
O c�ncer de mama � uma doen�a silenciosa, que se desenvolve, na maioria dos casos, sem provocar dores fortes. E uma preocupa��o dos m�dicos � de que seja descoberto sem a necessidade de mutilar a mulher. Segundo o mastologista Carlos Henrique Menke, integrante da Sociedade Brasileira de Mastologia e m�dico do Hospital de Cl�nicas de Porto Alegre, em geral, a estimativa brasileira � que em 50% dos casos ainda � preciso retirar a mama, a mastectomia, por causa do tamanho do tumor encontrado.
“Temos tumores muito grandes ainda. O ideal � at� 1,5cm, que tem chance de cura sem deformar a mulher. A grande meta � curar aqueles em tamanho menor”, afirmou. Hoje, uma das t�cnicas usadas pela medicina � a cirurgia oncopl�stica, quando a mama � reconstru�da fazendo assimetria com a outra. A pr�tese � necess�ria quando a mama inteira � retirada.
A dona de casa Lucr�cia do Carmo Campolina Pinto, de 53 anos, sabe o que � entrar na sala de cirurgia e sair sem parte do corpo. Ela teve o primeiro c�ncer aos 40 anos, na mama esquerda. A m�e morreu com 45, pela mesma doen�a. Quatro anos depois, apalpando a mama direita, ela identificou mais um n�dulo e n�o conseguiu salvar o outro seio. P�s pr�teses, mas n�o se esqueceu do trauma. “Um c�ncer � muito traumatizante. � uma li��o di�ria, me olho no espelho sempre e vejo minha situa��o. Tive que aprender que a vida � mais que duas mamas.”
O primeiro n�dulo ela n�o conseguiu detectar no autoexame, apenas o segundo, quando j� estava mais treinada. “Sempre falo que � importante que a mulher conhe�a seu corpo e mantenha uma disciplina de consultas m�dicas e exames. � um conjunto”, afirmou.
Troca de experi�ncias
J� a dona de casa S�lvia Helena Pinheiro mora em Matosinhos, mas est� sempre em Belo Horizonte a pedido dos m�dicos que acompanharam seu tratamento contra o c�ncer. Tinha mania de se tocar e, num caso raro, descobriu um c�ncer na mama aos 28 anos, quando amamentava seu segundo filho, h� 13 anos. Ela teve que tirar a mama, fez radioterapia, quimioterapia e pediu muito a Deus para continuar a viver. “Hoje, aos 40 anos, era para eu fazer a primeira mamografia. Mas j� fiz mais de 100.” Ela participa do Projeto Conhecer, desenvolvido pelo Centro de Quimioterapia da Santa Casa.
A cada tr�s meses, mulheres, familiares e m�dicos se re�nem para trocar experi�ncias. S�lvia sempre mant�m o seu alto astral. “Meus m�dicos, quando precisam dar a not�cia para alguma paciente, me ligam para eu esperar do lado de fora. Quando saem, chorando, digo a elas que � poss�vel vencer, que na hora � o fim do mundo, mas depois tudo passa”, contou. O pr�ximo encontro do Projeto Conhecer ser� no dia 16 de mar�o, �s 8h30, na Santa Casa de Belo Horizonte, com entrada gratuita.
De olho no pr�prio corpo
Al�m de se apalpar, mesmo que n�o seja tecnicamente autoexame, as mulheres devem observar altera��es no pr�prio corpo. Segundo o m�dico oncologista Charles P�dua, diretor do Cetus hospital-dia, em Betim, na Grande BH, na frente do espelho, elas podem identificar sinais de que algo est� errado com a mama. Uma dica � observar, com os bra�os levantados ou para baixo, se os mamilos est�o alinhados. Sair qualquer l�quido que n�o seja o leite materno n�o � normal. Mamilo retra�do, com alguma ferida, ou a pele como uma casca de laranja, s�o altera��es que precisam ser investigadas.
Outra dica do m�dico � apalpar as axilas tamb�m. Alguns tumores, em casos raros at� mesmo os de mama, podem se desenvolver nessa regi�o. “Estimular que a mulher conhe�a e observe seu pr�prio corpo se soma � vigil�ncia, � um conjunto de a��es para o diagn�stico precoce”, afirmou.
A mamografia � indicada a partir dos 40 anos, mas alguns fatores podem aumentar o risco para o c�ncer de mama e sugerem mais aten��o pelas mulheres que estiverem em idade mais baixa. Segundo P�dua, ter um hist�rico familiar do tipo de c�ncer aumentam as chances e exigem cuidado. A exposi��o excessiva ao estr�geno (horm�nio feminino) � outro fator influenciado, por exemplo, pela falta de amamenta��o e longo per�odo menstrual durante a vida. Charles P�dua enfatiza ainda fatores externos, como consumo de gordura e ingest�o de �lcool em excesso, al�m de sobrepeso e tabagismo. “As mulheres est�o bebendo demais e isso � fator negativo”, disse.