Est� mais perigoso tirar o carro da garagem em Belo Horizonte. A cada hora, um ve�culo � levado por bandidos. Dados da Pol�cia Civil mostram que, este ano, a m�dia mensal de furtos e roubos, at� maio, foi 26,2% superior � de 2012 – 715,2, contra 566,7 registros. A campe� dessa modalidade de crimes � a Regi�o de Venda Nova, seguindo tend�ncia dos dois anos anteriores. De janeiro a maio, a quantidade de ocorr�ncias registradas (964) j� corresponde a 63% do total de todo o ano passado (1.523). Al�m da inseguran�a, a popula��o sente no bolso os efeitos do agravamento do problema, ao ter de pagar mais por um seguro na tentativa de evitar preju�zo maior diante da a��o de ladr�es.
O chefe da Delegacia Especializada de Investiga��o a Furtos e Roubos de Ve�culos Automotores, Adriano Assun��o, diz que, apesar do aumento de ocorr�ncias, n�o h� altera��o no modo de atua��o nem nos alvos dos bandidos. “Os ve�culos s�o levados e clonados, geralmente, para serem usados em outros crimes, como tr�fico de drogas e homic�dios”, afirma. “E h� aqueles que v�o para desmanche”, acrescenta. Este ano, de janeiro a maio, 3.576 ve�culos foram roubados ou furtados na capital. Em 2012, esse n�mero chegou a 6,8 mil – 11,6% a mais que em 2011, quando 6.092 carros, motos e outros tipos foram alvo de criminosos.
A empres�ria D.A.A., de 41 anos, moradora da Regi�o Nordeste de BH, conhece de perto as estat�sticas. Ela teve o carro furtado uma vez e foi v�tima de roubo outras duas. Hoje, confessa que sempre fica tensa. “Ando nas ruas com medo e me assusto � toa. Isso vai ficando revoltando a gente. Trabalho muito para conseguir as coisas”, reclama. Segundo a pol�cia, as regi�es mais visadas s�o aquelas onde h� grande concentra��o de com�rcio e de carros parados em vias p�blicas, facilitando a a��o dos assaltantes, al�m das que t�m rotas de fuga. Assim, Venda Nova se destaca pelo acesso � Avenida Cristiano Machado e � MG-010. J� os bairros da Noroeste ficam em segundo lugar nesse ranking por ter avenidas largas, como a Pedro II, e liga��o para o Anel Rodovi�rio. Nessa �rea, houve 780 ocorr�ncias este ano. A Regi�o Noroeste ficou na segunda posi��o tamb�m no mapa de roubos e furtos em 2012 e 2011, com 1.446 e 1.363 registros, respectivamente.
Diferentemente do ocorrido em 2012 na compara��o com 2011, quando o n�mero de ve�culos recuperados caiu, este ano h� crescimento, na m�dia. Em 2011, a pol�cia conseguiu reaver 4.382 autom�veis, motos e outros ve�culos. Em 2012, foram 3.941. Este ano, 1.749 entraram para a conta – uma m�dia mensal de 350, contra 328 no ano passado. “H� uma grande dificuldade para identifica��o, porque v�rios desses ve�culos s�o clonados e, ao receberem placas de carros que est�o em circula��o, s� conseguimos peg�-los durante as abordagens”, relata Adriano Assun��o.
Outro complicador, segundo o delegado, � que as regi�es mais cr�ticas concentram lojas revendedoras de pe�as origin�rias de ve�culos roubados. “S�o feitas opera��es sistematicamente, mas � dif�cil saber o que � legal ou n�o, porque a maioria dessas pe�as, como paralamas e cap�s, n�o t�m identifica��o, servindo para alimentar esse mercado”, diz.
Legisla��o
Para atacar o problema, a pol�cia espera, desde 2008, a regulamenta��o da Lei 17.866, de novembro daquele ano, que disp�e sobre o controle de desmonte de ve�culos no estado. Segundo a norma, em caso de perda total do ve�culo ou outras situa��es que levem ao desmanche, ele s� ser� feito mediante autoriza��o do Departamento Estadual de Tr�nsito (Detran-MG) e por �rg�o credenciado. Al�m disso, as pe�as dever�o ser todas cadastradas para identifica��o. A regulamenta��o depende somente da assinatura da chefia do Detran e a expectativa � de que, depois de quase cinco anos da publica��o da lei, ela seja regulamentada at� o fim do ano. “A lei � muito importante para a efic�cia do nosso trabalho”, ressalta Assun��o.
O delegado acrescenta que os motoristas podem contribuir para evitar os crimes ao n�o estacionar em locais ermos e onde n�o h� patrulhamento. Mas n�o tira responsabilidade do poder p�blico. “O cidad�o tem seu bem e o direito de parar onde for melhor para ele. A a��o de fato deve ser do Estado, de proteger o patrim�nio do particular”, afirma.