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Estado de Minas

Cresce n�mero de pessoas intoxicadas com analg�sicos

Uso sem controle do rem�dio � fator de risco para depend�ncia qu�mica, anemia, hemorragia e insufici�ncia renal


postado em 23/12/2012 06:00 / atualizado em 23/12/2012 07:45

(foto: Renato Weil/Estado de Minas - 31/03/2001 )
(foto: Renato Weil/Estado de Minas - 31/03/2001 )
Nas prateleiras das farm�cias de todo o Brasil, bem ao alcance das m�os, os analg�sicos s�o como “lobo em pele de cordeiro”. Nos Estados Unidos, s�o 15 mil mortes por ano causadas pela overdose desses medicamentos. Aqui, m�dicos acendem o alerta e consideram que o mundo est� vivendo uma pandemia do consumo indiscriminado do rem�dio para dor, que parece inofensivo, mas n�o �. Tomar analg�sico em excesso pode passar aquela simples dorzinha de cabe�a para uma doen�a cr�nica, al�m de causar danos nos rins, f�gado, sistema gastrointestinal e at� mesmo esconder problemas graves, como um tumor cerebral. Dados compilados pelo IMS Health a pedido do Estado de Minas mostram que, em valor, os tr�s rem�dios mais vendidos no Brasil s�o analg�sicos (Dorflex, Torsilax e Neosaldina). Entre novembro do ano passado e deste ano, o segmento movimentou mais de R$ 2 bilh�es e vendeu mais de 166 milh�es de caixas.

E o consumo exagerado do rem�dio pode causar muita dor. Um estudo feito no Hospital das Cl�nicas de Belo Horizonte apontou que 16,6% dos pacientes tinham cefaleia por causa do uso em excesso do rem�dio. No Servi�o de Toxicologia de Minas Gerais, segundo dados fornecidos pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), 2.705 pessoas foram internadas em 2010 por intoxica��o causada por rem�dios. Este ano, at� dezembro, somente o Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII atendeu mais de 500 pessoas que buscaram atendimento emergencial por causa dos efeitos dos medicamentos.

O n�mero n�o � fracionado por tipo de rem�dio, mas o hospital j� come�a a receber casos em que o analg�sico al�m do necess�rio causa complica��es. “Esse grupo de medicamento preocupa muito. N�o temos aqui estudos como tem l� nos Estados Unidos, mas j� h� sinais de problema. As pessoas acreditam que a dipirona e o paracetamol, principalmente, s�o de uso corriqueiro porque n�o precisam de prescri��o, mas � um engano”, afirmou a supervisora da assist�ncia farmac�utica da Rede Fhemig, Hessem Miranda Neiva.

N�o � mais t�o raro nos hospitais, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Estudo da Dor (Sbed), Jo�o Batista Garcia, pacientes com hemorragia digestiva, correndo risco de vida, por causa do uso excessivo de analg�sicos e anti-inflamat�rios. “Recebemos tamb�m cada vez mais pacientes com cefaleias causadas pelo abuso do rem�dio”, afirmou. E eles podem causar depend�ncia. “Funciona como uma pessoa drogada: quanto mais usa, mais a deseja. Quando cai o n�vel da subst�ncia no sangue, o organismo entra em abstin�ncia e precisa de outra dose para dar satisfa��o ao sistema nervoso central. Naquele momento a dor passou, mas o n�vel volta a cair e a pessoa precisa de uma nova dose. O consumo, nesses casos, passa de 12 comprimidos por dia para tratar a dor de cabe�a”, explicou Garcia.

O neurologista Ariovaldo Alberto da Silva J�nior, m�dico assistente do ambulat�rio de cefaleias da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), alerta que a dor de cabe�a por automedica��o � uma epidemia. Em sua tese de doutorado, conclu�da este ano na UFMG, ele comparou pacientes com cefaleia no ambulat�rio da universidade com moradores da cidade de Capela Nova, na Regi�o Central de Minas. Segundo ele, a conclus�o foi que a principal causa de dor de cabe�a cr�nica di�ria � o abuso de analg�sicos nos dois lugares pesquisados.

O engenheiro aposentado Ralfe Nogueira, de 70 anos, convive com dores de cabe�a quase di�rias desde os 7 anos. Tamb�m foi nesta �poca que ele come�ou a fazer uso dos medicamentos. Mesmo que hoje n�o consuma tantos rem�dios, caixas e mais caixas continuam estocadas no arm�rio. Ele concorda que o uso cont�nuo pode sim ter contribu�do para sua enxaqueca cr�nica nunca acabar. “Chegava uma hora que o rem�dio n�o fazia mais efeito, meu organismo criava uma resist�ncia. Tomava 10 comprimidos de Novalgina por dia, quando n�o adiantava mais eram 10 de Dorflex, mais adiante uns 10 de Neosaldina. Cada dia experimentava um rem�dio diferente”, contou. Nogueira j� fez v�rios tipos de exames, participou de pesquisas, mas nada indicava que ele tinha algum problema cerebral. “Tive uma carreira promissora, mas acho que a dor me limitou um pouco. Na adolesc�ncia, queria ser jogador futebol de sal�o, mas com a dor n�o conseguia”, lembra.

“No Brasil, os estudos ainda s�o recentes, mas indicam que 7% da popula��o t�m dor de cabe�a diariamente. Os americanos descobriram os tipos de abusadores de rem�dio, o que foi muito importante para nortear as pesquisas”, afirmou o neurologista Ariovaldo J�nior. O tipo 1, segundo ele, � aquele paciente que recebe a orienta��o de que o uso em excesso � prejudicial e faz o tratamento para a retirada do medicamento. “Ele costuma ter uma ansiedade, depress�o, mas s�o transtornos ligados � pr�pria dor. Geralmente, a chance de se livrar do rem�dio � muito grande.” O tipo 2, conforme estudos americanos, sofre de transtornos psiqui�tricos e tem uma caracter�stica em comum, segundo Ariovaldo. “Ele vai a m�ltiplos m�dicos e n�o melhora. Tem uma posi��o descrente do tratamento e uma resposta terap�utica muito ruim. Ele tem um problema: ter dor � uma forma de esconder uma dor maior”, explicou.

Mas Ariovaldo esclarece que o limite de consumo dos analg�sicos s�o 15 dias por m�s, se tomados na medida certa. “Por exemplo, se a mulher tem uma crise menstrual, n�o tem problema tomar o rem�dio, o problema � o excesso.” E alerta: “se tiver uma dor de cabe�a forte em 120 dias, � preciso investigar. Pode ter at� um tumor cerebral ou outra doen�a se a dor � in�dita. Toda dor de cabe�a in�dita tem que ser investigada”.


Os mais vendidos do Brasil

1º Dorflex
2º Torsilax
3º Neosaldina
4º Diovan HCT
(hipertens�o)
5º Pantoprazol
(problemas g�stricos)
6º Cialis
(disfun��o er�til)
7º Victoza
(diabetes)
8º Nexium
(problemas gastrointestinais)
9º Diovan AMLO
(hipertens�o)
10º Losartan
(hipertens�o)

ESCALADA DAS VENDAS
DOS ANALG�SICOS NO BRASIL
(novembro/2011 a novembro/2012)

EM UNIDADES:
2010 %u2013 128.488.567
2011 %u2013 153.619.584
2012 %u2013 166.475.608

EM R$
2010 %u2013 1.666.703.942,40
2011 %u2013 1.972.729.448,42
2012 %u2013 2.281.347.120,56


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