
Com um apito na boca e gesticulando com seu macac�o vermelho, o oper�rio L�cio Pedro Martins tenta desesperadamente chamar a aten��o de um homem de idade distra�do. A passos lentos, o idoso entrou por engano no canteiro de obras do corredor de transporte r�pido por �nibus (BRT na sigla em ingl�s) entre a Rua dos Caet�s e a Avenida Paran�, no Centro de BH, no in�cio da tarde de ontem. Como n�o escutou a sinaliza��o e continuou andando pelo terreno esburacado, em que operam escavadeiras e caminh�es, o trabalhador precisou sair correndo, desviou dos pedestres e obrigou �nibus e motocicletas a frear de repente para lhe dar passagem, at� conseguir, enfim, segurar o homem pelo pulso e explicar que o local � proibido para pedestres. “� este sufoco todo dia. Um perigo danado. Se deixar a entrada sem vigia, as pessoas entram mesmo e podem se machucar feio, por causa das m�quinas pesadas”, desabafa o oper�rio respons�vel pelos acessos ao canteiro de obras. A declara��o explica por que as interven��es de mobilidade que tornaram o tr�fego em Belo Horizonte ainda mais lento trazem tamb�m riscos de morte e ferimentos para pedestres, motoristas e para os pr�prios oper�rios. Amea�as agravadas pela m� sinaliza��o, desrespeito a regras de circula��o e solu��es prec�rias para corredores tempor�rios de pedestres e carros.

Mas � no Hipercentro que a mistura de tr�nsito intenso – estimado pela BHTrans em 700 mil ve�culos por dia –, o tr�fego de 1,5 milh�o de pessoas, de acordo com a PM, e as obras pesadas de pavimenta��o e constru��o de esta��es traz mais situa��es de perigo. Entre as avenidas Santos Dumont, Paran�, Rua dos Caet�s e o entorno da rodovi�ria, pedestres e trabalhadores se misturam, chegando a trombar uns com os outros, principalmente nos corredores de passagem criados com o fechamento de passeios nas ruas Curitiba, S�o Paulo e Rio de Janeiro. Oper�rios que trabalham nas constru��es dos corredores de transporte p�blico disputam esses mesmos espa�os empurrando carrinhos de m�o com brita, geradores, ferramentas e peda�os de madeira.

Trope�os
Por causa de situa��es como essas, muita gente que passa no local e at� pedreiros com utens�lios usados nas obras preferem enfrentar o tr�fego pesado na pista de rolamento e se arriscam entre carros, motos e �nibus. “N�o d� para passar dentro dessas cercas, porque � muita gente ao mesmo tempo. Preciso atravessar a rua (dos Caet�s) e por isso fui para o meio do asfalto. A gente sabe que � perigoso, porque os �nibus passam muito perto, mas tem que ter a obra e a gente tem de trabalhar”, disse o vendedor Ricardo Martins, de 50 anos, pouco depois de ter se espremido numa fila indiana formada por pedestres que invadiram a rua em vez de utilizar o corredor delimitado por telas.

A equipe do Estado de Minas esteve nos maiores canteiros de obras de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014 e em todos era f�cil perceber que dificilmente os oper�rios usavam os equipamentos de prote��o individual obrigat�rios: bota, �culos, capacete, luvas e protetores de ouvido. Nas obras do BRT da Regi�o Central havia quem estivesse trabalhando entre m�quinas pesadas e �reas de soldas em telhados de esta��es sem qualquer tipo de itens de seguran�a.