
Fartos de assistir a mendigos fazendo necessidades em p�blico, a cenas de sexo expl�cito, a depreda��es e � falta de seguran�a, moradores e representantes de institui��es do entorno da Pra�a Raul Soares querem cercar o espa�o com grades e controlar os acessos, aos moldes de um parque municipal. O movimento � encabe�ado pelo condom�nio do Edif�cio JK e tem apoio de outros interessados, como a vizinha Primeira Igreja Batista de Belo Horizonte. Nos seis meses de debates sobre a iniciativa foi elaborado um abaixo-assinado que circula por moradias e pontos de com�rcio e que, segundo a ger�ncia do condom�nio, j� conta com mais de mil ades�es. A iniciativa � pol�mica e divide opini�es. Turistas e moradores se mostram favor�veis, principalmente por n�o verem solu��o para conservar o monumento, tombado, que foi reformado h� cinco anos. Especialistas, moradores de rua e o chefe da companhia da Pol�cia Militar local s�o contra.
“O que queremos � gradear a Pra�a Raul Soares e disciplinar a entrada das pessoas, como ocorre, por exemplo, no Parque Municipal (Am�rico Renn� Giannetti). O local se tornou dormit�rio da popula��o de rua, e essa n�o � a finalidade. Pior ainda, pessoas idosas e crian�as est�o impedidas de usufruir do espa�o”, afirma o gerente do Condom�nio Conjunto Kubitschek, Manoel Freitas. De acordo com o administrador do edif�cio, que tem mais de 5 mil moradores e fica bem diante da pra�a, condom�nios, igrejas e comerciantes, ao saber do abaixo-assinado – que ser� entregue � Prefeitura de Belo Horizonte –, pediram c�pias para participar. “J� recebemos at� amea�as de quem usa a pra�a de noite para fazer coisas proibidas, por causa do movimento, mas n�o vemos alternativa para termos de volta o sossego e a seguran�a. Muitos idosos est�o evitando passar por aqui para n�o serem assaltados ou constrangidos”, disse.
O condom�nio foi um dos apoiadores do Or�amento Participativo Digital, que em 2008 entregou a pra�a reformada depois de anos de abandono e degrada��o. “Fornecemos computadores para as pessoas votarem e poderem salvar a pra�a, at� que a proposta venceu a elei��o. Cinco anos depois vemos tudo come�ar de novo: o abandono, a depreda��o, as pessoas evitando o local”, reclama Freitas.
A professora de sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais Andrea Zhouri, doutora pela universidade inglesa de Essex, diz n�o conhecer a iniciativa, mas se posiciona contra a ideia de fechamento de um espa�o p�blico. “Trancar uma pra�a n�o ser� a solu��o de seguran�a e contra depreda��es. Isso me espanta um pouco. A pra�a � p�blica e tem uma hist�ria como local de livre acesso dos cidad�os”, afirma. Para a soci�loga, a quest�o dos moradores de rua � um desafio social e de pol�ticas p�blicas. “N�o � fechando espa�os que os cidad�os t�m direito de conhecer e frequentar que se vai mudar isso”, afirma.