A diretoria da Faculdade de Filosofia e Ci�ncias Humanas (Fafich) da UFMG abriu sindic�ncia ontem para apurar den�ncia de ass�dio moral e sexual contra o professor do curso de ci�ncias sociais Francisco Coelho dos Santos. A investiga��o ser� feita por duas professoras e um aluno. “Eles v�o chamar os envolvidos e ouvi-los e tamb�m analisar�o as provas materiais, como grava��es feitas pelos estudantes”, informou o diretor da institui��o, Jorge Alexandre Barbosa Neves. Por meio de carta, o professor, que est� afastado temporariamente, pediu desculpas.
O processo dura um m�s e pode recomendar a forma��o de uma comiss�o disciplinar. Caso isso ocorra, haver� outra investiga��o, mais 30 dias, que pode culminar com advert�ncia ou at� exonera��o do cargo. Jorge Neves disse ainda que, em seus quatro anos de mandato, � o primeiro caso de funcion�rio acusado de machismo. “Estamos agindo de acordo com a lei. Temos de respeitar as partes e evitar retalia��es, al�m de garantir ampla defesa”, afirmou.

O Departamento de Sociologia e Antropologia acatou o pedido da turma do segundo per�odo e anunciou o afastamento do professor da disciplina sociologia 2. E ainda apresentou uma carta na qual ele pede desculpas caso sua atitude tenha sido considerada constrangedora. No entanto, a secret�ria do Centro Acad�mico de Ci�ncias Sociais e representante discente do colegiado, Fernanda Maria Caldeira, disse que ele n�o deveria ter se retratado por apenas aquele ato espec�fico. “Isso incomoda as meninas h� muito tempo. Ele j� disse que as mulheres n�o servem quando est�o menstruadas e tamb�m comentou sobre as roupas. E relaciona intimidade com o conte�do da aula”, afirmou Fernanda.
Cerca de 80 alunos se reuniram em assembleia para discutir o andamento da den�ncia. O estopim, segundo eles, ocorreu no dia 10. A turma j� havia se mobilizado para juntar provas devido a coment�rios considerados constrangedores, e um gravador estava ligado quando uma jovem de 19 anos fez uma pergunta sobre o conte�do da aula. O professor teria comparado a rela��o dele com a garota e dito: “Acho voc� uma mulher atraente e quero conversar com voc� na horizontal”.
A aluna, que prefere n�o ser identificada, conta que essa foi apenas uma das in�meras abordagens que considerou inconvenientes: “Antes, nos sent�amos coagidos a n�o nos manifestar porque ele fazia uma avalia��o subjetiva, chamada de brilho nos olhos. Isso representava 30% das nossas nota”. Mas, depois da grava��o na aula, o grupo se reuniu em assembleias e conseguiu cerca de 200 ades�es a um abaixo-assinado contra o professor.
O Diret�rio Central dos Estudantes tamb�m enviou a den�ncia ao Minist�rio P�blico e ao Minist�rio da Educa��o. Segundo a representante do N�cleo de Combate a Opress�es da entidade, Gisele Maia, a metodologia do professor � mais um exemplo de machismo na universidade: “Os professores se imp�em pela hierarquia, acham que podem falar o querem. Lutamos para combater isso”. Ela tamb�m afirmou que querem o �rg�o prepara um dossi� parecido para denunciar um professor que faz o mesmo com estudantes de gest�o p�blica.
Colegas do professor se disseram espantados com os relatos dos alunos. Uma delas, da comunica��o social, que foi aluna e participou de bancas com ele, afirmou que o ato deve ser isolado, oriundo de problema pessoal.
Doutor em sociologia pela Universidade de Sorbonne (Paris) e funcion�rio da UFMG h� 16 anos, Santos disse ao EM que aceitou o afastamento at� a conclus�o da sindic�ncia. Ele definiu a situa��o como “desagrad�vel” e afirmou n�o ter tido inten��o de causar preju�zo a qualquer aluno.