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Estado de Minas AS PALAVRAS DE FRANCISCO

Padres j� se mobilizam para enfrentar o desafio proposto pelo papa durante a JMJ

Francisco prop�s que a Igreja esteja mais pr�xima do povo e forme mission�rios


postado em 03/08/2013 06:00 / atualizado em 03/08/2013 07:06

Na Igreja São José, no Centro de BH, o padre Paulo Sérgio Carrara preside missa lotada mesmo durante a semana: ele percebe que templo tem cada dia mais fiéis(foto: MARIA TEREZA CORREIA/EM/D.A PRESS)
Na Igreja S�o Jos�, no Centro de BH, o padre Paulo S�rgio Carrara preside missa lotada mesmo durante a semana: ele percebe que templo tem cada dia mais fi�is (foto: MARIA TEREZA CORREIA/EM/D.A PRESS)

 

O papa Francisco foi bem claro na sua visita ao Rio de Janeiro (RJ) durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ): quer a Igreja nas ruas, bispos e padres pr�ximos do povo, trabalhando para os pobres e formando jovens mission�rios. De acordo com a Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), n�o haver� uma reuni�o espec�fica da institui��o para tratar dos temas enfocados em homilias, discursos e demais falas do pont�fice, ficando a cargo de cada arquidiocese e diocese do pa�s definir sua linha de a��o, atividades pastorais e pr�ticas. “N�s nos sentimos desafiados a intensificar esse caminho novo redesenhado e confirmado pelo pont�fice”, diz o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo. A Arquidiocese de BH � composta de 273 par�quias e 1,5 mil comunidades (igrejas, espa�os de celebra��o etc.) de 28 munic�pios, onde vivem cerca de 3,5 milh�es de cat�licos.

Mas, uma semana depois do encerramento da JMJ, que levou mais de 3 milh�es de pessoas � Praia de Copacabana, no Rio, as palavras ecoam na capital e interior de Minas, mobilizando sacerdotes e fi�is. “Estamos vivendo um tempo novo. A passagem do papa pelo Brasil deu uma sacudida na Igreja, provocou uma retomada de consci�ncia a respeito do evangelho”, afirma o padre Douglas Baroni, titular da Par�quia de Nossa Senhora do Montserrat, em Baependi, no Sul de Minas. A par�quia completou ontem 290 anos e o munic�pio foi sede, em maio, da beatifica��o de Nh� Chica. “Estamos falando n�o s� nas missas, mas tamb�m nas reuni�es do conselho paroquial, sobre os temas proferidos pelo papa, como ajuda aos pobres, forma��o dos jovens mission�rios, aten��o aos idosos e outros”, conta o p�roco.


Em BH, a f� mobiliza multid�es, mesmo em dias de semana. “O papa quer uma Igreja mission�ria, centrada na busca de pessoas que est�o distantes e afastadas”, acredita o reitor da comunidade S�o Jos�, padre Paulo S�rgio Carrara. Ele diz que as portas do templo na Avenida Afonso Pena, entre ruas Esp�rito Santo e Tamoios, no Centro da capital, est�o sempre abertas. “Batizamos todas as crian�as que chegam aqui. S� fazemos quest�o de que os padrinhos sejam cat�licos. E recebemos todas as pessoas”, diz o padre Carrara. “Muitos assuntos ainda ser�o discutidos pela pastoral familiar, mas j� fazemos um trabalho social no assentamento Dandara”, adianta.


� meio-dia de quinta-feira e a Igreja de S�o Jos�, mesmo em obras e com andaimes, est� com as laterais da nave e bancos totalmente ocupados – algo em torno de 1,5 mil cat�licos participam da adora��o do sant�ssimo, of�cio que completa uma d�cada no m�s que vem. Antes de se dirigir ao altar e dar a b�n��o a homens e mulheres, muitos deles em l�grimas, o padre Carrara conta que cerca de 80% dos frequentadores de missas e outras celebra��es s�o pessoas que passam pela Regi�o Central. “Notamos que o n�mero vem crescendo gradativamente, da mesma forma que aumentam as confiss�es individuais”, diz.


Durante uma hora, as pessoas acompanham as ora��es e rezam contritas – o momento de maior emo��o ocorre quando o padre eleva o ostens�rio. Sentada perto de um altar lateral, com um ter�o nas m�os, a bi�loga Julcelma Ribeiro da Silva, moradora de Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, est� visivelmente emocionada. Ela se recorda bem das frases do papa e defende maior aproxima��o do clero com a popula��o. “Eles podem estar mais presentes. Acho que at� as outras religi�es v�o respeitar mais os cat�licos”, diz a bi�loga, certa de que as fam�lias v�o acolher bem os religiosos. “Pode voltar at� o tempo em que os padres frequentavam todas as casas, assim como os m�dicos”, afirma.


Paci�ncia

Com larga experi�ncia religiosa –  48 anos de sacerd�cio, 27 anos trabalhando na c�ria e 19 anos na Capela Curial Nossa Senhora do Ros�rio, no Centro de BH – o chanceler da Arquidiocese de BH, monsenhor Geraldo dos Reis Calixto, cultiva uma qualidade fundamental para atender o chamado do papa: paci�ncia. “Ele acabou de ir para o Vaticano. Ainda est� cedo para defini��es e n�o houve uma reuni�o, uma assembleia. A pastoral da arquidiocese vai se adequar �s palavras do papa”, adianta o chanceler. De in�cio, o capel�o da Igreja do Ros�rio considera fundamental paci�ncia para ouvir e acolher, al�m de dar amor e carinho, como fez Francisco. “Diariamente, de segunda a segunda, reservo uma hora para a escuta, as confiss�es individuais.” Numa pasta preta que sempre carrega, a exemplo do papa, o chanceler leva um caderninho azul, no qual transcreve os bilhetinhos com pedidos dos frequentadores da capela curial. “J� s�o tr�s cadernos e os levo para o altar”, mostra o monsenhor.

Presen�a para diminuir a viol�ncia

A presen�a mais efetiva de padres nas comunidades de periferia pode at� reduzir a viol�ncia, observa a auxiliar de enfermagem aposentada Leonor Evangelista, de 67 anos, moradora do Bairro Rosarinha, em Santa Luzia, na Grande BH. Este ano, uma escola estadual rec�m-inaugurada ganhou destaque na imprensa duas vezes devido � agress�o de um professor por um aluno e disparos em dois estudantes. “A situa��o est� s�ria em muitos lugares e os religiosos podem ajudar os jovens e os mais necessitados”, diz Leonor. Tamb�m participando da adora��o do sant�ssimo na Igreja S�o Jos� na quinta-feira, Celma Elena da Cruz, de 59, moradora do Bairro Candel�ria assegura que nas ruas os bispos, e padres receber�o informa��es fundamentais para o trabalho pastoral. “Conversar � fundamental.”

A dona de casa Marta Maria Gomes, moradora do Bairro S�o Pedro, na Regi�o Centro-Sul, gostaria de ver um acolhimento maior. “Quanto mais pr�ximos, melhor, pois fica mais f�cil para o pastor conhecer o seu rebanho”, diz. Na sa�da da igreja, o comerci�rio Ubiraci Afonso Amazonas, morador do Bairro Liberdade, na Regi�o da Pampulha, tamb�m se mostra entusiasmado com as palavras do papa e espera que os padres possam sair das igrejas para fortalecer a f� e atender as comunidades. J� o agente de turismo Herbert da Silva Faria, de 45, morador do Bairro Santa M�nica, diz que � preciso haver disponibilidade dos religiosos.


No interior, principalmente onde h� centros de devo��o popular, os sacerdotes mant�m mais proximidade com os fi�is. Em Sabar�, na regi�o metropolitana, o titular da Par�quia de Nossa Senhora do Ros�rio (16 igrejas), padre Rog�rio Messias dos Santos, revela que se formam la�os de amizade fortes e os religiosos est�o sempre perto das fam�lias. “Acho que as mudan�as devem come�ar no semin�rio, na forma��o dos padres. L�, eles devem ter informa��es de que devem fazer trabalhos nas ruas. O problema � que ainda h� poucos padres e as par�quias n�o t�m recursos para sustent�-los. Desse jeito, tenho que cuidar das igrejas, da administra��o da par�quia, celebrar missas, atender a comunidade e pagar as contas.”

 

 

Tr�s perguntas para...

dom Walmor Oliveira de Azevedo
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

 

O papa Francisco disse que quer ver bispos, padres, enfim, a Igreja nas ruas, em contato com o povo e trabalhando para os pobres. A Arquidiocese de Belo Horizonte est� preparada para esse desafio?
N�o teria a pretens�o de me colocar, nessa perspectiva, como exemplo para ningu�m, mas compartilho desse horizonte bonito que o papa redesenha e confirma. � o horizonte do evangelho. Eu, pessoalmente, padre e bispo, tenho procurado intensificar as a��es. Desde que cheguei a Belo Horizonte, h� quase 10 anos, estou sempre perto das pessoas, indo ao seu encontro, embora consciente de que � preciso fazer muito mais. Nossa arquidiocese � marcada por muitos padres que s�o pr�ximos do povo e outros que precisam atuar assim. Assim, h� muito a aperfei�oar e corrigir. N�s nos sentimos desafiados a intensificar esse caminho novo.

Qual � o legado da Jornada Mundial da Juventude?
Foi um grande evento, muito trabalhoso, que deixa um legado de riquezas imensas, sendo principal a for�a da f�. Deus est� no centro de nossas vidas, dos jovens, da sociedade, da Igreja e de todos. De extrema import�ncia a presen�a e testemunho do papa Francisco, sua palavra, seu jeito de ser, falando sobre os valores do evangelho, que, quando vividos, trazem for�a e grandes perspectivas. O Rio de Janeiro ficou diferente, com mais de 3 milh�es de pessoas em Copacabana. Houve sil�ncio, confraterniza��o e respeito. Outro legado importante � para a juventude, que abriu nova etapa para a sociedade brasileira com as manifesta��es e pode colocar a Igreja em outro momento de evangeliza��o.

O papa prometeu voltar em 2017 para visitar Aparecida (SP). O senhor renovou o convite para que ele venha a Belo Horizonte? At� l� a Catedral Cristo Rei estar� pronta e ele poder� inaugur�-la.
Certamente, o papa Francisco vai incluir na programa��o visitas a outras cidades. E todos v�o querer receb�-lo. Como bons mineiros e pela tradi��o cat�lica de Minas, teremos muitas raz�es para acolh�-lo, entre elas a Catedral Cristo Rei. Precisamos trabalhar muito mais para ela se tornar um dos grandes motivos do nosso convite. Esperamos que o papa Francisco venha nos visitar, porque o povo mineiro merece.


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