Roubar pe�as sacras � crime que n�o prescreve, alerta promotor

"O cora��o do patrim�nio de Ouro Preto foi atingido”, diz o coordenador das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico de Minas Gerais (OPPC), Marcos Paulo de Souza Miranda. Ele explica que crimes dessa natureza n�o prescrevem e, portanto, se identificadas em qualquer lugar, as pe�as ser�o alvo de busca e apreens�o. “Temos esperan�a de reencontrar esse acervo. Afinal, os tr�s anjos de Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, voltaram para Minas h� exatos 10 anos e depois para o Santu�rio de Santa Luzia. “Essas pe�as foram levadas da igreja na d�cada de 1950 para o Rio de Janeiro e retornaram. � poss�vel que o mesmo ocorra em Ouro Preto”, afirma.

Se para moradores de Ouro Preto o assalto foi cinematogr�fico, o encaminhamento do caso foi, no m�nimo, surreal. Afinal, o inqu�rito policial desapareceu e s� foi reencontrado 13 anos depois, diz Marcos Paulo. Em 1986, ainda sem not�cias das pe�as do Museu de Arte Sacra, o Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) ajuizou a��o contra os acusados Ad�o Pereira Magalh�es e Francisco Schwarcz, pedindo indeniza��o pelos danos causados ao patrim�nio cultural de Minas. A a��o chegou ao Superior Tribunal de Justi�a (STJ), em Bras�lia (DF), mas a resposta foi que se tratava de algo "juridicamente imposs�vel". Marcos Paulo revela que as fotos das pe�as do Triunfo Eucar�stico est�o no livro Rel�quia da terra do ouro, de Edgard de Cequeira Falc�o, publicado em 1946. “Este livro correu mundo e pode ter despertado a cobi�a em v�rios pa�ses. Esse acervo n�o tem pre�o. J� tivemos roubos maiores em Minas, mas este foi especial”, diz o promotor.

As 17 pe�as est�o na lista dos bens procurados pelo MPMG e, se encontradas, poder�o ser facilmente identificadas. Filha de Jo�o Evangelista Gomes, falecido em 1984, aos 76 anos, e um dos zeladores da igreja em 1973, a coordenadora paroquial do Pilar, Geralda da Purifica��o Gomes, � capaz de bater o olho e reconhecer os c�lices, a urna (cofre da irmandade do Sant�ssimo Sacramento de Ouro Preto usado na cerim�nia da quinta-feira santa), a cust�dia (objeto para expor a h�stia consagrada) e os demais bens roubados. “Meu pai sofreu muito, passou tempos sem sair de casa, triste. Ele ajudou o padre Sim�es a idealizar o museu. No dia do roubo, chegou � matriz por volta das 5h30, a fim de arrumar o templo para a primeira missa do dia, celebrada �s 7h”, lembra-se Geralda, que cita ainda o zelador Gentil de Souza e o sacrist�o Jo�o como as pessoas que estavam na companhia dele. “Todo mundo em Ouro Preto virou suspeito. Tenho certeza de que as pe�as v�o voltar.”

A irm� de Geralda, a bibliotec�ria Judith Concei��o Gomes, foi a �ltima menina a coroar Nossa Senhora do Pilar. A cerim�nia foi em 1972, quando se comemoravam de norte a sul os 150 anos da Independ�ncia do Brasil. “Nunca vou me esquecer. A pe�a n�o era muito pesada, tinha pedras preciosas, bem bonita”, diz Judith. A bibliotec�ria tamb�m reconheceria o objeto em qualquer lugar do planeta. “O v�u que a minha amiga Val�ria p�s na imagem tinha seis metros de comprimento”, relembra.

Em Belo Horizonte, o ex-delegado Ant�nio Orfeu Bra�na, de 70, conta que trabalhou no in�cio do caso e destaca que o patrim�nio de Ouro Preto sempre foi cobi�ado. “As igrejas n�o tinham seguran�a”, lamenta.

 DENUNCIE   

 

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Iphan
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Iepha/MG
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ou pelo telefone (31) 3235-2812 ou 2813

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