisa, analg�sicos voltam para g�ndolas


postado em 23/12/2012 06:00 / atualizado em 23/12/2012 07:45

Com permiss�o recente para ficarem nas prateleiras, propagandas liberadas e muitas promo��es, basta colocar os analg�sicos na cesta de compras e come�ar a tom�-los. Eles n�o precisam de prescri��o m�dica para venda e, desde 2009, estavam atr�s do balc�o por resolu��o da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) exatamente para restringir o consumo. Mas, em julho, o pa�s viveu o que especialistas consideram um retrocesso. Uma decis�o do Tribunal Regional Federal no Distrito Federal, ap�s a��o judicial movida por entidades que representam as farm�cias e drogarias, derrubou a resolu��o e eles voltaram para as g�ndolas.

Em tr�s unidades de uma grande rede de farm�cia de Belo Horizonte d� para ver como � a oferta. Analg�sicos como Dorflex, Novalgina, Tylenol, Neosaldina, entre v�rios outros, continuam atr�s do balc�o, segundo os atendentes, por decis�o da empresa de aguardar o recurso da Anvisa, mas as g�ndolas est�o cheias de promo��es. Os atendentes mesmos ajudam a escolher a caixa maior pelo menor pre�o. As unidades est�o em cestas, em destaque entre corredores e at� nas prateleiras perto do caixa.

Para o vice-presidente do Conselho Regional de Farm�cia de Minas, Claudiney Lu�s Ferreira, a resolu��o da Anvisa pretendia fazer com que o consumidor buscasse o farmac�utico antes de se automedicar. “Os medicamentos intoxicam mais que inseticidas no pa�s, mas as pessoas tomam imaginando que n�o v�o ter efeitos colaterais. O que acontece muito � que o paracetamol, por exemplo, vem em 750mg o comprimido com posologia de seis em seis horas. A dose t�xica � de 4g por dia, ou seja, quando uma pessoa toma dois de uma vez vai atingir ou passar a dose m�xima recomendada e produzir um efeito t�xico no f�gado. E, se a dor n�o melhora, a pessoa toma um segundo uma hora depois e o quadro s� piora”, alertou.

Rem�dio � veneno

O conselho, segundo Claudiney, est� fazendo uma mobiliza��o para que as farm�cias continuem deixando os analg�sicos atr�s do balc�o. “� uma quest�o de sa�de p�blica. Sabemos que algumas redes infelizmente voltaram para a prateleira, colocaram at� no checkout, mas n�o � o ideal”, afirmou. “Todo medicamento � venenoso, a dose � que diferencia. Se a pessoa tomar corretamente, respeitar os intervalos como descrito na bula, o rem�dio ser� eficaz. Mas, se tomar dois comprimidos de uma s� vez, est� dobrando a dose e isso pode gerar problemas”, explicou Hessem Miranda Neiva, supervisora da assist�ncia farmac�utica da Fhemig.

Para Rosany Bochner, coordenadora do Sistema Nacional de Informa��es T�xico-Farmacol�gicas (Sinitox), da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma medida efetiva para que as pessoas tenham menos medicamentos em casa � o fracionamento. “Precisamos ter campanhas constantes contra a automedica��o. A revoga��o da decis�o da Anvisa � um retrocesso para o pa�s”, avaliou.

De acordo com a Anvisa, foi institu�do um grupo de estudos com membros da ag�ncia, acad�micos e associa��es, que concluiu que a coloca��o dos medicamentos de venda livre atr�s do balc�o n�o impactou no aumento ou diminui��o de vendas ou intoxica��es. “Tal conclus�o foi embasada em estat�sticas de venda e em dados dos centros de informa��o toxicol�gica”, divulgou por meio da assessoria de imprensa.

O perigo dos opioides

Os Estados Unidos est�o diante de uma verdadeira matan�a provocada pelo uso indiscriminado de analg�sicos, principalmente os opioides, que no Brasil s�o vendidos com reten��o da receita. A overdose da p�lula sem prescri��o, vendida livremente, est� matando cerca de 15 mil americanos por ano, n�mero que l� � superior ao de acidentes de tr�nsito. Eles consomem 80% da oferta mundial de p�lulas opioides e as vendas aumentaram quatro vezes nos �ltimos 10 anos, arrecadando US$ 11 bilh�es por ano.

Amea�a �s crian�as

O risco de ter a famosa farmacinha em casa n�o est� apenas no “self-service”, mas na possibilidade de uma crian�a ingerir aquela subst�ncia. De acordo com o chefe da unidade de toxicologia do Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII, D�lio Campolina, a maior parte das interna��es por intoxica��o ainda � de crian�as que tomaram medicamentos deixados ao alcance por pais e m�es. “E o problema � que, quando os pais veem, os filhos j� tomaram o frasco inteiro”, afirmou.

De acordo com dados do Sistema Nacional de Informa��es T�xico-Farmacol�gicas (Sinitox), da Fiocruz nos quatro estados da Regi�o Sudeste, 3.468 crian�as com idade entre 1 e 4 anos deram entrada em v�rios hospitais com intoxica��o por medicamentos. � a faixa et�ria de maior incid�ncia. “Os pais precisam ficar atentos porque a crian�a n�o escolhe o que vai tomar, ela pega o que est� dispon�vel e p�e na boca. H� muitas intoxica��es em crian�as por analg�sicos porque h� uma superdosagem e todo mundo tem esse medicamento em casa”, afirmou Rosane Pochner, coordenadora e pesquisadora do Sinitox.

Um telefone gratuito foi criado pela Fiocruz para auxiliar quem sofrer uma intoxica��o e n�o souber a quem recorrer. O 0800 722 6001 funciona em qualquer lugar do Brasil e direciona a liga��o para o centro de toxicologia mais pr�ximo. Em Belo Horizonte, o centro de refer�ncia fica no Hospital Jo�o XXIII.


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