A cria��o de um conselho de pais � uma das medidas a serem adotadas a partir da pr�xima semana pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), na Regi�o Central de Minas, para tentar acabar com abusos praticados em rep�blicas estudantis e impor regras de funcionamento e conviv�ncia. Dois alunos, Daniel Mac�rio de Melo J�nior, de 27 anos, e Pedro Silva Vieira, de 25, morreram em outubro e novembro do ano passado, respectivamente, depois de consumir bebidas. No primeiro caso, o exame de teor alco�lico confirmou que a v�tima bebeu em excesso. A Ufop informou ter criado uma comiss�o para discutir o problema e buscar solu��es, formada por profissionais da reitoria, da pr�-reitoria especial de assuntos comunit�rios e estudantil, da pr�-reitoria de administra��o e representantes de pais e alunos .

Ricardo reclamou da demora na divulga��o do laudo sobre a morte do filho e disse ter cobrado resposta da delegada Fabiana Leijoto, respons�vel pelas investiga��es. A assessoria de imprensa da Pol�cia Civil disse que aguarda os resultados dos laudos do Instituto M�dico Legal (IML). No caso do estudante Daniel, ele tinha taxa de 70,1 decigramas de �lcool por litro de sangue, quase 12 vezes mais do que o �ndice considerado embriaguez para quest�es de tr�nsito, que � de 6 decigramas/litro. O laudo toxicol�gico ainda n�o ficou pronto.
A m�e de Daniel Mac�rio, a funcion�ria p�blica Enedina Afonso de Melo, de 56, diz estar de licen�a m�dica por conta da morte do filho. “A minha dor n�o passa nunca. Vivo chorando o tempo todo”, conta Enedina. Ela disse ter sido procurada pela assistente social da Ufop na semana passada. “Ele pediu documentos para pagamento de um seguro de vida, mas nada vai trazer o meu filho de volta. Eles t�m que tomar provid�ncias no sentido de acabar com essas pr�ticas nas rep�blicas para evitar que outras m�es percam seus filhos”, disse. Enedina tamb�m pensa em entrar com uma a��o na Justi�a para punir eventuais respons�veis pela morte do filho.
Regras

Am�lia conta que ela e o padrasto de Ramon foram busc�-lo em Ouro Preto. “Eu o encontrei deitado num sof� da rep�blica, com um balde ao lado, tossindo. O rosto dele estava todo roxo. Ele mentiu dizendo que havia trope�ado em um cachorro e ca�do de uma escada. O amigo contou a verdade: disse que ele havia ca�do de tanto beber”, afirmou a m�e. Em Contagem, Ramon foi internado em um hospital e os m�dicos confirmaram que se tratava de pneumonia. Am�lia acredita que o excesso de bebida pode ter contribu�do para o problema de sa�de do filho. “Antes de ir para l�, ele gozava de boa sa�de”, lamenta. Am�lia diz que decidiu expor seu drama como forma de alertar para o excesso de bebidas nas rep�blicas de Ouro Preto. “Quero provid�ncias para que outros casos n�o aconte�am”, disse.
Trotes com bebidas
Em dezembro, estudantes e ex-alunos da Ufop relataram ao Estado de Minas que tiveram de se submeter a gincanas de bebedeiras e humilha��es para tentar vaga nas rep�blicas. Em algumas moradias estudantis, eles contaram, os trotes vexat�rios e o est�mulo � ingest�o excessiva de bebidas alco�licas fazem parte da rotina de calouros, tamb�m chamados de “bichos”. De acordo com quem j� morou ou mora nas rep�blicas, al�m da incita��o � bebedeira h� rituais que incluem castigos f�sicos e exposi��o p�blica dos novatos.