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Estado de Minas

Cidades do interior recebem o lixo de grandes centros sem ganhar nada em troca

Pelo menos tr�s munic�pios mineiros - Santana do Para�so (Vale do A�o), Sabar� (Grande BH) e Juiz de Fora (Zona da Mata) - tiveram parte de seus territ�rios negociada em contratos, com autoriza��o municipal, sem nenhuma contrapartida financeira, para receber detritos de terceiros, o que incomoda moradores e deixa autoridades de m�os atadas.


postado em 14/10/2013 06:00 / atualizado em 14/10/2013 06:47

Leonardo Augusto
Enviado Especial


Cidades se preocupam com as consequências de receber os detritos produzidos por populações vizinhas, muitas vezes de municípios mais ricos, em contratos fechados por gestões anteriores das prefeituras. Sem retorno financeiro, algumas lidam com resíduos de mais de 700 mil pessoas(foto: (Edésio Ferreira/EM/D.A Press))
Cidades se preocupam com as consequ�ncias de receber os detritos produzidos por popula��es vizinhas, muitas vezes de munic�pios mais ricos, em contratos fechados por gest�es anteriores das prefeituras. Sem retorno financeiro, algumas lidam com res�duos de mais de 700 mil pessoas (foto: (Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press))
 

Ipatinga e Santana do Para�so – Uma inc�moda heran�a une em reclama��es e preocupa��o cidad�os e autoridades de pelo menos tr�s munic�pios mineiros. Santana do Para�so (Vale do Rio Doce), Sabar� (Grande Belo Horizonte) e Juiz de Fora (Zona da Mata) tiveram parte de seus territ�rios vendida, com autoriza��o das prefeituras, para receber lixo de outras cidades – e na maior parte dos casos sem qualquer contrapartida financeira. Feitas por gest�es anteriores, as negocia��es envolveram, na ponta exportadora de detritos, importantes munic�pios do estado, como Belo Horizonte, Governador Valadares e Ipatinga, que mandam diariamente milhares de toneladas de res�duos para cidades vizinhas bem menos desenvolvidas e mais pobres.

Com 253 mil moradores, segundo proje��o para este ano do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), e renda per capita de R$ 862,91, Ipatinga envia 496 toneladas di�rias de lixo para a vizinha Santana do Para�so, 16 quil�metros ao Norte, munic�pio com 30 mil habitantes e renda per capita de R$ 495,81. Governador Valadares, munic�pio com 275 mil habitantes e renda per capita de R$ 678,74, envia 183 toneladas de lixo por dia para o aterro, administrado pela Vital Engenharia. A unidade recebe hoje tamb�m o lixo das cidades de Coronel Fabriciano, Tim�teo, Belo Oriente e Ipaba.

O acordo feito � �poca previa apenas que a Vital n�o cobraria pelo tratamento do lixo da pr�pria cidade. O secret�rio de Servi�os Urbanos, Obras e Meio Ambiente de Santana do Para�so, Eri Pimenta da Penha, afirma que, caso a negocia��o para implanta��o do aterro sanit�rio na cidade fosse hoje, as condi��es para chegada da empresa ao munic�pio seriam diferentes. “Seria preciso pensar uma forma de ter ganhos mais significativos como compensa��o”, diz. A �rea ocupada pelo aterro em Santana � de 144 hectares, o equivalente a aproximadamente 144 campos de futebol.

A atual administra��o municipal n�o mant�m bom relacionamento com a empresa. Coincid�ncia ou n�o, na licita��o aberta pelo munic�pio para coleta de res�duos com caminh�es compactadores do lixo na cidade n�o houve interesse da Vital, que j� trabalha tamb�m no transporte do lixo de Ipatinga.

MAIS ‘S�CIOS’

Para a implanta��o do aterro em Santana do Para�so, al�m da licen�a ambiental era necess�ria a emiss�o de documento chamado Certid�o de Conformidade. Na �poca em que a Vital se instalou na cidade, o prefeito era Raimundo Botelho (PR). “A empresa cumpriu todas as obriga��es que entraram em nossa negocia��o. Al�m do tratamento do lixo municipal, foi acertado ainda o asfaltamento de algumas estradas. Foi a contrapartida que achamos vi�vel”, afirma. O ex-prefeito, no entanto, afirma n�o saber que o aterro passou a trabalhar tamb�m com outras cidades, al�m de Ipatinga. “Na �poca em que fechamos o acordo definitivamente n�o havia esse compromisso”, diz.

A legisla��o ambiental em Minas n�o pune cidades que n�o tenham aterros sanit�rios e que por isso precisam enviar lixo para outros munic�pios. Existe apenas a obriga��o de realizar adequadamente o descarte, o que, pela legisla��o atual, n�o pode mais ser feito em lix�es.
Assim como a administra��o de Santana do Para�so, moradores da cidade reclamam da atua��o da Vital. “N�o contratam gente daqui. Sempre trazem de fora”, reclama Natal da Consola��o de Souza, de 43 anos, operador de m�quina. “Cada cidade tem que tratar o seu lixo”, entende o irm�o dele, Jos� da Consola��o de Souza, de 40, encanador. Para o estudante Walyson Moreira, de 19, o ideal seria que outro tipo de empresa se instalasse na cidade. “Trouxeram algo que n�o � muito recomend�vel.”

O aterro de Santana do Para�so tem prazo de uso previsto para 25 anos. A conta, no entanto, levava em considera��o apenas o lixo produzido em Ipatinga. Hoje, com a soma de outras cinco cidades, chega � unidade o descarte produzido por uma popula��o equivalente a 765.737 habitantes. “Se o aterro esgotar sua capacidade antes do prazo, a empresa ter� que dar conta do descarte do lixo de nossa cidade durante os 25 anos do contrato, contados a partir de 2001”, afirma o atual secret�rio de Planejamento de Ipatinga, Vicente Costa.

Saiba mais

Aterros
Sanit�rios

S�o locais preparados para receber lixo de casas, ind�strias, hospitais e constru��es. A maioria do material descart�vel n�o � recicl�vel e, por isso, os terrenos t�m uma manta subterr�nea de prote��o, al�m de contar com um suspiro para libera��o de gases. Essas provid�ncias reduzem preju�zos ao meio ambiente, mau cheiro, polui��o visual e prolifera��o de animais. O lixo � compactado, enterrado ou depositado em camadas. � uma alternativa para lidar com os problemas causados pelo excesso de descarte, mas uma solu��o que ainda custa caro para pequenas cidades. Como a meta do governo federal � erradicar os lix�es at� 2014, prefeituras t�m recorrido a cons�rcios intermunicipais, em que uma cidade recebe os detritos de outras. Junto com a solu��o, por�m, chegam os impactos para o munic�pio receptor.


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