Paula Sarapu

Os manifestantes prometem reunir cem mil pessoas e garantem que v�o ultrapassar os limites de seguran�a estabelecidos pela Fifa no entorno do Mineir�o. A Pol�cia Militar, por sua vez, j� informou que os bloqueios ser�o mantidos e que o espa�o da zona amarela ter� de ser respeitado. Diante da expectativa de grande mobiliza��o no s�bado, quando ser� realizado o jogo Jap�o e M�xico, o Minist�rio P�blico tenta servir como articulador e chegou a pensar em ajuizar uma a��o solicitando a redu��o do per�metro de dois quil�metros no entorno do est�dio, mas ainda n�o o fez para n�o acirrar os �nimos nem inviabilizar uma possibilidade de negocia��o.
Por outro lado, para evitar confrontos, a comiss�o mista coordenada pela Promotoria de Justi�a de Direitos Humanos se reuniu ontem e enviou �s autoridades um pedido para garantir bombeiros e ambul�ncias durante as manifesta��es e a suspens�o do uso de balas de borracha por policiais militares do Batalh�o de Choque. � tarde, a PM informou que esse tipo de armamento n�o letal s� ser� usado em circunst�ncias extremas.
Os manifestantes devem se reunir a partir das 10h, na Pra�a Sete, e os representantes da comiss�o acompanhar�o toda a caminhada. Segundo a promotora de Direitos Humanos N�vea M�nica Silva, o objetivo � receber den�ncias sobre viola��o de direitos humanos e aprimorar o di�logo entre os jovens e as autoridades policiais. Ela ressalta uma preocupa��o com a insist�ncia dos manifestantes de avan�ar em dire��o ao Mineir�o, mas, apesar dos bloqueios, ela acredita que a dispers�o da multid�o s� deve ocorrer em caso de viol�ncia e atos il�citos. “Estamos buscando algum entendimento, estudando esse per�metro e qual deve ser a limita��o, para manter a seguran�a do acesso, dos torcedores e dos pr�prios manifestantes”, diz a promotora.
A comiss�o � formada por representantes das pol�cias, dos movimentos sociais e sindicatos de servidores, al�m de funcion�rios das corregedorias, Ouvidoria do Estado e das comiss�es de Direitos Humanos da C�mara Municipal e da Assembleia Legislativa. O Sindicato dos Advogados tamb�m integra o grupo e anunciou ontem que advogados volunt�rios participar�o dos protestos usando camisetas amarelas, para ajudar e orientar os manifestantes. As responsabilidades ser�o compartilhadas, mas, segundo a promotora, h� um esfor�o conjunto para identificar e punir v�ndalos, inclusive com base no trabalho dos setores de intelig�ncia.
Um dos assuntos discutidos foi a possibilidade de proibi��o de m�scaras ou camisas para esconder o rosto, mas colaboradores dos movimentos entendem que essa � uma decis�o pessoal e argumentam que os tecidos podem ser usados como prote��o para o g�s lacrimog�neo e spray de pimenta, em casos de confus�o.
V�NDALOS Segundo o vice-presidente da Uni�o Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) e colaborador do movimento, Gladison Reis, os manifestantes decidiram formar comiss�es de seguran�a para identificar “provocadores e baderneiros”, pedindo que se retirem dos protestos. Os jovens que integram essas comiss�es tamb�m ficar�o respons�veis por solicitar aos motoristas retidos nos cruzamentos que desliguem os motores a fim de evitar atropelamentos e aos manifestantes para n�o circular na contram�o. Ele diz que o grupo pretende chegar ao Mineir�o de forma ordeira e pac�fica.
“A Lei Geral da Copa garante a manifesta��o nos est�dios, impede s� o com�rcio irregular e a propaganda. Por que n�o podemos chegar l�? A Copa est� roubando nossos direitos. Queremos mostrar que a juventude est� indignada”, questiona. Na pauta: o passe livre estudantil, amplia��o dos servi�os do metr� e acesso ao territ�rio p�blico, entre outras quest�es.
S� ingressos e credenciais
O comandante do Batalh�o Copa, tenente-coronel H�rcules de Paula Freitas, informou que na �rea restrita s� podem circular torcedores com ingresso e pessoas credenciadas. “H� outra raz�o: os manifestantes n�o podem ultrapassar esse ponto para seguran�a dos torcedores e deles mesmos, j� que temos visto vandalismo, arrua�a e depreda��o.”
Em entrevista coletiva ontem, o governador Antonio Anastasia disse que v� com bons olhos a presen�a de bombeiros e ambul�ncias nas manifesta��es, mas deixou claro que a decis�o sobre o uso de balas de borracha � da PM. “Quest�es operacionais da PM ficam a cargo da PM, que tem seus especialistas. Minha orienta��o � para evitar sempre qualquer viol�ncia por qualquer que seja a parte. Todo excesso deve ser condenado, mas ela n�o pode permitir dist�rbios que coloquem em risco pessoas e o patrim�nio”, disse. Amanh�, ele se re�ne com o comando geral da corpora��o. Sobre a redu��o do espa�o restrito no entorno do est�dio, Anastasia afirmou que o assunto ser� tratado por uma comiss�o t�cnica, porque envolve quest�es operacionais. No domingo, os manifestantes fazem assembleia sob o viaduto de Santa Tereza, �s 15h, para decidir os rumos dos protestos.
CAPA PARA GUARDAR
A capa da edi��o de ontem do Estado de Minas repercutiu nas redes sociais e em blogs especializados em coberturas jornal�sticas. No blog Periodismo Caviar, o consultor espanhol de jornalismo Juan Antonio Giner destacou: “Estado de Minas: uma primera p�gina que grita e editorializa. N�o se pode fazer todos os dias. As primeiras est�o para informar. Mas �s vezes devem opinar. Com for�a e criatividade”, comentou o consultor, que � fundador e presidente da Innovation International Media Consulting Group. No Facebook foram mais de 500 compartilhamentos. No Twitter tamb�m houve men��es, como a de Michelle Poliveira (@michellkoliv): “Capa do Estado de Minas de hoje � daquelas que merecem ser guardadas”. “Muito tri a capa do Estado de Minas hoje”, completou Alexandre Aguiar (@alexaguiarpoa), de Porto Alegre (RS).