Os jesu�tas est�o em evid�ncia. A ordem fundada pelo espanhol Santo Ign�cio de Loyola em 1534 � lan�ada aos holofotes do mundo depois de quase 500 anos da sua funda��o com a nomea��o do papa Francisco, da Companhia de Jesus, para comandar a Igreja Cat�lica. A educa��o, bem precioso para os jesu�tas desde o s�culo 16, tem na comunidade de Belo Horizonte o Col�gio Loyola como representante desse ideal. A institui��o comemora 70 anos na segunda-feira com a miss�o de formar homens e mulheres comprometidos com um mundo melhor. Um col�gio que tem como valor estimular o pensar e a reflex�o e abre espa�o para a transgress�o positiva, essencial para a capacidade de criar e inovar. Os 70 anos ser�o marcados com festas, exposi��o de pinturas e esculturas de artistas mineiros, ex-alunos e padres jesu�tas, mostra de objetos antigos do acervo do col�gio, apresenta��es art�sticas e culturais e missa solene.
Para o padre Germano, comemorar a longa idade leva a escola a pensar as possibilidades para os pr�ximos anos. “N�o � uma empresa para gerar lucro a nossa miss�o � educativa.” Ele lembra que a educa��o para a Companhia de Jesus � a promo��o humana, em que se inclui a evangeliza��o. “N�o � fazer rezar, embora isso fosse bom. Um dos principais modos como os jesu�tas trabalham a evangeliza��o � a excel�ncia na forma��o humana, que para n�s � um curr�culo permeado por valores crist�os, como compaix�o, fraternidade, solidariedade, promo��o de cidadania, letras e artes”, lembra, acrescentando que o Loyola foi um dos primeiros col�gios do Brasil a receber meninas. Foi preciso pedir autoriza��o ao padre que chefiava a institui��o na �poca. Padre Germano destaca que a escola tem tradi��o educativa diferente: pedagogia inaciana, que leva em conta contexto, pessoa e condi��o de aprendizado, conhecimento que leve a uma avalia��o do mundo e a��o ben�vola para a sociedade e a Igreja.
Princ�pios b�sicos
O Col�gio Loyola tem dois princ�pios b�sicos: qualidade acad�mica e excel�ncia na forma��o humana. Padre Germano enfatiza que os alunos aprendem a lutar contra a corrente do individualismo e do consumismo. Posi��o que causa estranheza a professores de forma��o tradicional, diante de uma cultura t�o aberta e expansiva. “A cabe�a dos meninos � outra, eles pertencem a uma cultura midi�tica. As escolas ainda n�o se d�o muito bem com tecnologia. O col�gio busca capacita��o dos docentes para a tecnologia ajudar na forma��o dos alunos, e n�o para ser apenas uma ferramenta cega.”
Padre Germano diz que o futuro pede releitura da educa��o. Interpretar a cultura das crian�as e jovens e tirar proveito disso para form�-los a favor de uma forma��o human�stica. Depois, encontrar formas de envolver os pais como agentes educadores. Desafio maior ainda pelo tempo curto dos pais para transmitir valores aos filhos.” E o terceiro grande obst�culo, de acordo com o padre, � oferecer educa��o em tempo integral, que � uma demanda das fam�lias: “Por enquanto n�o h� projeto, j� que ter�amos de diminuir o n�mero de alunos e aumentar a �rea”. E sobre a escolha de papa jesu�ta, padre Germano conta que o despertar da curiosidade das pessoas � uma forma de poder falar melhor “da nossa proposta. Esperamos dele di�logo maior com os fi�is e renova��o da Igreja”.
Gratid�o
A pedagoga Francelina C�ndida Diniz Quint�o Borges Gomide, de 60 anos, � a funcion�ria mais antiga do Col�gio Loyola. S�o 34 anos de dedica��o e aprendizado. Ela come�ou como professora do prim�rio e passou para o ensino fundamental 1, em que trabalhou por 10 anos. Em seguida, foi convidada para ser coordenadora de s�rie do terceiro ano: “Foi muito significativo porque fazia a prepara��o para a primeira eucaristia”. Por 18 anos trabalhou como coordenadora, papel de que se orgulha pelo contato com alunos, pais e professores: “Fazia a media��o entre eles, fun��o que envolve todo um contexto, tendo o respaldo da dire��o e vis�o ampla da escola”. Com a reestrutura��o da institui��o, ela assumiu o cargo de apoio pedag�gico: “Por tr�s anos fui respons�vel em dar sustenta��o e ajudar a dire��o geral e acad�mica”.
Agora, como diz, “findando a caminhada e j� pensando em preparar um sucessor”, Francelina atua na coordena��o de quatro s�ries (do sexto ao nono ano) com a “miss�o de dar uma �nica linha de pensamento e a��o para as s�ries”. Ao pensar nos 70 anos do col�gio e nos seus 34 de escola, ela pensa em gratid�o, alegria, realiza��o profissional e pessoal: “Esta trajet�ria � um mergulho �ntimo no meu cora��o. O Col�gio Loyola est� ligado � minha vida. A arte de ensinar e aprender eu constru� na escola. Passei por oito reitores e sempre fui reconhecida e respeitada.”
Saiba mais
A hist�ria de santo
O nome do col�gio � refer�ncia ao santo fundador da Companhia de Jesus. Ele queria encontrar um modo de servir a Deus. Para ele, era preciso ter discernimento para conversar com as pessoas sobre Deus e sobre a vida. Viveu na Espanha, Fran�a e It�lia. Era espanhol, de fam�lia da baixa nobreza e fidalgo da corte de Carlos V. Trabalhou para o ministro das Finan�as, depois virou cavaleiro e foi ferido em uma batalha. Na convalesc�ncia, o �nico livro que encontrou para ler na casa da cunhada era sobre a vida de Cristo e a B�blia. Virou seguidor de Jesus Cristo, inspirado em S�o Domingos e S�o Francisco. Teve v�rias experi�ncias m�sticas, mas a Igreja n�o aceitava que ele falasse sobre isso. Queria ajudar as pessoas, mas viu que n�o tinha forma��o necess�ria. A� percebeu a import�ncia da boa educa��o. Aos 33 anos, come�ou a estudar latim, depois se formou em filosofia e teologia, em Paris.
