Grande BH faz 40 anos sem garantir infraestrutura e servi�os de qualidade

Mateus Parreiras

H� 17 dias, moradores do Bairro Tup�, em Contagem, aproveitaram a onda de manifesta��es pelo pa�s e decidiram chamar a aten��o para problemas de saneamento b�sico, sa�de e transporte na comunidade. Usaram paus, pedras e pneus e bloquearam a estrada de 3,5 quil�metros que liga a localidade � MG-423. Como eles, moradores de munic�pios pr�ximos a Belo Horizonte organizaram pelo menos outros nove protestos em pouco mais de duas semanas para demonstrar insatisfa��o com servi�os. As reclama��es d�o uma medida dos desafios da Regi�o Metropolitana de BH (RMBH) exatos 40 anos depois de sua cria��o.

Oficializada em 8 de julho de 1973 por meio de lei complementar, a regi�o, assim como outras �reas metropolitanas, enfrenta problemas de ocupa��o desordenada que dificultam a tarefa de promover desenvolvimento e garantir servi�os integrados.

A Regi�o Metropolitana de BH come�ou com 14 munic�pios: Belo Horizonte, Betim, Caet�, Contagem, Ibirit�, Lagoa Santa, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Raposos, Ribeir�o das Neves, Rio Acima, Sabar�, Santa Luzia e Vespasiano. Ao longo dos anos, mais 20 foram incorporados at� o desenho atual, com 34 cidades (veja mapa). A lei complementar que formalizou a RMBH em 1973 criou outras oito regi�es metropolitanas (S�o Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curitiba, Bel�m e Fortaleza). Uma compara��o entre indicadores das regi�es, compilados em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), mostra quesitos em que a RMBH conseguiu avan�ar mais que outras �reas do pa�s e outros onde o desafio � maior.

A reportagem do EM percorreu bairros de Contagem, Esmeraldas e Ribeir�o das Neves e flagrou situa��es extremas a que uma parcela dos moradores ainda � submetida. Embora o IBGE indique que 0,4% dos domic�lios n�o t�m coleta de esgotos na Grande BH, h� bairros como o Tup�, em Contagem, nos quais a falta de saneamento b�sico � um dos principais problemas. Ali, canais de esgoto escavados nas vias de ch�o batido ou em canaletas de concreto cruzam as vias. “Sa�mos de casa e topamos com esgoto”, reclama o porteiro Mauro Lara, de 48 anos. A situa��o tamb�m � ruim na Escola Municipal Hilda Nunes dos Santos.

 

Fossas transbordam por n�o serem esvaziadas regularmente. “Os caminh�esdemoram mais de tr�s dias”, disse uma funcion�ria. Outro bairro com problemas � o Palmital, em Esmeraldas. O esgoto � jogado no meio das vias. Em Ribeir�o das Neves, no Bairro Santana 2, o lixo fica espalhado aos montes. Na Rua 1, moradores improvisaram ponte de madeira para evitar contato com c�rrego que recebe esgoto e corre ao lado das casas.