“Minha vida acabou. Acabou todo o meu desejo de viver, de passear e de ter uma vida boa. N�s lutamos, trabalhamos e agora que a gente ia poder passear, acontece uma coisa dessas.” O desabafo � do corretor de im�veis F�bio Bothrel Campos, de 72 anos, pai do delegado Vanius Henrique de Campos, morto por dois menores na madrugada de s�bado em uma loja de conveni�ncia no Bairro Cidade Jardim, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. “Era um filho nota mil. Morava comigo.”, disse F�bio, que tamb�m tem uma filha casada.
Vanius, segundo o pai, tinha um relacionamento de muitos anos e estava noivo. “Constru�ram uma casa e pretendiam se casar em breve”, informa o pai, que conversou por telefone com o filho pouco antes do crime. “Telefonei e ele me disse que estava voltando da casa da namorada, que estava vindo aqui para a minha casa, no Sion. Esperei-o por meia hora, liguei e ele n�o atendeu. A�, fui ficando tenso e esperei o dia amanhecer. Pela manh�, eu e minha filha est�vamos indo para a casa de uns colegas dele, perto da Avenida Nossa Senhora do Carmo, onde ele costumava ficar conversando. Foi a� que recebemos a not�cia”, disse o pai.
CREMA��O
Parentes da v�tima tentavam autoriza��o judicial para cremar o corpo. Por se tratar de uma v�tima de crime, h� impedimento antes da conclus�o do laudo confirmando a causa da morte. Nesses casos, o corpo � sepultado, para a hip�tese de mais tarde ser necess�ria uma exuma��o. Se n�o houver autoriza��o at� a manh� de hoje, o corpo ser� sepultado no Cemit�rio Bosque da Esperan�a. “Perdi um irm�o ca�ula que queria ser cremado. A fam�lia toda aprovou e a gente gostaria de fazer o mesmo com o meu filho. Ele n�o manifestou nenhum desejo do que fazer com as cinzas, mas vou deixar para os colegas dele decidirem. N�o gostar�amos de t�mulo. A pessoa fica ali, enterrada, e continua o sofrimento”, disse F�bio.
Antes de seguir a carreira policial, Vanius trabalhou por muitos anos como advogado, segundo o pai. H� oito anos, ele decidiu prestar concurso para delegado da Pol�cia Civil e foi aprovado. “Ele nunca reclamou da profiss�o, mas eu, como pai, n�o gostava. Mas nunca comentei com ele. Achava uma profiss�o perigosa, sem valor, pois o poder p�blico n�o reconhece o valor do policial. Os policiais est�o morrendo um atr�s do outro, mas quando um policial apronta qualquer coisinha com o bandido, ele est� sujeito a ser expulso da corpora��o”, reclamou F�bio, que defende a redu��o da maioridade penal. “Comecei a trabalhar com 8 anos de idade na ro�a e j� tinha responsabilidade”, comentou.
Ex-colegas de trabalho do delegado estiveram no Instituto M�dico Legal (IML). “Era um excelente profissional. Trabalhou no Departamento de Investiga��o e na 17ª Delegacia de Venda Nova. Agora, era da delegacia adida do Juizado Especial Criminal”, contou o delegado Jos� Farias. “Era uma pessoa muito tranquila. Ningu�m sabe o que realmente houve. Ele deve ter ouvido uma ofensa muito grave dos menores”, disse Islande Batista.