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Estado de Minas TESOURO ROUBADO ( E AT� HOJE PROCURADO )

Roubo de pe�as sacras de bas�lica em Ouro Preto completa 40 anos de impunidade

Um dos maiores ataques ao patrim�nio de Minas faz 40 anos e ainda abala Ouro Preto. Minist�rio P�blico diz que at� hoje busca pe�as


postado em 01/09/2013 06:00 / atualizado em 01/09/2013 07:30

 

O historiador Carlos Oliveira mostra a porta da Basílica do Pilar pela qual ladrões passaram. (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
O historiador Carlos Oliveira mostra a porta da Bas�lica do Pilar pela qual ladr�es passaram. (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

 Ouro Preto – O sino da Bas�lica de Nossa Senhora do Pilar vai tocar nesta segunda-feira, ao meio-dia, mantendo a tradi��o iniciada em 2 de setembro de 1973. N�o ser� um som de alegria, mas f�nebre, sinal de perda. Nesta segunda-feira, faz 40 anos que ladr�es, de madrugada, levaram 17 pe�as sacras do museu localizado no subsolo da igreja, considerada um dos monumentos mais importantes do pa�s. Entre os objetos furtados havia uma cole��o formada por cust�dia e tr�s c�lices de prata folheados a ouro, de origem portuguesa, usados no Triunfo Eucar�stico, em 1733, a maior festa religiosa do Brasil colonial. Passado tanto tempo, n�o h�, at� hoje, uma �nica pista do patrim�nio, avaliado na �poca em 6 milh�es de cruzeiros (hoje, algo em torno de R$ 16 milh�es) ou condena��o dos verdadeiros culpados, embora o Minist�rio P�blico de Minas Gerais continue na busca. “N�o perdemos a esperan�a de recuperar nosso acervo, de valor espiritual e art�stico inestim�vel. Esta hist�ria � cheia de mist�rios e sil�ncios”, diz o diretor do Museu de Arte Sacra do Pilar, o historiador Carlos Jos� Aparecido de Oliveira.

Muitos dos personagens-chave – o p�roco Jos� Feliciano da Costa Sim�es, os zeladores do templo na �poca, os acusados do furto e outros – morreram, mas parentes e moradores n�o se esquecem dos dias de pesadelo. O inqu�rito ficou desaparecido por 13 anos, sumiu o boletim de ocorr�ncia, enfim, documentos fundamentais para esclarecimento sa�ram de cena. No auge da ditadura militar, policiais tomaram conta da cidade e tr�s delegados apuravam o caso, enquanto agentes do Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops) faziam interrogat�rios. Nas ruas, o imagin�rio popular criava vers�es diversas sobre a invas�o do Pilar.

Padre Sim�es (1931–2009) foi um dos alvos de interrogat�rios. “Ficou um m�s em pris�o domiciliar, sofreu tortura psicol�gica. Nunca se conformou com o ataque. Na d�cada de 1980, enviou carta ao presidente Jo�o Figueiredo e procurou o diretor-geral da Pol�cia Federal, Romeu Tuma”, recorda-se o diretor do museu. Para o religioso, que ficou � frente da par�quia de 1963 a 2009, o furto era obra de gente poderosa. Mas nunca citava nomes.

Sempre debru�ado sobre documentos, Carlos Jos� guarda um recorte de jornal de 1978 relatando temas proibidos pelo regime militar. Entre eles est� o seguinte artigo: “Fica proibido toda e qualquer not�cia sobre o roubo de Ouro Preto”. Ao ver a p�gina amarelada por quase quatro d�cadas, o diretor se pergunta: “Por que tanto mist�rio?”.

O certo � que o respons�vel pelo furto sabia o que estava procurando. “Eles foram direto ao museu, passaram por v�rias imagens da igreja e n�o levaram nenhuma. Queriam as coroas de Nossa Senhora do Pilar e do Menino Jesus, de ouro maci�o e pedras preciosas – feitas, em Mariana, havia 10 anos, para celebrar a nomea��o da imagem como padroeira pontif�cia pelo papa Jo�o XXIII – e as pe�as usadas na festa do Triunfo Eucar�stico. Por isso, trata-se do roubo de obras sacras mais importante do pa�s”, afirma Carlos.

Pris�es

Adão Magalhães, preso pelo crime(foto: Arquivo EM -26/3/1974)
Ad�o Magalh�es, preso pelo crime (foto: Arquivo EM -26/3/1974)
 
Tr�s semanas depois do roubo, a pol�cia prendeu Ad�o Pereira Magalh�es, que respondia pelo furto de imagens em Alto Maranh�o, em Congonhas, na Regi�o Central. Ele responsabilizou o h�ngaro naturalizado brasileiro Francisco Schwarcz, antiqu�rio e residente em S�o Paulo (SP). O comerciante negou participa��o, foi preso e solto.

A reconstitui��o do crime mostrou que os bandidos se esconderam num dep�sito fechado e protegido, na �poca, por uma cortina. Quando tudo se acalmou, sa�ram. Carlos Jos� mostra uma porta pesada de acesso � sacristia e aberta sem problemas. Na sequ�ncia, encontraram outra, arrombada com chutes e ferramentas por estar trancada por dentro, e desceram as escadas em dire��o ao museu. Serraram duas barras de ferro da grade, com espa�o para passagem de um corpo. Na vitrine com as pe�as, colaram tiras de esparadrapo para, com diamante, riscar e retirar o vidro sem quebr�-lo.

A fim de n�o perder tempo,  os bandidos arrombaram uma pequena porta e entraram na vitrine maior, depois nas menores. Fizeram ent�o o caminho inverso e sa�ram pela porta da frente da igreja, que teve a fechadura antiga violada.

O que foi levado

(foto: REPRODUÇÃO: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)
(foto: REPRODU��O: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)
Cust�dia Monumental (objeto para p�r a h�stia). Pe�a de prata folheada a ouro, com 7 quilos.

Tr�s c�lices em prata dourada e com pedestais folheados a ouro.

 

Urna barroca, em tr�plice dispositivo, com frisos sim�tricos, lisos em rica filigranem mourisca.

Chave grande do sacr�rio principal da igreja matriz.

Par de brincos de Nossa Senhora das Dores e pequenas joias e pedras semipreciosas

Escapul�rio com corrente de ouro, pertencente a Nossa Senhora das Dores

Pena folheada a ouro com incrusta��es, usada por dom Pedro II (1825-1891) em Ouro Preto

Cruz de Malta com rubis e brilhantes. In�cio do s�culo 18

Coroa de Nossa Senhora do Pilar, em ouro, com 12 tipos de zirc�nio que destacam seis brilhantes

Coroa do Menino Jesus de Nossa Senhora do Pilar, em ouro e seis pedras preciosas, de lapida��o retangular

Fonte: Inqu�rito policial

 


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