Mateus Parreiras

O h�bito de beber e dirigir no interior de Minas Gerais � 59% maior do que na capital. Pesquisa divulgada no in�cio deste m�s pela Subsecretaria de Estado de Pol�ticas sobre Drogas mostra que a m�dia das maiores cidades do interior � de 22% de condutores sob efeito de �lcool, contra 13,8% em Belo Horizonte. Enquanto isso, nas cidades menores, a fiscaliza��o � inexistente. � a primeira vez que se avalia onde �lcool e volante mais se misturam em Minas. Os dados foram coletados em blitzes volunt�rias nas principais cidades polo de cada uma das 10 regi�es do estado. Por essa metodologia, o Tri�ngulo se destaca como a regi�o onde mais se transgride a Lei Seca, representada pelas coletas de informa��es feitas em Uberl�ndia. O h�bito de dirigir embriagado foi verificado em 34% dos condutores. Ou seja, um de cada tr�s motoristas apresentava �ndice de �lcool no ar expelido pelos pulm�es acima do permitido pela legisla��o (0,14 miligrama de �lcool por litro de ar).
Nessas blitzes volunt�rias, organizadas com ajuda de prefeituras e �rg�os do estado em vias importantes das cidades, 1.209 condutores foram escolhidos aleatoriamente, aceitaram responder a um question�rio e depois soprar o baf�metro. A metodologia � in�dita na Am�rica Latina, mas, num comparativo com o �nico pa�s em desenvolvimento que j� fez essa medi��o, a Tail�ndia, � que se tem a real no��o do estado em que circulam os condutores mineiros. No pa�s do Sul da �sia chegou-se a 5,5% de amostras positivas. A m�dia europ�ia � de 2% para motoristas que sopraram o etil�metro.
O comandante do 17º Batalh�o da Pol�cia Militar de Uberl�ndia, coronel Wesley Barbosa, afirma que essa � uma compara��o proporcional e que em n�meros absolutos representa uma pequena quantidade de motoristas. De acordo com o comandante, s�o feitas diariamente quatro blitzes da Lei Seca na maior cidade do Tri�ngulo, duas durante o dia e duas � noite. O principal alvo das opera��es neste fim de ano ser�o os bares nas avenidas principais, onde h� tradi��o de festas de r�veillon. “Vamos intensificar o policiamento em vias como a Avenida Rondon Pacheco, que deve concentrar muita gente. Sentimos que o fato de a multa ter dobrado para embriagados e at� para quem n�o sopra o baf�metro teve impacto positivo e est� inibindo quem bebe de dirigir”, disse o militar. Na semana passada, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) anunciou a intensifica��o das opera��es da Lei Seca em cidades como Uberl�ndia, Montes Claros, Governador Valadares e Juiz de Fora.
A pesquisa usada para medir o �ndice de motoristas que bebem e dirigem no interior de Minas tamb�m foi aplicada nas nove regionais de Belo Horizonte e o resultado surpreendeu. Apesar de concentrar mais bares, boates e restaurantes, a Regi�o Centro-Sul n�o � a que registra o maior percentual de condutores que abusam do consumo de �lcool. O Barreiro e a Regi�o Oeste se destacam no perigoso h�bito de beber e dirigir. Dos 1.264 condutores que se dispuseram a responder ao question�rio e a soprar o baf�metro em blitzes volunt�rias em BH, 22,1% dos entrevistados do Barreiro apresentaram �ndices de embriaguez, enquanto na Regi�o Oeste o �ndice chegou a 16,5%. As ruas bo�mias da Regi�o Centro-Sul figuram em terceiro lugar, com 15,9% de resultados positivos. A m�dia em Belo Horizonte � de 13,8%.
A pesquisa foi aplicada em duas etapas. A primeira ocorreu no interior. Em seguida, foram feitas as entrevistas na capital. Os dados serviram para defesa de tese na Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp). A partir dos resultados, os pesquisadores conclu�ram que os condutores com mais de 31 anos apresentaram 1,5 vez mais exames positivos para a presen�a de �lcool no sangue do que os mais jovens.
NA CAPITAL Em Belo Horizonte, o primeiro estudo com a participa��o dos condutores em blitzes volunt�rias foi feito em 2008, pouco antes de a Lei Seca (11.705/2008) ser implementada, e ocorreu apenas na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Os dados da �poca, divulgados com exclusividade pelo Estado de Minas, em maio, indicaram que 38% das amostras eram de pessoas embriagadas. O �ndice caiu para 15,9% (-58,2%) no ano seguinte, quando a lei j� estava em vigor. “Foi a partir da� que se iniciou o levantamento das 10 cidades mineiras e das nove regionais de Belo Horizonte e nas cidades do interior, com o objetivo de guiar pol�ticas repressivas, fiscaliza��o e a��es educativas”, afirma o subsecret�rio de estado de Pol�ticas sobre Drogas, Cloves Benevides.
De acordo com o m�dico psiquiatra que conduziu os estudos, Valdir Campos Ribeiro, o que ocorreu foi que a Regi�o Centro-Sul concentrou as pol�ticas de fiscaliza��o e por isso apresentou um recuo muito significativo, enquanto nas demais regi�es os �ndices continuaram expressivos devido � fiscaliza��o menos efetiva, ainda que apresentem menos estabelecimentos que vendam bebidas de consumo imediato, como cerveja e bebidas destiladas. “Perguntamos aos motoristas se acreditavam no baf�metro como medida de repress�o. A maioria disse acreditar. Mas, com uma fiscaliza��o ruim, a certeza da impunidade � est�mulo para a pessoa se arriscar. Ainda mais porque n�o precisa soprar o baf�metro”, afirma o psiquiatra.
A escassez de policiamento nas vias do Barreiro e da Regi�o Oeste � negada pela pol�cia, de acordo com o comandante do Batalh�o de Pol�cia de Tr�nsito (BPTran) da Pol�cia Militar, tenente-coronel Roberto Lemos. “Fazemos opera��es da Lei Seca nas duas regi�es. S�o alvos que consideramos importantes e por isso procuramos fiscalizar as principais vias”, afirma.