
Encontros marcados por jovens e adolescentes por meio das redes sociais t�m tirado a tranquilidade dos frequentadores de shoppings em Belo Horizonte nas �ltimas semanas. Em tr�s ocasi�es, centenas de pessoas se reuniram em dois estabelecimentos nas regi�es Nordeste e Venda Nova. A pol�cia teve que intervir para conter grupos exaltados que promoveram correrias dentro dos estabelecimentos, assustando clientes e comerciantes, que baixavam as portas das lojas temendo saques. No �ltimo s�bado, quatro pessoas foram detidas e uma arma apreendida do lado de fora do Minas Shopping, no Bairro Uni�o. Questionados, os participantes dos encontros afirmam que o �nico objetivo � fazer novas amizades e se divertir. Mas, nesses epis�dios, a situa��o est� saindo do controle. Na internet, frequentadores dos centros comerciais reclamam do comportamento dos jovens e j� afirmam que preferem evitar os locais.
Para o soci�logo Robson S�vio Reis, membro do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica e coordenador do N�cleo de Estudos Sociopol�ticos da Pontif�cia Universidade Cat�lica (PUC Minas), a repress�o policial n�o � eficiente nesses casos e pode provocar novos epis�dios de viol�ncia. “A pol�cia tem que agir preventivamente, usar georreferenciamento para saber o que est� acontecendo, trabalhar com a seguran�a dos shoppings para desestimular a��es de viol�ncia nesses locais. Quando o jovem v� que tem uma aparato de seguran�a no entorno, ele n�o vai fazer porque o risco � maior”, explica.
Conforme o especialista, as cidades n�o contemplam a juventude com espa�os gratuitos destinados � cultura, esporte e lazer, atividades que tamb�m previnem a viol�ncia. Dessa forma, tamb�m cabe ao poder p�blico investir no setor. “O jovem demanda isso, o modelo de cidade que temos hoje privatizou o lazer. O shopping center tem cultura e lazer, mas trabalha sob a �tica do consumo. Se isso n�o for feito, teremos mais pessoas inconformadas”, avalia.
Reis destaca que, se a sociedade � violenta, as escolas, hospitais, shoppings e outras institui��es tamb�m est�o neste contexto e devem atuar para integrar as comunidades para evitar esses epis�dios. “A comunidade tem que se sentir � vontade no local para criar a��es proativas. O shopping pode fazer a��es de esporte e lazer, apoiar atividades de associa��es comunit�rias, promover espa�os de lazer. � medida em que a comunidade for integrada, n�o haver� viol�ncia contra o espa�o. Se o empreendimento colocar segrega��o contra a sociedade, cria tens�o e e conflito, a viol�ncia repercute negativamente na institui��o e as pessoas deixar�o de ir l� por medo. � melhor do que atuar de forma reativa e, a m�dio prazo, criar situa��o de desconforto para aqueles que v�o l�.”

A chefe do Comando de Policiamento da Capital, coronel Cl�udia Romualdo, explica que a Pol�cia Militar vem monitorando os encontros marcados pelos jovens na internet. De posse das informa��es, a corpora��o entra em contato com a seguran�a dos shoppings para alert�-los e saber quais medidas de refor�o ser�o tomadas e a pol�cia se faz presente na parte externa. O Juizado da Inf�ncia e da Juventude tamb�m � acionado e os adolescentes s�o encaminhados para delegacias, sendo liberados somente com a presen�a dos respons�veis. “Por enquanto n�o tivemos registro de nenhuma loja danificada por atos de vandalismo e nem que tenha sido alvo de pr�tica de crime em nenhum dos casos”, explica.
Durante os tumultos que aconteceram neste m�s no Shopping Esta��o BH e no Minas Shopping houve apreens�o de adolescentes com artefatos explosivos e, neste fim de semana, com arma uma arma de fogo. A coronel destaca que a maioria dos envolvidos � menor de idade e acaba acompanhando pessoas que v�o at� os locais na inten��o de praticar crimes. “O que n�s orientamos � que os pais e respons�veis acompanhem a participa��o dos seus filhos nas redes sociais e que procurem saber para onde eles querem se dirigir e o que v�o fazer. Ser� que os pais e respons�veis est�o participando disso? Acaba que o adolescente que n�o tem acompanhamento acaba sendo cooptado”, alerta a policial.