
Numa iniciativa do Governo de Minas, a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) est� finalizando a instala��o de um N�cleo de Estudos Sismogr�ficos que auxiliar� na elabora��o de estudos sobre as causas de abalos s�smicos que t�m ocorrido em Montes Claros, na regi�o Norte de Minas. Com investimentos de cerca de R$ 150 mil, a iniciativa envolve a compra de duas esta��es sismogr�ficas, por meio de licita��o internacional, com capacidade para detectar a ocorr�ncia de abalos s�smicos em qualquer parte do mundo.
A instala��o do N�cleo de Estudos Sismogr�ficos est� sendo viabilizada por meio de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Ci�ncia, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes) com a Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). O n�cleo est� sob a responsabilidade do Departamento de Geoci�ncias da universidade, envolvendo profissionais do Centro de Estudos de Conviv�ncia com o Semi�rido, coordenado pelo professor Expedito Jos� Ferreira.
Numa parceria com a Universidade de Bras�lia (UNB) ecom o N�cleo de Sismologia da Universidade de S�o Paulo (USP), a unidade de estudos sismol�gicos da Unimontes integrar� os estudos sobre as principais causas dos abalos s�smicos na regi�o que, de acordo com avalia��o preliminar do Observat�rio Sismol�gico da UNB, s�o decorrentes de falhas geol�gicas.
Os equipamentos j� est�o sendo instalados e a expectativa � que o espa�o comece a funcionar em maio. Os trabalhos do N�cleo ser�o auxiliados por duas esta��es sismogr�ficas que est�o sendo instaladas em uma �rea do Parque Estadual da Lapa Grande, administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), e numa propriedade rural localizada a oito quil�metros da �rea urbana de Montes Claros. Os equipamentos foram importados do M�xico e os locais escolhidos para instala��o foram definidos tomando-se por base sua proximidade com o epicentro da ocorr�ncia dos abalos s�smicos– o que possibilitar� detectar com maior precis�o a intensidade de novos tremores que venham a ocorrer.
A instala��o da esta��o sismogr�fica e o treinamento de professores da Unimontes para a opera��o, manuten��o e leitura dos dados coletados pelos equipamentos est� sendo viabilizada por meio de coopera��o t�cnica com a UNB e o N�cleo de Sismologia da USP. Os professores da UNB Lucas Vieira Barros e Darlan Portela Fontenele contribu�ram com as especifica��es t�cnicas dos equipamentos e acess�rios sismogr�ficos que contemplam, entre outros, as unidades de aquisi��o de dados, sism�grafo, r�dios e painel solar.
Segundo o ge�grafo e mestre em cartografia e sensoriamento remoto da Unimontes, Manoel Reinaldo Leite, al�m de se dedicar � avalia��o dos fen�menos naturais que est�o ocorrendo no Norte de Minas, o N�cleo de Estudos Sismogr�ficos possibilitar� que a Unimontes se torne uma refer�ncia no desenvolvimento de pesquisas em abalos s�smicos, envolvendo acad�micos e professores de v�rias �reas do conhecimento.
“At� ent�o, os profissionais do Departamento de Geoci�ncias da Universidade Estadual de Montes Claros tinham conhecimento basicamente te�rico de quest�es relacionadas a abalos s�smicos. Com a instala��o da esta��o sismogr�fica, a Unimontes dar� um importante passo no sentido de desenvolver estudos e pesquisas de forma pr�tica, orientando a popula��o e integrando a��es de especialistas das mais diversas �reas do conhecimento e segmentos organizados da sociedade”, prev� Manoel Reinaldo, que integra a equipe do N�cleo.
O ge�grafo observa, ainda, que a intera��o com especialistas da UNB e da USP, que possuem larga experi�ncia no desenvolvimento de pesquisas e estudos sobre abalos s�smicos, abre perspectivas para que o desenvolvimento de estudos sismol�gicos na Unimontes. “Futuramente teremos condi��es de oferecer a segmentos espec�ficos da sociedade, bem como � popula��o em geral, subs�dios consistentes para conviv�ncia com os abalos s�smicos que s�o comuns no Norte de Minas e em outras regi�es do pa�s”, prev�.
Do ponto de vista t�cnico, Manoel Reinaldo conclui que � imposs�vel prever quando acontecer� um abalo s�smico, pois a ocorr�ncia de tais fen�menos depende das tens�es existentes nas rochas. S�o elas que causam rompimentos no subsolo e, consequentemente, os tremores. “Nas dimens�es das falhas detectadas no subsolo e suas extens�es � que se pode estimar probabilidades. Da� a necessidade da continuidade dos estudos”, explica o professor.
Falha geol�gica � o cerne do problema
De acordo com relat�rio divulgado no segundo semestre de 2012 pelo Observat�rio Sismol�gico da Universidade de Bras�lia (Obsis/UNB), por meio de nove esta��es sismogr�ficas instaladas em car�ter provis�rio em Montes Claros, ficou constatado que os tremores t�m como causa uma falha geol�gica de um a dois quil�metros de profundidade. As falhas est�o pr�ximas ao per�metro urbano, na regi�o Norte de Montes Claros, envolvendo o bairro Vila Atl�ntida e o Parque Estadual da Lapa Grande.
O monitoramento da regi�o vem sendo feito pela UNB ap�s a ocorr�ncia, em 19 de maio do ano passado, de um tremor de 4.2 na escala Richter. Em relat�rio apresentado no ano passado � reitoria da Unimontes, o coordenador do Observat�rio Sismol�gico da Universidade de Bras�lia, Lucas Vieira Barros, ressaltou que n�o � poss�vel prever se a ocorr�ncia de abalos s�smicos diminuir� ou se haver� novo surto com algum tremor de magnitude superior a quatro pontos na Escala Richter.
“O cen�rio mais prov�vel � que a atividade diminua gradualmente com alguns tremores ocasionais de magnitude pr�xima a tr�s. A probabilidade de ocorrer outro tremor maior � estimada em 1%, baseada em estat�sticas de outros casos ocorridos no Brasil. Mesmo com probabilidade pequena, recomenda-se refor�ar as casas fr�geis pr�ximo � �rea do epicentro”, diz o pesquisador no relat�rio.
Os t�cnicos fazem recomenda��es para a conviv�ncia com os fen�menos, j� que n�o � poss�vel prever se a atividade s�smica vai evoluir. Ainda de acordo com os estudos iniciais feitos por t�cnicos da UNB, as tens�es geol�gicas compressivas detectadas em Montes Claros s�o as mesmas que causaram os tremores no munic�pio de Manga, tamb�m no Norte de Minas, em 1990, e s�o compat�veis com as que causaram o sismo de Bras�lia, em novembro de 2000, com magnitude de 4.2 na escala Richter.
“Isso significa que os tremores de Montes Claros s�o resultados de ‘press�es’ geol�gicas que atuam em uma ampla regi�o do Brasil (...)”, conclui o documento.
Integra��o de a��es para preven��o de danos
Com base na identifica��o de que o epicentro dos �ltimos abalos s�smicos est� em Montes Claros, integrantes do Centro de Estudos do Semi�rido, que ir�o fazer parte do n�cleo, est�o desenvolvendo estudos de “macro sismos” a fim de detectar em quais bairros da cidade os efeitos dos tremores chegam a causar danos em im�veis. O levantamento tamb�m possibilitar� avaliar como a popula��o percebe, em localidades mais distantes, a ocorr�ncia do fen�meno.
Tais estudos servir�o de base para que o Departamento de Geoci�ncias envolva outros setores da Unimontes na implementa��o de a��es que possibilitem repassar informa��es para os diversos segmentos da sociedade sobre os procedimentos que devem ser adotados no caso de ocorr�ncia de tremores.
Os estudos tamb�m contribuir�o para que o laborat�rio de educa��o geogr�fica e outros departamentos da universidade desenvolvam programas de capacita��o de professores para repassar a estudantes orienta��es sobre procedimentos que devem ser adotados em casos de abalos s�smicos.
Professores, estudantes e integrantes de outros segmentos organizados da sociedade poder�o atuar como multiplicadores das medidas de preven��o que devem ser adotadas pela popula��o.
Os levantamentos servir�o ainda para subsidiar os departamentos de engenharia civil de �rg�os governamentais com vistas ao desenvolvimento de projetos de reestrutura��o de resid�ncias ou outros tipos de edifica��es.
(Com Ag�ncia Minas)