
Nem a folga que os temporais deram a Belo Horizonte, que n�o enfrenta inunda��es e desastres de maiores propor��es causados por chuva desde 2011, foi aproveitada pela prefeitura para acelerar o Programa de Recupera��o Ambiental de Belo Horizonte (Drenurbs). H� dois anos, a capital registrou precipita��es pluviom�tricas que bateram o recorde hist�rico e s� em dezembro chegaram a acumular 720 mil�metros. De l� para c�, apenas cinco (20%) das 25 obras do Drenurbs previstas para conter c�rregos e melhorar a drenagem urbana foram feitas, segundo levantamento exclusivo do Estado de Minas na Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). De R$ 1,5 bilh�o estipulado para concluir o programa, que tem projetos de melhorias na Pampulha, avenidas Ant�nio Carlos, Cristiano Machado e Prudente de Morais e Rua Francisco S�, apenas R$ 120,1 milh�es (7,8%) foram gastos.
Est�o em execu��o outras sete obras, com custo estimado de R$ 370 milh�es, 24,3% do or�amento necess�rio para a conclus�o do programa. S�o interven��es em �reas sens�veis e densamente povoadas, como a Avenida V�rzea da Palma, em Venda Nova, c�rregos da Serra (Centro-Sul), Santa Terezinha (Pampulha) e Bonsucesso (Barreiro), que dever�o se arrastar at� 2015.
A maioria das bacias de conten��o, adequa��es de drenagem e amplia��o da capacidade de cursos d’�gua est� inclu�da em 13 projetos b�sicos e executivos que podem se arrastar at� 2016 e consumir R$ 1,03 bilh�o. � nessa fase que est�o obras priorit�rias como o a amplia��o dos canais dos c�rregos Cachoeirinha e Pampulha, na regi�o das avenidas Cristiano Machado, Ant�nio Carlos e aeroporto da Pampulha. O projeto emergencial foi aprovado em 2012 pelo governo federal e inclui a retirada de 1.300 fam�lias e implanta��o de um parque linear para conter as cheias e revitalizar a regi�o.
O problema � que a interven��o est� prevista para come�ar s� no ano que vem e terminar no segundo semestre de 2016. Uma situa��o que irrita moradores que j� est�o fartos de conviver com o perigo de inunda��es. “Minha m�e precisou do barco dos bombeiros para ser resgatada de casa em 2011, quando o c�rrego subiu por causa da chuva. Agora, vamos ter de esperar mais tr�s anos para algu�m fazer alguma coisa. � muito desprezo por quem vive � beira do perigo”, reclamou o pedreiro Ricardo Wagner de Souza, de 42 anos. Ele e o irm�o, o motorista Paulo Roberto de Souza, de 48, contam que j� perderam eletrodom�sticos e mantimentos em inunda��es. “A gente paga IPTU, todas as contas, somos os �ltimos a ser lembrados. E moramos praticamente � beira da Cristiano Machado, uma das avenidas mais importantes da cidade”, criticou o irm�o dele.
Mesma situa��o ocorre nos bairros Vila Aeroporto, S�o Tom�s e S�o Bernardo, onde boa parte das casas foi demolida para dar lugar a uma unidade do Vila Viva � beira do curso d’�gua. “Quando chove muito a �gua entra nas nossas casas, invade o hall do aeroporto e quase inunda a pista de pouso. � muito triste a gente passar a noite sem dormir, com medo de que a chuva fa�a o c�rrego levar tudo o que voc� juntou na vida”, disse o aposentado Manuel Anderson dos Santos, de 58, h� 30 vivendo na beira do riacho que passa atr�s do aeroporto.
Na avalia��o do especialista em engenharia hidr�ulica e professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bruno Rabelo Versiani, o Drenurbs deveria ser prioridade. “� uma das pol�ticas mais urgentes numa cidade do porte de Belo Horizonte, j� que todos os anos ocorrem problemas em regi�es cr�ticas como as avenidas Vilarinho e Prudente de Morais”, afirma.
Para ele, a implanta��o das bacias de reten��o e as desapropria��es previstas no Drenurbs � cara, mas essencial para trazer maior seguran�a para quem vive, trabalha e trafega nas �reas sob risco de inunda��o
A Sudecap afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que n�o tinha condi��es de avaliar ontem os n�meros e as informa��es levantados pelo EM, apesar de a fonte da apura��o ser um relat�rio oficial do pr�prio �rg�o.
Integra��o de cursos d’�gua
O Programa de Recupera��o Ambiental de BH (Drenurbs) foi apresentado em 2001 para integrar cursos d’�gua e evitar enchentes. A �rea de abrang�ncia � de 51% da �rea total do munic�pio, envolvendo 47 sub-bacias, onde vivem 45% da popula��o de BH. Em 2001, foram feitos diagn�stico hidrol�gico, cadastros de macro e microdrenagem, avalia��o estrutural dos canais e implanta��o de um sistema de informa��es geogr�ficas para a drenagem urbana. Foi lan�ada tamb�m a carta de inunda��es com indica��es de locais com maior probabilidade de enchentes. Os principais objetivos s�o a despolui��o de 73 c�rregos e 47 bacias, redu��o de riscos de inunda��es; controle de sedimentos e integra��o dos recursos h�dricos naturais ao cen�rio urbano.
