
A Serra da Moeda, que abrange oito munic�pios mineiros, est� prestes a ganhar visibilidade internacional. Faltam dois meses para o an�ncio da lista que contemplar� entre 60 e 70 lugares em todo o mundo que ser�o prioridade para o Fundo Mundial para Monumentos, organiza��o n�o governamental ligada � Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco), que se dedica � preserva��o de itens do patrim�nio cultural, natural e hist�rico. Sinalizando um resultado positivo, a diretora de projetos para a Am�rica Latina, Espanha e Portugal do WMF (sigla em ingl�s), Norma Barbacci, visitou pela segunda vez em dois anos a serra, �nico candidato brasileiro. Em passagem por Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, a peruana viu pinturas rupestres, passeou pelo Instituto Inhotim e conheceu a Igreja Nossa Senhora da Piedade, do s�culo 18.
“� uma combina��o de paisagem natural e cultural muito bonita, que nos parece importante preservar”, disse a diretora da WMF, deixando transparecer o encantamento com a Serra da Moeda. Norma esclarece que a escolha n�o garante verba para grandes projetos, mas desperta a aten��o do mundo para a preserva��o dos monumentos que integram a lista, renovada a cada dois anos, o que pode facilitar o levantamento de recursos financeiros. O Centro Hist�rico de Salvador, o Convento de S�o Francisco, em Olinda (PE), e o Parque Nacional Serra da Capivara, em S�o Raimundo Nonato (PI), j� estiveram presentes em listas do fundo internacional, elaboradas desde 1996.
Preocupada com o impacto da minera��o e do crescimento urbano, a presidente da Associa��o para a Recupera��o e Conserva��o Ambiental (Arca-Amaserra), Simone Bottrel, enviou no ano passado a candidatura para aprecia��o do WMF. A inten��o � conseguir apoio para impedir que o conjunto fique abandonado. Al�m de ser pouco conhecido, a gestora ambiental lamenta que o ponto tur�stico n�o ofere�a seguran�a aos visitantes. “Queremos criar um grande parque, como os internacionais, para que as pessoas possam conhecer a nossa hist�ria e a nossa paisagem”, adianta. “Precisamos descortinar a serra para o mundo, a� os olhos se voltam para ela.” J� no ano que vem, a Arca espera atrair investimentos em lazer, esporte e cultura.
No documento enviado ao WMF constam v�rias caracter�sticas que justificam a preserva��o da Serra da Moeda. Destacam-se a vegeta��o de canga, encontrada em regi�es onde h� concentra��o de min�rio de ferro, animais amea�ados de extin��o, como lobo-guar�, tamandu�-mirim, on�a-parda e on�a-pintada, comunidades quilombolas, constru��es de interesse hist�rico – entre elas uma casa clandestina de fundi��o de moedas –, e as nascentes, respons�veis pelo abastecimento de �gua em cerca de 70% da capital mineira. At� agora, apenas a Serra da Cal�ada, trecho do maci�o em Nova Lima, � tombada pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha/MG).
Caso a Serra da Moeda seja inclu�da na lista do WMF de 2014, a diretora informa que ela far� parte de campanhas mundiais, com o objetivo de buscar recursos para preserva��o. “Vamos lutar por uma prote��o integral do conjunto, prevenindo certas interven��es do desenvolvimento descontrolado, para preservar essa paisagem milenar. Tamb�m pretendemos aproveitar melhor os recursos ecol�gicos para ajudar as comunidades pr�ximas”, aponta Norma. O resultado ser� divulgado em outubro.
Inc�ndios
Parte dos recursos arrecadados com a ajuda do Fundo Mundial para Monumentos ser� destinada ao combate de inc�ndios na Serra da Moeda, segundo a presidente da Arca-Amaserra, Simone Bottrel. Apesar de n�o haver um projeto espec�fico, ela destaca que pretende investir no treinamento de equipe de brigadistas, formada por volunt�rios, para impedir mais destrui��o da �rea verde.
Ontem, um inc�ndio que come�ou pr�ximo � crista da serra, perto da estrada para a cidade de Moeda, consumiu a vegeta��o por cerca de quatro horas e s� n�o chegou � BR-040 porque foi combatido por 17 brigadistas, apoiados por seis bombeiros e pelo helic�ptero da corpora��o. Por volta das 18h as chamas foram controladas.