(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Governo desestimula autoexame de mama

Governo prioriza mamografia e deixa de incentivar um dos m�todos at� h� pouco tempo mais aconselh�vel para detectar c�ncer. Mas m�dicos alertam que contato da mulher com o corpo n�o pode ser abandonado


postado em 02/03/2013 06:00 / atualizado em 02/03/2013 06:49

A dona de casa Maria do Rosário Barbosa descobriu tumor com o autoexame, mas não a tempo de preservar uma mama(foto: EDÉSIO FERREIRA/EM/D.A Press )
A dona de casa Maria do Ros�rio Barbosa descobriu tumor com o autoexame, mas n�o a tempo de preservar uma mama (foto: ED�SIO FERREIRA/EM/D.A Press )


As estimativas de novos casos de c�ncer de mama assustam: 52.680 mulheres acometidas pela doen�a no Brasil em 2012 e 2013. Em Minas Gerais, ser�o 5.680 casos este ano e em 2014. No �ltimo dado informado pelo Instituto Nacional do C�ncer (Inca), morreram 12.705 pessoas no pa�s em 2010. O crescimento dos n�meros a cada ano levou o �rg�o do Minist�rio da Sa�de a deixar de incentivar o autoexame, mote de v�rias campanhas no pa�s desde a d�cada de 1950.

A justificativa do Inca � de que a t�cnica de contato da mulher com o pr�prio corpo n�o foi capaz de levar ao diagn�stico precoce. Ao contr�rio, quando o n�dulo � encontrado, j� est� em est�gio avan�ado e muitas vezes sem chances de cura, o que faz da mamografia um recurso imprescind�vel. A dificuldade para o acesso ao equipamento est� na rede p�blica de sa�de. Para fazer a mamografia pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS) a demora, em m�dia, � de dois a tr�s meses a partir da consulta com o ginecologista no posto de sa�de.

A mudan�a feita pelo Inca provoca pol�mica entre o poder p�blico, m�dicos e pacientes, mas o que todos concordam � que a mulher deve se cuidar. O autoexame da mama � uma forma t�cnica pela qual a mulher se examina. Tem dia certo para ser feito a cada m�s, assim como posi��es e formas espec�ficas.

A dona de casa Maria do Ros�rio Barbosa � um exemplo da pol�mica. No in�cio do ano passado ela descobriu que tinha um c�ncer, j� que sempre apalpava os seios. Fez mamografia em janeiro de 2010 e estava tudo normal. No ano seguinte n�o fez o exame e, por isso, n�o soube que um tumor maligno se desenvolvia. Em dezembro de 2011, ela percebeu um pequeno caro�o na mama esquerda que passava de 3cm e j� afetava as axilas. Correu para o m�dico e teve o diagn�stico. “Preferia ter descoberto antes, seria menos doloroso. Nunca achamos que vai acontecer com a gente, e olhe que eu era muito atenta a essa quest�o”, afirma. Hoje, aos 51 anos, ela tem apenas a mama direita e faz sess�es de quimioterapia. Descobriu com o autoexame, mas n�o a tempo de preservar uma parte do corpo: “Acho que percebi porque tinha uma mama pequena. Quem tem os seios maiores dificilmente consegue identificar”.

Segundo informa��es na p�gina do Inca na internet, o autoexame n�o contribuiu para a redu��o da mortalidade por c�ncer de mama e trouxe consequ�ncias negativas, como aumento do n�mero de bi�psias, falsa sensa��o de seguran�a nos exames falsamente negativos e impacto psicol�gico nos exames falsamente positivos.

O m�dico epidemiologista do Inca Arn Migowski explica que o autoexame � uma t�cnica espec�fica com padr�o, treinamento e difundida para as mulheres por meio de folhetos explicativos, com periodicidade definida. “Alguns estudos grandes mostraram que n�o tinha impacto na mortalidade. Hoje, recomenda-se que a mulher apalpe, que tenha consci�ncia do seu corpo e observe altera��es, mas fa�a a mamografia.”

Contato

O mastologista Carlos Henrique Menke, integrante da Sociedade Brasileira de Mastologia e m�dico do Hospital de Cl�nicas de Porto Alegre, concluiu em 2010 o estudo “Autoexame ou autoengano?”. Segundo ele, apalpar a mama era at� pouco tempo atr�s um dos m�todos mais aconselh�veis para o diagn�stico precoce do c�ncer, desde a metade dos anos 1980, quando outros exames eram escassos. “Entramos na era da mamografia, que detecta tumores abaixo de 1cm”, explicou. Mas ele pondera: “O contato, a preocupa��o da mulher com seu corpo � muito importante e n�o pode ser abandonado. N�s ainda estimulamos”. “N�o diminuiu a mortalidade, mas existem �reas que s�o totalmente desassistidas. Nessas condi��es, o autoexame � muito v�lido, mesmo que n�o economize vidas, vai economizar mamas porque a realidade do Brasil � que os tumores que chegam aos centros m�dicos ainda s�o muito grandes”, disse.

O autoengano, explica ele, � que o autoexame n�o deve ser usado exclusivamente como diagn�stico. A estimativa no Brasil, segundo Menke, � de que, mesmo entre as mulheres treinadas para a t�cnica, 20% faziam corretamente para verificar a exist�ncia do n�dulo. “H� um temor de encontrar o c�ncer e muitas n�o sabem interpretar o que est�o apalpando.”

Estado

A realidade de Minas acompanha a do Brasil. Segundo dados da Secretaria de Estado de Sa�de, em 2010, a taxa de mortalidade em Minas foi de 11,55 a cada 100 mulheres. Maior que no ano anterior: 10,58 mortes a cada 100 mil mulheres. Mas a inten��o � que diminua at� 2014, quando a estimativa � de que a taxa de mortalidade caia para 10,8 a cada 100 mil mulheres. No pa�s, morreram em 2010 11,51 mulheres para cada grupo de 100 mil e as estimativas eram de 49 mil novos casos em 2011. Os n�meros fazem do c�ncer de mama o que, historicamente, mais mata mulheres em todos os estados. As pol�ticas p�blicas do estado tentam abolir o autoexame . O coordenador do Programa de Controle do C�ncer da Mulher da Secretaria de Sa�de, S�rgio Bicalho, diz que o incentivo � pela mamografia para diminuir as mortes. “O autoexame n�o existe mais. Ele n�o diminuiu a mortalidade e a pol�tica do estado � de que se fa�a a mamografia”, afirmou. Para tentar chegar a todas as mulheres em 853 munic�pios, que � o desafio segundo ele, dois mam�grafos m�veis s�o usados, al�m dos fixos em hospitais e centros p�blicos de sa�de. No fim de mar�o, ser�o mais quatro.

O poder p�blico acerta ao desestimular o autoexame?


S�rgio Bicalho  - Coordenador do Programa de Controle do C�ncer da Mulher da Secretaria de Estado da Sa�de

Sim


“N�o se fala mais em autoexame, ele n�o existe mais. N�o diminuiu a mortalidade e o que vai fazer isso � realmente a mamografia. A pol�tica do estado � que se fa�a a mamografia, pela ci�ncia m�dica � o �nico que permite reduzir o n�mero de mortes.”

Nedda Vasconcelos - Presidente da Sociedade Mineira de Cancerologia

N�o

“� incentivado para todas as mulheres fora do per�odo menstrual, inclusive temos a mama amiga, que � um desenho que mostra o que � normal e o que pode ser uma doen�a mais avan�ada. A mamografia � o m�todo mais confi�vel, sem d�vida, mas o autoexame tem seu valor.”

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)