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Estado de Minas

Inseguran�a nas boates dissemina medo nas cidades universit�rias

Inc�ndio e mortes em cidade ga�cha alertam autoridades e estudantes de munic�pios com o mesmo perfil em Minas. Avalia��o de casas de shows indica: trag�dia poderia ter sido aqui


postado em 03/02/2013 06:00 / atualizado em 03/02/2013 10:49

Em Viçosa, agentes vistoriaram estabelecimentos de onde partiam mais queixas. Em uma das casas interditadas, encontraram madeira por todo canto e alvará vencido(foto: Marcos Michelin/Em/D.A Press)
Em Vi�osa, agentes vistoriaram estabelecimentos de onde partiam mais queixas. Em uma das casas interditadas, encontraram madeira por todo canto e alvar� vencido (foto: Marcos Michelin/Em/D.A Press)


Vi�osa, Lavras, Alfenas e Ouro Preto – A fuma�a t�xica que matou mais de duas centenas de pessoas, a maioria estudantes, no inc�ndio da Boate Kiss, na cidade de Santa Maria (RS), rompeu as divisas ga�chas e se espalhou pelas cidades universit�rias mineiras. Mais que isso: colocou em estado de alerta pais de jovens que deixam suas casas em busca de consagrados centros de ensino superior mineiros, como Vi�osa (Zona da Mata), Lavras e Alfenas (Sul de Minas) ou Ouro Preto (Regi�o Central). Em algumas dessas cidades, uma inc�moda sensa��o inquieta estudantes e autoridades. As palavras do estudante de hist�ria da federal de Vi�osa Rodrigo Paulinelli, de 25 anos, resumem esse n� na garganta: “Se fosse aqui, todo mundo teria morrido”. N�o parece ser uma avalia��o apressada. Tanto que � compartilhada por autoridades como o promotor de Justi�a de Alfenas Fernando Ribeiro Magalh�es Cruz. “A trag�dia de Santa Maria poderia ter ocorrido aqui”, refor�a ele. Durante a �ltima semana, equipes do Estado de Minas ouviram palavras parecidas e, visitando casas noturnas sem sa�das de emerg�ncia ou extintores nessas cidades, constatou que a apreens�o � mais que justificada. Tanto que j� desencadeou vistorias e interdi��es, em uma mobiliza��o empurrada pelo desastre no Sul, que n�o se restringe ao interior, mas levou ao fechamento de mais uma casa, ontem, tamb�m em Belo Horizonte.

“N�o consigo pensar em nenhum lugar fechado em Vi�osa que d� para a gente sair com tranquilidade.” As palavras da jovem Marina Hassen, de 20 anos, aluna do curso de engenharia el�trica da Universidade Federal de Vi�osa (UFV), na Zona da Mata, resumem bem o sentimento de boa parte da popula��o estudantil da cidade, depois da trag�dia de Santa Maria. O desastre chamou a aten��o para o que acontece nas cidades universit�rias, onde a popula��o de alunos � grande, assim como a busca por op��es noturnas de lazer. Nos munic�pios visitados por equipes do Estado de Minas � comum encontrar boates e casas noturnas com estrutura acanhada para o p�blico que recebem, que acabam ignorando itens fundamentais de seguran�a, al�m de armazenarem irregularmente produtos perigosos, como g�s de cozinha.

A futura engenheira Marina mora em um apartamento com outras estudantes da UFV. Todas afirmam que a semana foi de compara��es entre a situa��o de Vi�osa e a de Santa Maria. Fl�via Divino, de 23, que cursa o oitavo per�odo de biologia, faz parte do grupo e diz que pelo menos dois locais na cidade preocupam mais, por causa da estrutura fechada. “Depois do acidente, a primeira coisa que todo mundo pensou � que, se fosse aqui, seria desesperador.” Outra integrante do grupo, Marcela Nunes, de 18, est� no segundo per�odo de direito e diz j� ter ouvido relatos de colegas sobre manuseio de fogos de artif�cio em uma das casas noturnas fechadas de Vi�osa. Em ambos os espa�os, a frequ�ncia de alunos da UFV � grande, inclusive com festas em parceria, nas quais normalmente o p�blico � predominantemente de universit�rios.

"Temos dois lugares fechados aqui onde, se houver fogo, morre todo mundo. Al�m disso, se de fato acontecer algo, o pelot�o de bombeiros mais pr�ximo est� a 60 quil�metros%u201D - Rodrigo Paulinelli, aluno do oitavo per�odo de hist�ria da UFV (foto: Marcos Michelin/Em/D.A Press)
Convicto, o futuro historiador Rodrigo Paulinelli diz que � poss�vel prever a trag�dia em caso de problemas nas casas noturnas de Vi�osa. “Temos dois lugares fechados aqui onde, se houver fogo, morre todo mundo. Al�m disso, se de fato acontecer algo, o pelot�o de bombeiros mais pr�ximo est� a 60 quil�metros”, diz ele, referindo-se � 3ª Companhia de Ub�, na Zona da Mata, respons�vel por Vi�osa.

Tamb�m aluna de hist�ria, Emily Ucceli, de 22, diz ter recebido uma liga��o da m�e logo depois da trag�dia no Rio Grande do Sul. “Ela queria saber onde vai ser meu baile de formatura, temendo que o lugar n�o tenha estrutura”, conta. B�rbara Mesquita, de 19, que cursa ci�ncias cont�beis, percebeu a mesma preocupa��o nas palavras de sua m�e. “A regra agora � prestar aten��o a todos os lugares que frequento”, diz.

Vistoria apressada

Enquanto a equipe do EM esteve em Vi�osa, a prefeitura convocou reuni�es para definir o que fazer com rela��o �s casas noturnas do munic�pio: pelo menos 12, que funcionavam normalmente recebendo p�blico para festas e shows. Na quinta-feira, agentes do Departamento de Fiscaliza��o, acompanhados do Corpo de Bombeiros, visitaram os dois ambientes fechados de onde as reclama��es mais chegavam. Ambos foram interditados por per�odo indeterminado, at� que seja providenciado o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), documento essencial para garantir a seguran�a e a preven��o contra inc�ndio.

Segundo o Departamento de Fiscaliza��o da prefeitura, o auto � um dos itens necess�rios para a libera��o do alvar� de funcionamento. Questionado sobre o motivo de as casas funcionarem antes sem o documento, o chefe do departamento, Bruno Bhering, afirmou que a administra��o municipal autorizava o funcionamento mediante vistorias pr�vias dos Bombeiros, que geravam uma declara��o sobre o que seria necess�rio fazer antes da inspe��o final. “Esse documento vale por 90 dias e os donos assinavam sob a responsabilidade de entregar o auto de vistoria final dentro do prazo”, afirmou. Por�m, o que se percebe � que os estabelecimentos n�o se preocupavam mais com a regulariza��o e abriam as portas normalmente. Segundo o capit�o Patrick Tavares Gomes, comandante da 3ª Cia. de Bombeiros de Ub�, o AVCB dos bombeiros vale por tr�s anos. “Qualquer altera��o que for feita na casa deve ser comunicada para nova vistoria. Mas muitas mudam e n�o comunicam, mantendo o estabelecimento aberto.”

A equipe do EM teve acesso a uma das boates interditadas. Dentro da Samsara Music Club, h� revestimento de madeira no piso, nas paredes e no teto. Al�m disso, os bombeiros apontaram problemas na dist�ncia entre as bases de ferro dos guarda-corpos e escadas e falhas na ilumina��o que aponta a sa�da de emerg�ncia, entre outros. Um dos s�cios da casa, Renan de Deus, reconheceu que o alvar� de funcionamento estava vencido desde 27 de dezembro, e confirmou que estava aguardando vistoria dos Bombeiros, mas criticou a lentid�o do processo. “A vistoria �s vezes demora 15, 20 ou 30 dias. Esse prazo � complicado para nossos eventos”, afirmou. O capit�o Patrick argumenta que os prazos est�o previstos na legisla��o. “N�o adianta a pessoa solicitar vistoria de um dia para o outro”, completa. O EM n�o teve acesso � casa de shows Galp�o, tamb�m frequentada por estudantes da UFV e interditada quinta-feira, cujo propriet�rio n�o quis dar entrevista.

Alerta noturno
Confira os n�meros de algumas das principais cidades universit�rias mineiras, onde � grande o p�blico estudantil e a busca por boates
»Vi�osa
Popula��o: 72 mil habitantes
Universidades: 5
Universidade Federal de Vi�osa (UFV)
Univi�osa
Escola Superior de Vi�osa (Esuv)
Faculdade de Vi�osa (FDV)
Unopar
Popula��o estimada da maior institui��o: 17 mil na UFV

» Lavras
Popula��o: 92 mil habitantes
Universidades: 4
Universidade Federal de Lavras (Ufla)
Faculdade Adventista de Minas Gerais (Fadminas)
Centro Universit�rio de Lavras (Unilavras)
Faculdade Presbiteriana Gammon (Fagammon)
Popula��o estimada da maior institui��o: 10 mil na Ufla

» Ouro Preto
Popula��o: 70 mil habitantes
Universidades: 2
Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop)
Instituto Federal Minas Gerais (IFMG)
Popula��o estimada da maior institui��o: 13,6 mil na Ufop

» Alfenas
Popula��o: 73 mil habitantes
Universidades: 3
Universidade Federal de Alfenas (Unifal)
Universidade Jos� do Ros�rio Vellano (Unifenas)
Escola de Farm�cia e Odontologia (Efoa)
Popula��o estimada da maior institui��o: 5 mil na Unifal

Fontes: IBGE, Ufop, UFV, Ufla e Unifal

 


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