Fl�via Ayer
H� quem defina como milagre, outros como um presente de Natal. Depois de se afogar num balde e ficar 10 minutos sem respirar, a pequena Camila Gabriela dos Passos, de 11 meses, se recuperou pelas m�os do sargento Mois�s Dias de Paula, do Corpo de Bombeiros. Num improviso iluminado, ele usou um tubo de uma caneta para que ela voltasse a respirar e, assim como no nascimento, Camila, que estava sem os sinais vitais, come�ou a chorar. O epis�dio ocorreu anteontem, em Ouro Preto, na Regi�o Central do estado e a menina foi levada de helic�ptero ao Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII (HPS), em Belo Horizonte. Ela est� internada no Centro de Terapia Intensiva Infantil e, segundo m�dicos, o quadro dela � est�vel.
De prontid�o ontem no HPS, a fam�lia da crian�a est� convicta de que Camila nasceu de novo em pleno Natal. “Foi um milagre sem explica��o. Estamos rezando o tempo todo e continuamos muito tensos, ela � a ca�ula da fam�lia”, afirmou a av� de Camila, Maria Luiza dos Passos, de 61 anos, ao lado da filha, K�tia, de 31, m�e da menina, que completa 1 ano no dia 12. Por meio de m�micas, K�tia, que � surda-muda, confessou n�o ver a hora de ter a crian�a novamente nos bra�os. A av� conta que a neta estava na casa de uma tia-av� que deixou um balde de �gua no ch�o. “Em quest�o de minutos, Camila foi mexer na �gua e mergulhou de uma s� vez”, relata Maria Lu�za.
Um tio tentou fazer massagens card�acas na menina, que ficou sem respirar por cerca de 10 minutos at� a chegada dos bombeiros. Quando entrou na casa, o sargento Mois�s lembra apenas de ter visto uma crian�a praticamente falecida sobre a mesa. “N�o tinha pulso, estava com saliva avermelhada na boca e com a pele arroxeada e fria”, conta o sargento. A equipe tentou v�rias manobras para recupera��o da crian�a, que tamb�m teve uma crise convulsiva.
“Temos uma s�rie de equipamentos, mas a respira��o n�o voltava. Ela estava com dentinhos travados e tentei liberar a traqueia com meu dedo, mas me mordeu. Usei ent�o o tubo de uma caneta e, assim que coloquei, ela come�ou a chorar e a se contorcer”, diz Mois�s. A equipe dos bombeiros n�o conteve a emo��o de ver a crian�a de volta � vida. “Chorei muito e esse foi o meu maior presente de Natal. Minha mulher tinha me dito que n�o poderia me dar um presente, mas ele veio de forma muito especial, o melhor do mundo”, ressalta.Emo��o Aos 44 anos, 20 deles no Corpo de Bombeiros, o sargento, pai de dois filhos, de 14 e 6 anos, disse ter sido este o caso mais marcante em que j� atuou. “A ang�stia de ver uma crian�a daquela forma impressiona. Fico feliz de ter sido �til e honrado minha farda”, afirma o militar. A crian�a foi encaminhada a uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ouro Preto e, �s 16h de segunda-feira, chegou de helic�ptero ao pronto-socorro da capital.
Diretor de emerg�ncia do HPS, Tarc�sio Versiani afirma que a o atendimento pr�-hospitalar e o curto intervalo entre o epis�dio e o tratamento foram dois fatores decisivos para a sa�de de Camila. Com quadro est�vel, a menina est� entubada e a expectativa dos m�dicos � retirar os equipamento em 48 horas. “Ela teve uma parada cardiorrespirat�ria, al�m de crises convulsivas. Ainda � precoce para afirmarmos se ficar� com alguma sequ�ncia neurol�gica, mas aparentemente n�o”, afirma Versiani.