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Estado de Minas EMO��O � FLOR DA TELA

Cine Brasil reabre as portas no dia 9 com exposi��o de pain�is monumentais de Portinari

Guerra e paz, de Candido Portinari, � montado na capital. P�blico pode ver ainda conjunto de estudos do artista para as pe�as


postado em 02/10/2013 06:00 / atualizado em 02/10/2013 07:56

Montagem dos murais, que vieram de São Paulo, termina hoje no centro cultural da Praça Sete. Painéis tem 14m de altura e 10m de largura(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Montagem dos murais, que vieram de S�o Paulo, termina hoje no centro cultural da Pra�a Sete. Pain�is tem 14m de altura e 10m de largura (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

 

Os mineiros v�o assistir a uma exposi��o que encanta os olhos do mundo, emociona todos os povos e tem o poder de unir, em obras de arte, tempos de guerra e paz. Ser� aberta no dia 9 – e vai at� 24 de novembro – no Cine Theatro Brasil Vallourec, na Pra�a Sete, no Centro de Belo Horizonte, a mostra dos dois pain�is que Candido Portinari (1903-1962) fez na d�cada de 1950 para a sede da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), em Nova York, Estados Unidos. A montagem de Guerra e paz, que inaugura o novo centro cultural da capital, deve terminar hoje, depois de tr�s de trabalho. “� uma opera��o complexa, que exigiu tamb�m log�stica de transporte especial de S�o Paulo a BH, com uso de tr�s caminh�es”, disse ontem a diretora-executiva do Projeto Guerra e Paz, Maria Duarte, atenta a todos os detalhes de instala��o dos murais no palco do cine-teatro de 1 mil lugares.


N�o � �-toa que a obra � chamada de monumental. Cada mural tem 14m de altura e 10m de largura e, na tarde de ontem, equipes de 30 pessoas davam forma � obra-prima pintada a �leo sobre compensado naval. No total, s�o 28 placas cobrindo uma superf�cie de 280 metros quadrados, maior, conforme os estudiosos, do que o Ju�zo Final concebido por Michelangelo para a Capela Sistina, no Vaticano.

A montagem por si s� j� � um espet�culo – e chega a arrepiar. Depois de retiradas das caixas, as placas, cada uma com 2,2m de altura por 5m de largura e pesando 75 quilos, s�o cuidadosamente colocadas sobre uma mesa e verificadas pelos especialistas Edson Motta J�nior e Cl�udio Val�rio Teixeira, tamb�m respons�veis pela restaura��o dos pain�is no Rio de Janeiro, em 2010. Eles checam as pe�as, conferem se h� fungos e chegam a cheir�-las, num cuidado que impressiona os leigos.

BELEZA A etapa seguinte parece um bal�, embora tudo seja fruto do treino e t�cnica. Dois grupos de homens, dispostos dos dois lados da mesa, levantam a placa e depois a conduzem, em sincronia, at� a estrutura de metal, feita especialmente para a exposi��o. Ali, outra equipe est� a postos para receb�-las e encaix�-las, usando equipamentos de seguran�a que parecem de alpinistas. Por volta das 15h, o painel Guerra j� estava quase totalmente pronto, enquanto Paz chegava perto da metade. Olhando o servi�o, imposs�vel n�o pensar que a paz realmente demora mais para ser constru�da e que a arte imita a vida.

A montagem da exposi��o, iniciada segunda-feira, foi �tima oportunidade para ver a beleza do novo centro cultural, cujo pr�dio em estilo art-d�co, agora com linhas bem real�adas pela restaura��o, abriu pela primeira vez sua bilheteria e portas em 14 de julho de 1932. Maria Duarte destacou que a casa foi a �nica, pelo altura do p� direito, em condi��es de receber os pain�is de Portinari.

Apesar de os pain�is estarem no Brasil desde 2010 e terem sido expostos no Rio e S�o Paulo, a mostra em BH ser� a maior no pa�s, diz Maria Duarte. Ser�o mostrados tamb�m, em outro andar, dezenas de estudos feitos por Portinari para produzir as obras. “Nem o pr�prio pintor teve a chance de ver todo este material em seu conjunto”, diz o fundador e diretor-geral do Projeto Portinari, Jo�o Candido Portinari, respons�vel pelo Projeto Guerra e Paz. Depois da passagem por BH, os pain�is ser�o expostos em Paris, na Fran�a, antes de serem devolvidos � ONU em junho de 2014.

Servi�o
Exposi��o: Guerra e paz, de Candido Portinari
Local: Cine Theatro Brasil Vallourec, Pra�a Sete, BH.
Data: 9 de outubro a 24 de novembro.
Hor�rio: Sess�es para 400 pessoas a cada hora, entre as 10h e as 19h. Entrada gratuita


Intera��o e criatividade

Vencedora do pr�mio de melhor exposi��o de 2012 pela Associa��o Brasileira de Cr�ticos de Arte (ABCA), Guerra e Paz  ocupar� todos os espa�os do Cine Theatro Brasil Vallourec. O acesso a partir do dia 9 ser� feito por meio de sess�es, de hora em hora, com capacidade cada uma para 400 pessoas. A primeira ser� �s 10h e a �ltima �s 19h, j� que o local fechar� �s 20h A entrada gratuita ser� por ordem de chegada, sem retirada pr�via de senha. Antes de apreciar a beleza dos monumentais pain�is, o p�blico assistir� a um v�deo de 10 minutos sobre a hist�ria e o processo criativo de Portinari na elabora��o dos pain�is. Escolas devem marcar visitas no site [email protected].

No Sal�o de Eventos, no sexto andar do edif�cio, ser�o expostos mais de 60 estudos preparat�rios para a produ��o dos murais elaborados entre 1952 e 1956 – obras, cole��es internacionais particulares, desde pequenos esbo�os a l�pis sobre papel a grandes estudos a �leo sobre madeira, merecem destaque na mostra. Tamb�m nesse piso, o p�blico ter� a chance de conhecer mais sobre a hist�ria de Candido Portinari, por meio de uma centena de documentos hist�ricos, como cartas, fotos, jornais de �poca, depoimentos e objetos pessoais.

E tem mais: haver� destaque para as obras interativas Templo Portinari, que apresenta a rela��o do pintor com grandes nomes da intelectualidade nas d�cadas de 1920 a 1950, entre eles o presidente Juscelino Kubitschek, o arquieto Oscar Niemeyer e o poeta e escritor Carlos Drummond de Andrade, al�m do Carrossel Raisonn�, que conta com 5 mil obras, organizadas de forma cronol�gica, desde a primeira pintura feita por Portinari aos 11 anos at� a �ltima, inacabada. “O acervo do Projeto Portinari n�o se restringe � vida do pintor, mas ao retrato de uma �poca. � um trabalho precioso, exemplo internacional, de conserva��o e difus�o da hist�ria por meio da arte”, destaca Maria Duarte..

RELEITURAS A galeria do quinto andar ser� dedicada �s releituras de Guerra e Paz feitas por outros artistas. S�o tr�s grandes esculturas em bronze produzidas pelo artista pl�stico mineiro S�rgio Campos e 20 telas bordadas pela Fam�lia Dummond, de Bras�lia. J� o foyer superior conta com estrutura para receber crian�as e adolescentes de escolas p�blicas e privadas que visitam a exposi��o por meio do programa educativo. No teatro para 200 lugares, no andar t�rreo, ser�o exibidos v�deos hist�ricos do acervo do Projeto Portinari.

A concretiza��o do projeto s� foi poss�vel com o investimento financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES). A realiza��o da exposi��o em BH � fruto da parceria entre Vallourec e Projeto Portinari e apoio da ONU e dos minist�rios das Rela��es Exteriores e da Cultura.


MEM�RIA: Poeta dos murais

Candido Portinari nasceu em 30 de dezembro de 1903 no interior de S�o Paulo, passou a inf�ncia em Brodowski e, aos 15 anos, foi para o Rio de Janeiro, com papel e cores em punho. Sem curso prim�rio completo e � custa de muita obstina��o e talento, tornou-se um dos mais famosos pintores das Am�ricas. Com sua morte prematura, aos 58 anos, deixou um legado de mais de 5 mil murais, afrescos e pain�is, pinturas, desenhos e gravuras, que representam, segundo pesquisadores, uma s�ntese cr�tica de todos os aspectos da vida brasileira. O pintor esteve sempre �s voltas com o contraponto entre o drama e a poesia, evoluindo no tempo, do regional para o universal. Quando recebeu o convite para fazer os pain�is Guerra e Paz, Portinari j� estava proibido de pintar pelos m�dicos, que tentavam amenizar o processo de envenenamento pelas tintas. Mas ele n�o recuou ao desafio e ao maior trabalho de toda a sua vida. Morreu em 6 de fevereiro de 1962.


UM PRESENTE PARA A ONU

Presente do governo brasileiro � sede das Organiza��es das Na��es Unidas (ONU), em Nova Iorque, os pain�is Guerra e Paz foram encomendados a Portinari no fim de 1952. Contrariando as recomendac�es m�dicas, pois estava proibido de pintar por sintomas de intoxica��o, o artista aceitou o convite. E por quatro anos, no audit�rio da TV Tupi, no Rio, trabalhou com afinco na elabora��o de 180 estudos, esbo�os e maquetes para os murais. Em 5 de janeiro de 1956, Portinari os entregou ao ministro das Rela��es Exteriores, Macedo Soares, para a doac�o a ONU. Mas ningu�m havia visto Guerra e Paz em sua plenitude, nem mesmo o artista. Come�ou, ent�o, um movimento p�blico e um grupo de intelectuais apelou ao Itamaraty para que os pain�is fossem expostos no Brasil antes do irem para os EUA. Assim, os brasileiros tiveram a chance de ver a obra-prima no Teatro Municipal do Rio.


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