
�s v�speras de come�ar a temporada de chuvas, Belo Horizonte convive com problemas hist�ricos para a ocorr�ncia de inunda��es: as m�s condi��es dos bueiros, bocas de lobo e galerias pluviais. Em uma simples volta pela cidade, � poss�vel ver que as bocas de lobo est�o entupidas de lixo, quebradas e at� completamente abertas. A situa��o � comum em ruas e avenidas e n�o escapa nem mesmo em regi�es cr�ticas para alagamentos, como a Avenida Francisco S�, no Bairro Prado, na Regi�o Oeste, e a Avenida Silviano Brand�o, no Bairro Horto, na Leste.
Para piorar, a quantidade de lixo retirada dos cerca de 60 mil bueiros da capital aumenta a cada ano. Em 2013, a estimativa � de 600 toneladas a mais do que no ano anterior, quando foram recolhidas 4,4 mil toneladas de res�duos. O gasto com a limpeza tamb�m � pesado. Com os R$ 3,56 milh�es previstos para serem investidos neste ano na manuten��o das bocas de lobo seria poss�vel instalar 9,8 mil lixeiras na cidade. Significaria quase dobrar os 13 mil equipamentos de coleta j� instalados nas ruas.
Somente na Regi�o Centro-Sul, 130 tampas de bueiros (grelhas de ferro, de concreto e tamp�es redondos) foram substitu�das em vias p�blicas. As trocas ocorrem para reparar problemas causados por vandalismo, roubos e pelo tr�fego pesado de ve�culos. As avenidas Afonso Pena, Amazonas, Crist�v�o Colombo e Prudente de Morais s�o os pontos que mais concentram danos a bocas de lobo. A Centro-Sul � ainda a regi�o que mais concentra lixo em bueiros, segundo a Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU). “Como a circula��o de pessoas � muito grande no Centro e o poder de compra tem aumentado, � muito grande a quantidade de lixo que fica pelas ruas, especialmente em pontos de �nibus e perto de lanchonetes”, afirma o chefe do Departamento de Servi�os de Limpeza, Wilian Costa Pereira.
Preju�zos
Para o gari Erivaldo Nascimento Batista, de 35 anos, que diariamente faz a limpeza de ruas do Bairro de Lourdes, a situa��o dos bueiros � complicada. “Quase todos est�o entupidos. Basta a primeira chuva para ver o tanto de lixo que vai sair quando a �gua transbordar”, diz o servidor, ao lembrar que o servi�o j� deveria ter sido providenciado. “Depois que come�ar a chover n�o adianta mais.”
Ver tanto lixo e tanto problema em um momento que antecede as mudan�as no clima perturba quem convive com alagamentos todos os anos. Com uma boca de lobo de tampa quebrada bem em frente ao posto onde trabalha, no Prado, o frentista Remilson de Figueiredo, de 31 anos, queixa-se da falta de manuten��o e de limpeza. “� como se j� soub�ssemos o que nos espera nesse ano. Com o bueiro aberto, mais lixo entra na caixa e entope a rede coletora da �gua da chuva. Se nada for feito, devemos conviver com inunda��es mais uma vez”, diz o rapaz que trabalha h� 12 anos num posto de gasolina na Avenida Francisco S�. “No posto n�o temos muitos preju�zos, mas al�m de ficar imposs�vel passar pela avenida por causa da enxurrada, muitos comerciantes t�m perdas enormes”, comenta.
Acidentes
Mais adiante, outro problema. Na Rua Jaceguai, ponto constante de alagamentos em temporadas de chuvas, uma boca de lobo est� aberta. A operadora de telemarketing Nat�lia Ribeiro, de 21, critica a situa��o. “J� tive not�cia de que a rua fica completamente inundada. Condi��es como a desse bueiro favorecem ainda mais o problema. Sem contar no risco de acidentes com pedestres”, diz.
A falta de manuten��o obrigou a popula��o a sinalizar um buraco em um bueiro no Bairro Horto, na Regi�o Leste, com um peda�o de madeira e galhos de �rvores. A iniciativa foi a sa�da para evitar acidentes, mas deixou o equipamento entupido. A boca de lobo fica na Rua Capit�o Bragan�a, esquina com Avenida Silviano Brand�o. O que chama aten��o � que o problema permanece h� mais de um m�s em um local cr�tico para inunda��es e, segundo a popula��o, a prefeitura ainda n�o tomou nenhuma provid�ncia. “V�rios carros j� ca�ram nesse buraco, a ponto de ficarem presos e os motoristas precisarem de ajuda para retir�-los. � uma vergonha e total descaso”, diz a balconista Ane Palova, de 21, que trabalha em uma loja em frente ao local.
Buraco
O recapeamento feito em v�rias vias de BH resolveu o problema dos buracos abertos pela chuva, mas deixou novos inc�modos. A nova massa asf�ltica colocada sobre o piso aumentou o n�vel da rua, mas fez dos bueiros verdadeiras crateras, j� que a boca de lobo n�o foi nivelada com a rua ap�s o recapeamento. No Bairro Sagrada Fam�lia, carros que passam sobre o bueiro no cruzamento das ruas Joaquim Fel�cio e Bicas n�o escapam do problema. “Al�m do susto por causa do barulho que faz no carro na hora da queda, h� o risco de quebrar alguma pe�a do carro”, diz a bioqu�mica M�rcia Maria Antunes �vila, de 55, que trabalha num laborat�rio no cruzamento. Situa��o semelhante tamb�m foi vista na Rua Er� com Avenida Francisco S�, no Prado.
Limpeza vai priorizar as �reas de risco
T�cnicos da Prefeitura de Belo Horizonte v�o tra�am, nesta quinta-feira, o planejamento para uma a��o intensa de limpeza de bueiros da cidade, a ser iniciada no dia 2. O trabalho ser� uma esp�cie de mutir�o, que vai priorizar as 5.675 bocas de lobo consideradas pontos de aten��o devido a alagamentos, em fundos de vale. Em seguida, ser�o limpos os equipamentos em �reas altas da capital. A manuten��o da estrutura de bueiros quebrados ou sem tampa � feita individualmente pelas nove regionais. O reparo � resultado de vistorias de t�cnicos ou de solicita��es feitas pela popula��o, pelo telefone 156, do BH Resolve.
O mutir�o, segundo o chefe do Departamento de Servi�os de Limpeza Urbana da SLU, Wilian Costa, � a intensifica��o do trabalho rotineiro de limpeza. Segundo ele, 215 mil bocas de lobo foram limpas de janeiro a julho. A retirada do lixo � feita pelo gari, que puxa os res�duos da boca de lobo usando p� e enxada. Entre os materiais mais encontrados est�o papel, folhas, restos de cigarros, pl�sticos, latas de refrigerante, tocos de cigarro e barro. Em alguns locais, pr�ximo a restaurantes e lanchonetes, h� muita gordura e restos de alimentos.
Mesmo sem precisar a quantidade, Wilian diz ser muito comum encontrar bocas de lobo quebradas e entupidas em vias p�blicas. Essa situa��o, segundo ele, traz danos enormes para a cidade, j� que ao encontrar um obst�culo na rede fluvial, a �gua da chuva n�o consegue passar e acaba transbordando pelas ruas e avenidas.
A falta de conscientiza��o � apontada por Wilian como o maior vil�o para a sujeira. “As pessoas aumentaram seu poder de compra e com isso consomem cada vez mais produtos com embalagens. N�o se preocupam com o descarte do lixo, que � jogado em qualquer local”, diz. Ele afirma a limpeza vai prevenir a ocorr�ncia dos alagamentos na temporada de chuva e refor�a que as inunda��es do ano passado foram provocadas porque em muitos pontos a rede fluvial n�o comporta o grande volume de �gua durante os temporais.