
Cinquenta anos depois da derrubada de 350 f�cus na Avenida Afonso Pena, os gigantes verdes que remetem � funda��o da capital voltam ao centro das aten��es. A Prefeitura de Belo Horizonte decretou situa��o de emerg�ncia por causa da infesta��o das �rvores pela mosca-branca-do-f�cus (Singhiella sp). Se at� ent�o havia conhecimento da praga em tr�s �reas – Avenida Bernardo Monteiro, Avenida Barbacena e adro da Igreja da Boa Viagem –, ontem, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) assumiu que o inseto migrou para outras regi�es do munic�pio. T�cnicos j� identificaram 246 exemplares doentes na cidade, sendo 14 com indica��o de corte. A maior parte, 125, se concentra no Parque Municipal Lagoa do Nado, na Regi�o Norte da capital.
“Sem o decreto, essa aprova��o poderia demorar dois anos”, afirma a gerente de Gest�o Ambiental da SMMA, M�rcia Mour�o, que garante que ainda n�o h� autoriza��o para cortar �rvores, apesar da indica��o. De acordo com o coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel Alexandre Lucas, na semana que vem, uma comitiva vai a Bras�lia entregar o pedido de autoriza��o para o procedimento. Tamb�m no in�cio de abril, a prefeitura promete come�ar a instalar armadilhas contra a mosca, or�adas em R$ 1 mil. As placas adesivas amarelas ajudar�o a capturar as moscas. “Estamos trabalhando para controlar a praga, salvar as �rvores e proteger as pessoas e os bens”, ressalta Lucas.
Depois de testar o inseticida org�nico �leo de nim em galhos e troncos de alguns exemplares, os t�cnicos deram in�cio ontem a mais um experimento, com a aplica��o do produto em cinco mudas. Outro tanto est� recebendo tamb�m o fungo entomopatog�nico, que funcionar� como um agente de controle biol�gico. Os resultados do experimento, que devem ser conclu�dos em duas semanas, � que indicar�o a linha de atua��o a ser adotada. Um dos entraves em rela��o ao �leo de nim � o fato de a aplica��o ser autorizada pela Amvisa apenas em ambientes rurais. “Mas o risco do nim � bastante baixo”, assegura o engenheiro-agr�nomo da SMMA Dany S�lvio Amaral, esperan�oso pela aprova��o do produto em meio urbano.
Primeiro teste Segundo ele, a demora em encontrar uma solu��o envolve fatores como dinheiro p�blico e a dificuldade em lidar com a praga, cujo combate � pouco conhecido. “Em S�o Paulo, n�o houve essa preocupa��o com o manejo, e houve op��o principalmente pela supress�o. Em BH, n�o. O primeiro teste com o nim mostrou a efic�cia, mas temos que estudar mais para comprovar essa efici�ncia, pois a aplica��o do produto envolve despesa”, afirma. A verba para o tratamento dos f�cus em BH vem de compensa��o ambiental de empresa, conforme decis�o do Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural do Munic�pio. A SMMA n�o divulgou o montante necess�rio para tratar dos esp�cimes atingidos pela praga.
O p�s-doutor em ecologia S�rvio Pontes Ribeiro, professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), acredita que o quadro cr�tico reflete a falta de cuidado da prefeitura. “Houve uma neglig�ncia nos anos anteriores. N�o ocorreu uma atitude preventiva em rela��o �s �rvores nem mesmo um manejo mais intenso quando se soube da infesta��o, no ano passado”, afirma o especialista. Apesar de ter solicitado os laudos sobre a situa��o das �rvores, ele ainda n�o teve acesso aos pareceres, mas garante: “A maioria dessas �rvores tem condi��o de se recuperar. Na Fl�rida, onde houve o problema, a solu��o foi um tratamento para revigorar as plantas”, explica.
Integrantes do movimento Fica F�cus, criado em defesa das �rvores, esperam que a decreta��o da situa��o de emerg�ncia sirva para agilizar o tratamento dos f�cus. “Achamos que as a��es da prefeitura est�o demoradas, travadas por uma burocracia muito grande. Se a infesta��o � t�o grave, o tratamento tem que ser r�pido”, ressalta uma das fomentadoras do movimento, Patr�cia Caristo. O grupo tamb�m pede maior transpar�ncia nas discuss�es. “Tememos que esse decreto acabe atemorizando a popula��o e contribua para uma poss�vel supress�o das �rvore em favor de projetos de alargamento de avenidas e constru��o de estacionamentos subterr�neos”, diz.