Depois de Nh� Chica, mais duas beatifica��es � vista em Minas

 

Tr�s Pontas – Depois da beatifica��o da bem-aventurada Nh� Chica, ocorrida com grande festa no s�bado, em Baependi, no Sul de Minas, mais dois mineiros, religiosos que viveram em Tr�s Pontas, na mesma regi�o do estado, est�o na lista, com processos adiantados, para ganhar os altares das igrejas. Em primeiro lugar, j� cumprindo a chamada fase romana, com documenta��o na Santa S�, est� padre Francisco de Paula Victor (1827-1905), o Padre Victor, que ostenta o t�tulo de vener�vel. Para se tornar beato, “falta apenas um milagre a ser reconhecido pelo Vaticano”, informou, ontem, o bispo da Diocese de Campanha, dom frei Diamantino Prata de Carvalho, que participou, segunda-feira e ontem, em Tr�s Pontas, de um encontro reunindo 25 representantes de associa��es brasileiras, da Bahia ao Rio Grande do Sul, envolvidos em causas de beatifica��o e canoniza��o. No domingo, tamb�m na cidade sul-mineira, haver� o encerramento, com missa solene, da fase diocesana (levantamento hist�rico, estudo da vida , virtudes e grau de santidade) da madre Tereza Margarida do Cora��o de Maria (1915-2005), a Nossa M�e, fundadora, h� 50 anos, do Carmelo S�o Jos�.

A Pra�a da Matriz de Nossa Senhora da Ajuda, no Centro de Tr�s Pontas, est� cercada de estandartes com as fotos de Padre Victor, filho de uma escrava, natural de Campanha e residente na cidade durante 53 anos, e de Nossa M�e, natural de Borda da Mata e priora, por 33 anos, da institui��o das irm�s carmelitas, que vivem em regime de clausura. No memorial dedicado ao padre Victor, um imponente casar�o colonial ao lado da matriz, h�, em exposi��o, paramentos usados pelo sacerdote, livros, fotos de prociss�es, objetos pessoais, uma escultura em tamanho natural e documentos. Entusiasmada, a integrante da Associa��o Padre Victor de Tr�s Pontas, Denise Barbosa Reis Abreu, explica que o processo de beatifica��o come�ou h� 20 anos, com parecer complementar em 1998. “As pessoas t�m muita f� em padre Victor. No dia da festa em homenagem a ele, em 23 de setembro, comparecem de 50 mil a 60 mil pessoas aqui.”

“Ao memorial, vem gente todos os dias, as pessoas relatam as gra�as alcan�adas, e �s segundas-feiras um grupo reza o ter�o”, conta Denise. O funcion�rio p�blico aposentado Paulo Carvalho Vinhas, de 76 anos, tem a maior admira��o por Padre Victor, e, assim, como os demais devotos do candidato a beato, fala com do�ura e intimidade sobre a trajet�ria dele. Ao lado da mulher, Elza Tiso Vinhas, Paulo conta que recebeu uma gra�a imensa de Deus ao pedir a intercess�o do padre para um problema de sa�de. “Tive uma trombose mesent�rica intestinal, que tratam popularmente como enfarte do intestino. Ao ser internado, clamei: ‘Padre Victor, n�o me deixe morrer’. A minha mulher levou ao hospital a rel�quia e a p�s sobre o meu peito. Mantive a confian�a, mesmo o m�dico dizendo que era preciso esperar 72 horas e que 99% dos casos s�o fatais. Hoje estou aqui, muito bem.”

Homem santo

Com um sorriso Paulo Carvalho disse que, no seu caso, n�o foi um milagre, j� que houve a interven��o dos m�dicos. “Mas foi uma grande b�n��o, tenho certeza de que padre Victor ser� beato e depois santo”, afirma, com alegria, ao lado de Elza, C�lia de Carvalho Vinhas, Norma de Carvalho Vinhas e In�s Maria Frutuoso. Na Matriz de Nossa Senhora da Ajuda, onde h� missa todos os domingos �s 10h30, a visita��o ao t�mulo do sacerdote � intensa. As pessoas rezam, depositam flores, fazem pedidos, enfim, fazem a sua rever�ncia � mem�ria daquele que consideram um homem santo. Durante alguns minutos, a dona de casa Sueli Aparecida Amaral, de 40, moradora de Ilic�nea, rezou contrita e fez os seus pedidos. “A minha filha nasceu com s�rio problema de refluxo e foi curada. Agrade�o a Deus e ao padre Victor”, revelou, certa que padre Victor ser� o primeiro santo negro brasileiro. De genuinamente brasileiro, s� existe S�o Frei Galv�o, canonizado em cerim�nia em S�o Paulo em 2007, pelo papa Bento XVI.

No Carmelo S�o Jos�, onde est�o sepultados os restos mortais da madre Tereza Margarida do Cora��o de Maria, a expectativa cresce a cada dia. No domingo, �s 16h, Dia das M�es, dom Diamantino vai celebrar a missa encerrando a fase diocesana, com a presen�a do italiano Paolo Vilotta, postulador (advogado) da causa de beatifica��o de Nh� Chica, padre Victor, irm� Benigna e outros brasileiros, de um total de 40 processos de beatifica��o e canoniza��o no mundo, que est�o sob seus cuidados. Na segunda e ter�a-feira, ele participou do encontro no Memorial Padre Victor, ao lado de dom Diamantino, que falou sobre santidade e disse que os processos dos dois religiosos mineiros est�o bem encaminhados.

“O doutor Paolo Vilotta vai levar toda a documenta��o ao Vaticano, encerrando a fase diocesana. Agora, vamos esperar por um milagre obtido por intercess�o da serva de Deus”, disse a priora do Carmelo S�o Jos�, irm� V�nia Maria do Esp�rito Santo. Ela explicou que, na ordem, � natural que as carmelitas chamem a superiora de Nossa M�e, e assim, dessa forma carinhosa, a fundadora ficou conhecida pela popula��o. “Mas, na beatifica��o, certamente ser� usado o nome de madre”, disse, com esperan�a, a religiosa, que conviveu com a priora durante 33 anos. “Nossa M�e viveu uma vida de santidade e o mais importante � que isso d� exemplo para todas as pessoas. � uma forte candidata a santa”, afirmou.


CANDIDATOS A BEATIFICA��O

PADRE VICTOR
A expectativa � de que padre Victor se torne o primeiro santo negro brasileiro. O processo de beatifica��o de Francisco de Paula Victor come�ou em 1993. Natural de Campanha, no Sul de Minas, ele atuou como padre em Tr�s Pontas.

 

NOSSA M�E
Madre Tereza Margarida do Cora��o de Maria (nome de batismo Maria Luiza), natural de Borda da Mata, no Sul de Minas.Em Tr�s Pontas, fundou o Carmelo S�o Jos�, onde viveu enclausurada de 1962 a 2005, quando morreu.

IRM� BENIGNA
Em janeiro, foi encerrada a fase diocesana do processo da serva de Deus Benigna Victima de Jesus, a irm� Benigna. Ela nasceu em 16 de agosto de 1907, em Diamantina. Tornou-se religiosa da Congrega��o das Irm�s Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, aos 28 anos. Morreu em 16 de outubro de 1981.

MONSENHOR ALDERIGI
Alderigi Maria Torriani nasceu em Jacutinga, no Sul de Minas. Morou na It�lia durante a inf�ncia. Como padre assumiu a Par�quia de Santa Rita de Caldas, tamb�m no Sul do estado. O processo de beatifica��o come�ou em fevereiro de 2001.

MADRE MARIA IMACULADA
Maria Giselda Vilela, M�ezinha, nasceu em Maria da F�, no Sul de Minas. Aos 13 anos teve um tumor na virilha. Morreu em janeiro de 1988, depois de seguir na vida crist�. O processo de beatifica��o come�ou em 2006

DOM VI�OSO
O servo de Deus Ant�nio Ferreira Vi�oso (1787-1875) ingressou no noviciado da Congrega��o da Miss�o, em Lisboa, em 25 de julho de 1811, sendo ordenado padre lazarista em 7 de mar�o de 1818. Veio de Portugal para fundar miss�es na ent�o prov�ncia de Mato Grosso e acabou por se tornar diretor do Col�gio do Cara�a, em Minas.

DOM LUCIANO MENDES
A abertura do processo de beatifica��o de dom Luciano Mendes de Almeida, nascido no Rio de Janeiro e arcebispo de Mariana por 18 anos, foi anunciado em agosto de 2011. Ele morreu em 27 de agosto de 2006.

MONSENHOR HORTA
Monsenhor Jos� Silv�rio Horta nasceu em Mariana em 20 de junho de 1859 e morreu em 30 de mar�o de 1933. Servo de Deus, seu processo se encontra na fase diocesana de estudos h� quatro anos.

ISABEL CRISTINA
A serva de Deus nasceu em Barbacena em 1962. Estudante em Juiz de Fora, na Zona da Mata, em 1º de setembro de 1982, um homem tentou violent�-la em casa. Lutou at� a morte, atingida por 15 facadas, morrendo virgem. O processo de beatifica��o est� em Roma de 2009.

FLORIPES DORNELAS DE JESUS (LOLA)
Leiga, nascida em 1913, em Merc�s, na Zona da Mata, morreu em 9 de abril de 1999. O processo de virtude, aberto em 2004, se encontra na fase diocesana.