
A onda verde no tr�nsito de Belo Horizonte j� passou. O sistema instalado nas �ltimas d�cadas para garantir a fluidez do tr�nsito em v�rias avenidas com sinais abertos simultaneamente para ve�culos a uma velocidade m�dia de 60km/h ficou para tr�s. O crescimento acelerado da frota, que j� chega a 1,5 milh�o de ve�culos, e outros problemas, como tra�ado de vias e falta de educa��o de motoristas que fecham cruzamentos, atropelaram todas as tentativas para garantir fluidez. Foi um aumento de 96% na frota, j� que h� 10 anos eram 795 mil ve�culos. Hoje, cerca de 300 carros s�o emplacados diariamente na cidade. Com tantos autom�veis nas ruas, qualquer iniciativa parece condenada ao fracasso.
Outra tentativa foi o Controle Inteligente de Tr�fego (CIT), implantado em 2002, por meio de dispositivos instalados no asfalto para acompanhar e controlar a fluidez, que foi prejudicado pelas obras frequentes de recapeamento. Agora, chegou a vez dos olhos eletr�nicos, al�m da grande expectativa para o Move, transporte r�pido por �nibus (BRT, na sigla em ingl�s), que por enquanto n�o empolga motoristas e passageiros, antes mesmo de ser implantado.
S�o 24 c�meras que contam o n�mero de carros e controlam e alteram tempo de sem�foros e outras 80 que monitoram o tr�nsito. Mesmo assim, os congestionamentos e as reclama��es persistem diante de uma esp�cie de onda vermelha. Basta dar uma volta por BH para constatar que a onda verde com ve�culos a 60km/h em m�dia n�o � mais vi�vel. O Estado de Minas percorreu quatro corredores (Afonso Pena, Cristiano Machado, Amazonas e Contorno) para checar a sincronia dos sem�foros, mas o sistema levou nota vermelha em todos os trechos.

Na Amazonas, um ter�o dos 18 sem�foros entre a Pra�a Sete e a Avenida do Contorno (no Bairro Santo Agostinho) ficaram vermelhos durante o trajeto, por volta das 13h. Na volta, seis sinais vermelhos interromperam o fluxo de ve�culos. Na Afonso Pena, a situa��o foi parecida. Entre as pra�as da Bandeira (Mangabeiras) e Pra�a Rio Branco, perto da rodovi�ria, no Centro, sete dos 28 sinais de tr�nsito fecharam, enquanto na viagem de volta, seis dos 30 estavam vermelhos. A situa��o foi sempre pior nas imedia��es da �rea central, onde a velocidade m�dia cai devido � fun��o da grande concentra��o de ve�culos.
Retido no congestionamento da Afonso Pena com Rua S�o Paulo, o assessor parlamentar Leonardo Dias, de 33 anos, tinha no rosto express�o de cansa�o por enfrentar tanta lentid�o. "Estou vindo do Bairro de Lourdes e peguei muito mais sinais vermelhos do que verdes. � muito desgastante".
H� oito anos na pra�a, os taxistas Alisson Caldeira, de 27 anos, e J�lio C�sar Vieira, de 42, se lembram do tr�nsito com fluidez. "Parece pouco tempo, mas a situa��o era bem diferente. Era poss�vel manter a velocidade e atingir a sincronia dos sem�foros", diz Alisson.
O colega vai al�m e cobra da BHTrans medidas mais eficientes para melhorar a regularidade entre os sem�foros. "A cidade precisa de um sistema moderno de engenharia de tr�fego, porque o tr�nsito chegou ao limite. Est� insuport�vel", comenta.
A falta de educa��o dos motoristas que fecham cruzamentos � apontada tamb�m como causa da longa espera nos sinais vermelhos. O problema p�de ser visto no cruzamento da Contorno com Rua Salinas, onde um verdadeiro n� se formou. No trecho da Contorno entre Rua Itajub� e Avenida Get�lio Vargas, n�o adianta tentar manter a velocidade da via (60km/h), que o sinal vermelho vai te parar. Dos 17 sem�foros instalados no intervalo, cinco estavam fechados.
LINHA VERDE
A Avenida Cristiano Machado, que funciona como parte da Linha Verde (liga��o do Centro ao aeroporto de Confins) passou por in�meras obras e constru��o de viadutos para ter maior fluidez. Mesmo depois de tantas interven��es, a onda verde tamb�m n�o deu certo na via, onde a reportagem encontrou cinco dos 17 sinais, fechados.
O percurso leva em conta toda a extens�o da avenida. Na viagem de volta, situa��o ainda pior. No encontro da avenida com o viaduto H�lio Pelegrino, o sinal vermelho ficou verde e voltou a ficar vermelho. Com isso, foram seis sem�foros fechados entre os 17 do trecho. O problema � sempre mais cr�tico nos cruzamentos de maior movimento, como Silviano Brand�o, Bernardo Vasconcelos (pr�ximo ao Minas Shopping), Sebasti�o de Brito e Waldomiro Lobo. Na chegada ao Centro, pr�ximo da entrada do T�nel da Lagoinha, motoristas se cansam de ver o �ltimo sinal da Cristiano Machado abrir e fechar sem o tr�nsito fluir.