
Mais uma vez, desde a publica��o da c�lebre frase do compositor R�mulo Paes, ningu�m ontem subiu a Rua da Bahia nem desceu para a Floresta, porque o Viaduto Santa Tereza ficou interditado pelos manifestantes por mais de duas horas, das 16h �s 18h15. N�o passava um �nico �nibus nem autom�vel nas ruas da Bahia e dos Tamoios, o que provocou engarrafamentos gigantes e complicou o tr�nsito em toda a cidade no hor�rio de pico. “Vamos parar BH”, gritavam os jovens, que se deitaram no asfalto com cartazes sobre o pr�prio corpo, onde se lia: “Copa das Manifesta��es” e “Quando seu filho estiver doente, leve-o ao est�dio”. Somente motoboys recebiam autoriza��o dos estudantes para furarem o bloqueio.
Durante o protesto no viaduto, n�o havia mais do que 30 jovens. Sentados lado a lado na Rua da Bahia, os adolescentes Vivian e V�tor, ambos de 14 anos. Ela achava um “absurdo” o gasto de dinheiro da fam�lia para a constru��o de est�dios. “Meu pai � motorista de �nibus e n�o acho certo ele gastar o sal�rio dele pagando duas passagens para eu e minha irm� irmos � escola”, contou V�tor, que estuda na rede p�blica.
Tampouco estava claro se havia um l�der na manifesta��o, convocada pelas redes sociais. Na verdade, n�o parecia haver nem mesmo uma bandeira �nica entre os manifestantes. Apenas a insatisfa��o, era un�nime. Segurando uma cartolina escrita � m�o, com os dizeres “F. a Copa”, estava o morador de rua D., de 53. Questionado sobre o que estava escrito no cartaz, ele se atrapalha. “Entrei na onda”, disse. Neste momento, chega uma mulher e protesta contra “o estupro de crian�as”, enquanto o jovem Souza pede a palavra: “Sou contra o governo de Minas, que deveria baixar o imposto de renda”. “Sobre o que voc�s est�o protestando agora?”, pergunta outro, entusiasmado.
Dois militares assistiam ao movimento, sem interferir. S� foram acionados quando o cobrador da Via��o Caetano Furquim, irritado depois de passar horas preso no congestionamento na Rua Tamoios, tentou reagir. Teve o canivete tomado pelos policiais.
‘Viva a revolu��o’
“Viva a revolu��o!”, escrevia em peda�os de papel a atriz Gabriela Padula, de 19 anos, solit�ria no Viaduto Santa Tereza, deserto de carros e de pessoas. “Nunca presenciei uma revolu��o, mas acho que � isto o que ocorre no Brasil. No Jap�o foi preciso estourarem uma bomba para atingirem a paz. Darei o meu sangue se for preciso para mudar o pa�s. Ocupamos a cidade! Posso deitar e rolar no meio do viaduto!”
Ela acha bonito o processo, mas se preocupa com a falta de objetivos. “N�o teve estrat�gia nenhuma. Acho que n�o passou de um espontane�smo facebookiano”, diz. Afirma que o movimento precisa de l�deres. “Ainda vai surgir algum Che Guevara, mas temos de tomar cuidado para a juventude n�o ser manipulada por pessoas de partidos ou anarquistas.”
Para ela, melhor seria promover uma ocupa��o art�stica da cidade, como j� ocorreu na Praia da Esta��o e em blocos do carnaval. “No primeiro dia, fiquei muda diante de 50 mil pessoas em passeata. No segundo, virou aquela adrenalina. Fiquei na linha de frente e tomei pancada dos policiais.”