O cora��o, o f�gado, o p�ncreas, os dois rins e as duas c�rneas do adolescente Lucas Daniel Alc�ntara, de 12 anos, salvar�o a vida de seis pessoas. O menino, baleado por um policial militar reformado durante protesto na Grande BH, teve morte cerebral confirmada na manh� desta quinta-feira. Ao receber a not�cia, a fam�lia declarou ao hospital que gostaria de doar os �rg�os do menino. A retirada ocorreu durante a noite e o corpo ser� velado e enterrado nesta sexta-feira, em Santa Luzia.
A decis�o partiu da m�e, Aline Mariana Marques, de 30 anos, e teve o consentimento do pai. H� um m�s e seis dias ela deu � luz ao terceiro filho que, prematuro, est� internado desde o nascimento no Hospital das Cl�nicas, na capital. “Eu senti a dor de ficar no hospital, vendo v�rias m�es lutando para salvar os filhos, e a� resolvi ajudar algumas delas”, disse.
O crime foi cometido por um vizinho da fam�lia, Vanderlei Gomes da Fonseca, de 72 anos, militar aposentado, que teria tido um acesso de f�ria por causa da movimenta��o em sua cal�ada durante o protesto. “Tenho muita pena dele. S� isso: pena”, diz Aline ao comentar a atitude do homem que matou seu filho. Ela diz esperar Justi�a e afirma perdo�-lo pelo que fez. “Parentes dele foram na minha casa pedir desculpas pelo que ele fez. Desculpas para uma coisa que n�o mais o que fazer. Mas eu perdoo ele, porque eu n�o sou como ele”, garante.
Vanderlei est� preso na sede do 1º Batalh�o da Pol�cia Militar, � disposi��o da Justi�a. Em sua vers�o, o policial reformado disse que Lucas estava junto a um grupo de moradores recolhendo lixo das portas das casas para montar uma barricada na rua durante a manifesta��o. Vanderlei disse que perdeu a cabe�a quando o garoto se dirigiu a ele com palavras de baixo cal�o, depois de ser repreendido por pegar o lixo. J� a fam�lia afirma que Lucas havia acabado de sair da casa da av� e caminhava comendo um peda�o de p�o quando foi baleado.
Paix�o atleticana
Amanda fez quest�o de agradecer ao Clube Atl�tico Mineiro que doou uma camisa do time para Lucas ser enterrado. Ela disse que o time soube da paix�o do garoto e decidiu oferecer o uniforme. “Ele queria ser enterrado com a camisa do Galo. A gente tem condi��es de comprar, mas agrade�o muito ao Atl�tico pela solidariedade nesse momento”, disse a m�e.
Com a expectativa de que o ca�ula saia logo do hospital e que o filho do meio, de 7 anos, cres�a em seguran�a, Amanda pede para registrar o quanto Lucas � especial para ela. “Meu filho foi embora como anjo. Eu tenho certeza que, onde quer que ele esteja, ele est� bem. E eu agrade�o muito ao meu filho por ele ter feito parte da minha vida. Os 12 anos que ele ficou comigo foram para deixar coisa boa pra mim. Ele s� me deu coisa boa”.