
No s�bado passado, por�m, a adolescente revelou a uma amiga de Belo Horizonte que havia sido convidada por Toledo para um fim de semana rom�ntico em Lavras Novas, distrito de Ouro Preto. Ela estava no sal�o de beleza em Lafaiete e se preparava para encontrar o delegado, que iria busc�-la na casa da m�e. Na noite de domingo, A. foi baleada na cabe�a. O delegado alegou ao se apresentar na Corregedoria da Pol�cia Civil que a jovem havia tentado suic�dio, mas foi preso como suspeito do crime.
O Estado de Minas localizou a amiga da adolescente. Ela conta que recebeu uma liga��o de A. �s 16h27 de s�bado. “Ela estava feliz, disse que o Toledo queria pedir desculpa e que tinha reservado uma pousada para fazer um passeio muito bacana com ela. Eu disse para ela ter cuidado e at� perguntei se ele n�o podia aprontar alguma coisa, j� que ela tinha ido � delegacia. mas A. respondeu que estava tudo bem com eles”, diz a jovem, que esteve no hospital com a fam�lia de A. e pediu para n�o ser identificada.
A adolescente foi baleada na cabe�a no domingo, quando passava de carro com Toledo pela estrada que liga Lavras Novas a Ouro Preto. Ela permanece internada em estado grave no Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII (HPS), onde passou por cirurgia neurol�gica, segundo a assessoria de imprensa da Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
Agress�es
Depois do registro de agress�o em 19 de mar�o, A. foi inclu�da no Servi�o de Preven��o � Viol�ncia Dom�stica, da Pol�cia Militar, e recebeu duas visitas de policiais, nos dias 20 e 23, quando disse ter sido agredida em tr�s ocasi�es. A. informou ter encontrado o delegado no dia 22, porque ele queria que ela assinasse um termo desistindo da queixa.

Um amigo do casal confirma a gravidez, mas n�o sabe dizer de quem foi a iniciativa do aborto. Segundo ele, A. tinha a chave do apartamento do delegado e ficou hospedada l� por quase um m�s, per�odo em que ele teria viajado ao exterior.
Recentemente, Toledo tamb�m deu “carteirada” para entrar com a adolescente numa boate no Bairro Funcion�rios. Diante da recusa dos seguran�as da casa, ele afirmou que a menor era responsabilidade dele. “O relacionamento deles sempre foi muito conturbado, cheio de agress�es. Ela queria larg�-lo, mas o Toledo amea�ava. Na �poca da gravidez, no fim de janeiro, ela quis ir embora para Lafaiete, mas o delegado a convenceu a ficar.”
Afastamento por seguran�a
As determina��es da medida protetiva e o inqu�rito em que Toledo foi indiciado por agress�o correm em segredo de Justi�a. Segundo o criminalista e professor de direito processual da Faculdade Dom H�lder C�mara Andr� Myssior, o delegado n�o poderia ter se encontrado com a menor, mesmo se ela o tivesse convidado ou tenha aceitado entrar no carro dele por vontade pr�pria. Segundo o especialista, quando o agressor viola qualquer medida protetiva, o juiz decreta sua pris�o preventiva. Como o delegado j� est� preso, ele pode responder pelo crime de desobedi�ncia.
“As medidas protetivas pretendem impedir o agressor de se aproximar ou entrar em contato com a v�tima. H� uma s�rie de medidas, mas a que mais protege � o afastamento. O juiz pode ter proibido tamb�m qualquer contato por telefone ou meios eletr�nicos”, explica o advogado, lembrando que a Lei Maria da Penha impede que a v�tima retire a queixa. “Se a jovem estivesse atr�s dele, ele deveria ter recorrido � Justi�a pedindo a revoga��o da medida, mas n�o poderia encontr�-la de jeito nenhum: nem se ela convidasse, nem se ela aceitasse.”
Ex-namorada do delegado, a estudante de engenharia Paula Rafaella Maciel, de 24, garante que A. � quem perseguia Toledo. “Essa hist�ria da gravidez � inven��o”, diz. Paula conta que o depoimento de Toledo � Corregedoria da Pol�cia Civil durou quatro horas, na ter�a-feira. De acordo com a ex-namorada, que continua amiga do delegado e tamb�m prestou depoimento, ele teria inclusive apresentado fotos de outras mulheres com quem se relacionava para mostrar que o relacionamento com A. n�o era s�rio. “Acabamos nos aproximando e ela sempre me dizia que a fam�lia n�o queria saber dela e que, se Toledo tamb�m n�o quisesse, ela iria se matar. Estamos em busca da verdade e n�o foi o Toledo que atirou nela.” A advogada do policial, Maria Am�lia Tupynamb�, n�o foi encontrada para comentar o caso.
Nessa quarta-feira, a Comiss�o de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa aprovou solicita��o � Corregedoria da Pol�cia Civil para que Toledo v� depor sobre os crimes dos quais � acusado.
Delegado responde por v�rios crimes
O delegado Geraldo Toledo responde a processos em BH e no interior. Em 2007, foi denunciado na 5ª Vara Criminal por recepta��o, forma��o de quadrilha e adultera��o ou remarca��o de chassis, quando chefiava a delegacia de tr�nsito de Betim. O Minist�rio P�blico entrou com a��o civil p�blica contra ele na 2ª Vara de Fazenda P�blica Estadual por improbidade administrativa. H� tamb�m um processo de 2011 na comarca de Abre Campo, em que Toledo foi denunciado por estelionato. O MP o acusa de inserir declara��es falsas nos documentos de registro de ve�culos em Mateus Leme, na Grande BH, assinando procedimentos de vistoria de caminh�es inexistentes. O delegado teria ocultado ainda documentos de processos administrativos referentes ao emplacamento dos ve�culos. � �poca, ele estava na delegacia de S�o Joaquim de Bicas, na Grande BH. Em 2004, ele foi denunciado com a ex-mulher, a promotora M�nica Regina Rolla. � �poca, ele era delegado em Alfenas e foi acusado de invadir um estabelecimento sem ordem judicial e fazer uma pris�o em flagrante por porte de uma arma, que teria sido plantada. O preso teria tido uma desaven�a com o delegado. A den�ncia foi da Procuradoria Geral de Justi�a, mas o crime prescreveu.