
Motoristas que insistirem em consumir alco�lica para pegar a estrada no carnaval estar�o sujeitos a cair nas blitzes com 150 baf�metros nas rodovias federais que cortam Minas Gerais. A meta da Pol�cia Rodovi�ria Federal � fazer quase 800 testes por dia com o aparelho at� quarta-feira de Cinzas. O desafio, por�m, � o tempo gasto pelos agentes para registrar a ocorr�ncia, em casos de flagrante de motoristas embriagados, que podem demorar at� quatro horas.
Para garantir a efici�ncia da fiscaliza��o, como o n�mero de agentes que se deslocar�o at� delegacias, policiais rodovi�rios de outros estados refor�ar�o o patrulhamento em Minas a partir de hoje. Folgas e f�rias foram suspensas e todos os agentes que trabalham nos setores administrativos v�o tamb�m para as estradas do estado.
O carnaval � considerado o per�odo mais cr�tico nas estradas, segundo a PRF, por causa do maior fluxo de ve�culos no fim de semana prolongado pela folia, que muitas vezes implica desrespeito �s leis de tr�nsito. Ser� o primeiro carnaval com toler�ncia zero � mistura de �lcool e dire��o.
Segundo a chefe do N�cleo de Comunica��o Social da PRF, inspetora Fabrizia Nicolai, a ordem � dar mais �nfase � fiscaliza��o contra embriaguez ao volante. No ano passado, 4.304 testes foram aplicados.
“Os motoristas precisam ter percep��o da presen�a da pol�cia para cumprir as leis de tr�nsito. E n�o h� como mobilizar equipes nas sa�das e chegadas das cidades em fun��o do tumulto pelo grande fluxo de ve�culos. Assim, as abordagens da Lei Seca ser�o de rotina, aleatoriamente. Enquanto um motorista estiver sendo fiscalizado, os outros que passarem pela rodovia v�o observar. Nossa meta de aplica��o de testes ser� 10% maior que a do ano passado”, afirma a inspetora.
Capital
Em Belo Horizonte, as blitzes da Lei Seca v�o ocorrer tamb�m de dia e em locais pr�ximos ao desfile de blocos carnavalescos. De acordo com o subcomandante do Batalh�o de Tr�nsito, major Jeancarlos Pereira Barbosa, a unidade ter� refor�o de 34 policiais, para dar conta da demanda. Motos tamb�m ser�o usadas para cercar nas ruas condutores com suspeita de embriaguez. Nesse caso, os motoristas ser�o “escoltados” at� a blitz mais pr�xima.
“Nossas opera��es j� ocorrem de segunda a segunda, mas a fiscaliza��o ser� intensificada. Haver� blitz durante a tarde e � noite, com pelo menos duas por hor�rio. As equipes tamb�m mudar�o de local. Montaremos bases nos principais corredores e pr�ximo aos blocos com maior concentra��o”, diz o subcomandante. “Al�m disso, todas as viaturas em patrulhamento poder�o fazer abordagens e submeter os motoristas ao teste do baf�metro”.
Regi�o metropolitana
No domingo � tarde, o Batalh�o de Tr�nsito apoiar� a fiscaliza��o da PRF nas estradas que cortam a capital. Bombeiros e guardas municipais tamb�m participar�o das a��es. J� na regi�o metropolitana de BH, h� duas opera��es marcadas para Sabar� e Betim, respectivamente, nos dias 8 e 9. “Vale lembrar ao motorista que o baf�metro agora serve como contraprova. Se o policial suspeitar que ele est� embriagado, mas ele n�o deve nada, pode fazer o teste e comprovar sua situa��o. A recusa a soprar o baf�metro � um agravante”, afirma o subcomandante Jeancarlos.
Dirigir, s� 12 horas ap�s a �ltima dose
Em tempos de folia, os excessos s�o comuns, mas os motoristas devem estar atentos para o fato de que n�o h� limite seguro de alcoolemia para quem vai assumir a dire��o. Segundo o psiquiatra Valdir Ribeiro Campos, integrante da Comiss�o de Controle de Drogas da Associa��o M�dica de Minas Gerais e especialista em depend�ncia qu�mica, o ideal � que o condutor s� dirija 12 horas depois de beber a �ltima dose. Do contr�rio, o organismo ainda pode apresentar redu��o da capacidade de aten��o.
De acordo com o especialista, o f�gado, em geral, leva duas horas para metabolizar uma dose de qualquer bebida (quatro horas para duas doses assim sucessivamente). Sendo assim, o motorista pode n�o ser mais flagrado no baf�metro, embora o organismo ainda possa estar sob efeito do �lcool.
“Tudo depende de quanto a pessoa bebeu, do seu peso e da alimenta��o, mas, de maneira geral, ainda que o baf�metro n�o indique a presen�a de �lcool no organismo, essa subst�ncia continua produzindo rea��es. As pesquisas mostram insistentemente que n�o h� n�vel seguro de alcoolemia para dirigir e a toler�ncia � zero mesmo”, afirma o m�dico.
Ele defendeu essa quest�o em seu doutorado, em dezembro de 2012, quando um motorista paulista que bebeu a noite toda e dormiu algumas horas dentro do carro, no Parque do Ibirapuera, atropelou duas pessoas ao voltar � dire��o. No dia 7 daquele m�s, Wagner Alves de Alvarenga, de 23 anos, errou o caminho de casa e subiu na cal�ada do desembarque do aeroporto de Congonhas, atropelando duas passageiras. Uma delas morreu. Ele havia participado de uma festa da empresa e bebeu. Para n�o voltar dirigindo, passou algumas horas no parque, dentro do carro.
“Esse acidente foi marcante porque eu defendia justamente que a toler�ncia para quem vai dirigir � zero. Todo mundo fica se perguntando se vai ser pego no baf�metro ou n�o, mas, mesmo sem �lcool no organismo, quem bebeu ainda � afetado por ele e pode apresentar efeitos cognitivos relacionados � mem�ria, como altera��es psicomotoras e falta de no��o de tempo, de velocidade, de dist�ncia, de rea��o e principalmente de julgamento”, alerta o especialista. “A ressaca � prova disso. � um estado de abstin�ncia, que mostra que mesmo depois de beber e descansar, o �lcool continua produzindo efeitos no corpo”, completa o psiquiatra.
Campanha nas estradas hoje
�rg�os de tr�nsito e a Secretaria de Estado de Sa�de far�o hoje uma opera��o educativa da Lei Seca na BR-356, pr�ximo � Copasa, na sa�da para o Rio de Janeiro. Entre as 9h e as 11h, as equipes v�o distribuir aos motoristas cerca de tr�s mil baf�metros descart�veis, tentando conscientiz�-los sobre os riscos de misturar bebida e dire��o. Homologado pelo Departamento Nacional de Tr�nsito (Denatran), o baf�metro descart�vel � composto por um saquinho pl�stico com bocal e controle qu�mico, para identificar a embriaguez do condutor, embora n�o consiga medir a quantidade de �lcool no ar expelido. A ideia � que – sem dirigir depois de ingerir bebidas alco�licas – os motoristas possam observar o resultado do teste e constatar sua situa��o, que � contr�ria � lei.