Mateos Santiago Perotti Vergara, de um m�s, tem no sobrenome parte de duas m�es. O Perotti vem de Maria Silvina Valeria Perotti, a empres�ria argentina morta em 10 de fevereiro ap�s ter sido baleada na cabe�a enquanto ainda carregava o beb� no sexto m�s de gesta��o. Vergara vem da �nica m�e conhecida pelo menino, que desde seu nascimento est� internado na unidade de tratamento intensivo (UTI) Neonatal do Hospital J�lia Kubitschek, a av� materna Silvia Graciela Vergara. Desde ent�o, o quadro cl�nico dele passou por melhoras e reca�das, mas permanece grave. J� os questionamentos que cercaram o homic�dio de sua m�e continuam, um m�s ap�s a morte de Valeria, n�o respondidos, uma vez que o inqu�rito da Pol�cia Civil sobre o caso ainda n�o foi conclu�do.
De acordo com o m�dico intensivista e pediatra Bruno Morais Dami�o, que supervisiona a UTI neonatal, os problemas desenvolvidos pelo menino foram os esperados em crian�as na mesma situa��o, no entanto ainda n�o � poss�vel dizer se as circunst�ncias tr�gicas da morte da m�e tamb�m ir�o afet�-lo fisicamente ou deixar sequelas. “Ele nasceu por uma ces�rea de emerg�ncia e prematuro, com a m�e sendo reanimada. Isso pode gerar repercuss�es que a gente ainda n�o conhece, como a quest�o de desenvolvimento da crian�a. S� com o tempo a gente vai ter uma perspectiva disso”, comenta.
Nesse tempo no hospital, Mateos chegou a ter uma hemorragia pulmonar, uma infec��o grave e um choque circulat�rio. Ele tem tamb�m problemas no cora��o e no c�rebro. Por causa deles, a equipe m�dica cogitou a possibilidade de fazer duas cirurgias de corre��o, que s� poder�o ser realizadas depois que o quadro dele evolua e ele ganhe peso. “O que estamos fazendo � o suporte do nen�m para deix�-lo crescer e viver por conta pr�pria. Ele ainda precisa de ventila��o mec�nica, porque n�o consegue respirar sozinho, e a gente tamb�m d� uma nutri��o parenteral, porque ele tem dificuldade de receber a dieta. O quadro � grave e ele ainda corre riscos, mas comparado com o in�cio, j� houve uma melhora significativa.”
O contato di�rio com a av� � visto pela equipe m�dica como um ponto a favor da recupera��o do beb�. “A gente tenta manter o contato pele a pele porque isso ajuda no desenvolvimento e na cura da crian�a”, afirma. Para Silvia, � fundamental participar do dia a dia do neto. “Eu gosto de, a todo tempo, tocar no nen�m. Ele abre os olhos e agarra meu dedo. Eu falo que o amo e converso com ele sempre. Sei que ele n�o me v�, mas j� me reconhece”, comenta.
QUERO JUSTI�A Diariamente ela sai da regi�o do Eldorado, em Contagem, onde mora, e segue at� o hospital, no Barreiro, para acompanhar a recupera��o do neto. “A coisa que eu mais quero � que ele fique bem. Eu acredito nesse milagre”, destaca. Para a argentina, � dif�cil falar do neto sem se lembrar da filha Valeria, e quando isso acontece, as l�grimas v�m facilmente. “Eu quero justi�a, quero que o assassino seja preso. Acho muito ruim a pol�cia n�o ter feito a per�cia da p�lvora s� porque era carnaval e espero que o governo do meu pa�s me ajude a fazer isso andar mais r�pido”, diz. Amanh�, uma missa ir� marcar o primeiro m�s da morte.
O principal suspeito do crime � o ex-companheiro de Valeria, Jos� Ant�nio Mendes de Jesus, de 32 anos, que chegou a ser preso em flagrante pelo homic�dio e ficar encarcerado por cinco dias no Ceresp S�o Crist�v�o. Para a delegada Helenice Ferreira, que conduz o inqu�rito, a pris�o foi baseada em provas testemunhais e concretas. No entanto, Jos� foi liberado pelo juiz de plant�o da Vara de Habeas Corpus e Medidas Urgentes do F�rum Lafayette, Carlos Roberto Loiola, que considerou a pris�o sem fundamento de provas de autoria.