Oito pessoas s�o atendidas em m�dia por dia no Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII, no Bairro S�o Lucas, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, com intoxica��o causada por medicamentos. S� este ano j� foram seis mortes. Metade dos casos est� relacionada � automedica��o ou erros na administra��o e ao acesso e consumo indevido por causa de armazenamento inadequado. Os n�meros podem ser ainda maiores, porque refletem apenas casos mais graves, restritos a uma �nica unidade hospitalar de urg�ncia e emerg�ncia. Preocupado com a situa��o, o Conselho Regional de Farm�cia de Minas Gerais (CRF/MG) est� orientando a popula��o sobre os riscos da automedica��o.
No ano passado, o Centro de Informa��o e Assist�ncia Toxicol�gica (Ciat) do Jo�o XXIII registrou 2.971 casos com 15 mortes. Em 2009, foram 2.675, com mesmo n�mero de �bitos. De janeiro at� quarta-feira j� s�o 1.081 e seis mortes, o que indica tend�ncia de que at� o fim do ano os atendimentos ultrapassar�o 3 mil casos. Para o m�dico coordenador da unidade de toxicologia do HPS, D�lio Campolina, a automedica��o est� relacionada � oferta de medicamentos em larga escala: “As drogarias s�o como supermercados, as pessoas praticamente escolhem o que querem”.
Al�m do uso indiscrimado, ele diz que as intoxica��es acidentais s�o muito comuns. “Em v�rios casos ficam as sobras de medicamentos. � bastante comum uma crian�a pegar e ingerir sem saber o que �”, lembra Campolina. Segundo o especialista, o ritmo acelerado da vida moderna compromete a sa�de das pessoas e uma consequ�ncia � a busca por medicamentos. “Essa realidade contribui para aumentar problemas psicol�gicos e de humor e por isso h� consumo em maior escala”, completa.
Em segundo lugar est�o os antiinflamat�rios, usados para dores cr�nicas. “Nesses casos, o uso sem orienta��o pode causar inflama��es no est�mago, como irrita��es g�stricas”, alerta ele. Para Ferreira, automedica��o � um problema cultural. “O parente ou o vizinho indica e a pessoa acaba confiando que vai ter o mesmo resultado. Mas sabemos que n�o � assim. Um medicamento n�o � alimento nem cosm�tico. Qualquer um tem efeitos adversos e por isso um m�dico deve ser consultado”, lembra.
O vice-presidente do CRF afirma ainda que a baixa capacidade do sistema de sa�de acaba incentivando a automedica��o. “O sistema n�o comporta um atendimento a todos e isso motiva a pessoa a se tratar por conta pr�pria, no caso de transtornos menores”, completa.