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Estado de Minas

Proposta do Legislativo prev� cerco a baleiros nas escolas

Para combater sobrepeso entre jovens, projeto pro�be ambulantes de vender guloseimas na porta dos col�gios em BH. Vendedores dizem que controle deve ser feito pelos pais


postado em 15/11/2013 06:00 / atualizado em 15/11/2013 12:52

"Tentei vender barrinhas de cereal, mas tive preju�zo" Ant�nio Alkmim, 58 anos, que h� 21 trabalha na porta do Col�gio Loyola (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)


Desde que a Lei 18.372 foi regulamentada em Minas Gerais, em mar�o de 2010, proibindo a venda e distribui��o de alimentos muito cal�ricos nas escolas p�blicas e particulares do estado, especialistas criticam que as tenta��es continuam do lado de fora das institui��es. Esquecidos na Lei da Merenda Saud�vel, os baleiros, com seus carrinhos cheios de guloseimas e salgadinhos, muitos h� d�cadas no mesmo lugar, agora est�o na mira da legisla��o. Em Belo Horizonte, um projeto de lei que come�ou a tramitar nesta semana na C�mara Municipal pretende tirar deles o direito de vender produtos com alto teor de gordura e a��cares para os alunos. A tentativa � de diminuir os �ndices de sobrepeso e obesidade, que hoje, segundo dados do Minist�rio da Sa�de, atingem uma a cada tr�s crian�as no pa�s.

A proposta � acrescentar uma norma ao C�digo de Posturas. O artigo 116 descreve que o exerc�cio de atividades em logradouro p�blico depende de licenciamento pr�vio pela prefeitura. Os baleiros pagam em m�dia R$ 35 pela autoriza��o, segundo os pr�prios trabalhadores. O Projeto 811/13, de autoria do vereador Joel Moreira (PTC), prop�e que seja proibida “a presen�a de ambulantes para venda de doces de qualquer esp�cie, incluindo balas, chocolates, chicletes, pirulitos, na porta das escolas p�blicas e privadas”.

O autor justifica que foram feitos semin�rios com m�dicos endocrinologistas, nutricionistas, professores de educa��o f�sica e especialistas no assunto e que todos apontaram a necessidade de tirar a oferta da porta das escolas. “H� um questionamento de que, embora a merenda dentro da escola tenha que seguir os padr�es de qualidade exigidos para as crian�as, elas saem na rua e tem um baleiro para oferecer uma guloseima”, afirmou Moreira. A expectativa, segundo ele, � que o projeto seja votado em primeiro turno at� fevereiro.

"Acho que a decis�o de comprar ou n�o tem que vir dos pais" Ant�nio Rodrigues, 51 anos, que vende balas em frente ao Santo Agostinho h� 35 (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
Na porta das escolas, a proposta divide quem vende e quem compra. Ant�nio Rodrigues, de 51 anos, conhecido como Pel�, vende balas em frente ao Col�gio Santo Agostinho, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, h� 35 anos. Herdou o of�cio do pai, que come�ou quase 10 anos antes dele e o levava para aprender. Criou os dois filhos, de 18 e 24 anos, com o sal�rio m�nimo que tira todos os meses da venda. N�o � a primeira vez que ouve uma amea�a de ser retirado do ponto, mas n�o a teme. “Sempre tem essa conversa, mas as coisas nunca se concretizam. Se for lei, vou ter que cumprir, n�o quero ficar clandestino, mas acho que a decis�o de comprar ou n�o tem que vir dos pais”, disse.

Ant�nio Jaime Alkimin, de 58 anos, est� h� 21 na porta do Col�gio Loyola, tamb�m na Regi�o Centro-Sul, e espera que o projeto n�o seja aprovado. Ele acredita que vai trabalhar ali, no mesmo ponto, at� completar 75 anos. Ant�nio conta que j� tentou vender produtos mais saud�veis, mas sem sucesso. “Tentei vender barrinhas de cereal, mas tive preju�zo”, conta. Segundo o vendedor, a crian�ada gosta mesmo � de balas e salgadinhos. “Os pr�prios pais, se n�o comprarem aqui, v�o comprar em outro lugar, seja num supermercado, uma farm�cia, em um bar”, afirmou.

Pais divididos Entre os pais, o assunto causa diverg�ncia. Moema Braga, de 62, aut�noma, busca os tr�s netos, de 6, 8 e 10 anos, todos os dias na escola. O carrinho de balas � uma tenta��o, segundo ela, mas a regra em casa � clara: podem comprar apenas na sexta-feira. A ordem � dada pela filha de Moema, m�e das crian�as. “Acho que eles podem continuar a vender, mas cabe aos pais regrar os filhos”, disse. A psic�loga Ivone Saddi, de 50, diz que para o filho de 6 anos � proibido e que regrou o consumo de doces por ele desde o nascimento, preocupada com sua sa�de. “Enquanto houver oferta, ter� procura. � uma forma de chegar at� a crian�a, por isso sou contra a venda na porta da escola”, disse.

Para Ivone, � preciso assegurar que os baleiros sejam recolocados no mercado de trabalho de maneira digna. J� Roger Moreira, de 32 anos, que � motorista e busca todos os dias duas crian�as, de 7 e 9 anos, no Loyola, disse que os pais devem ter bom senso e n�o v� necessidade de uma lei. “As crian�as chegam ao shopping e h� v�rias lojas cheias de bala. O vereador deve se lembrar que est� mexendo no sustento dos baleiros e querendo interferir na cria��o dos filhos”, disse.

Para Emiro Barbini, presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), proibir a venda na porta das escolas � dar continuidade ao que come�ou dentro das cantinas. “� incoerente que fique restrito dentro das escolas e, quando chega ao lado de fora, eles t�m acesso a cachorro-quente, bala”, disse. Barbini, por�m, tamb�m defende medidas para garantir o sustento dos baleiros.


Um ter�o das crian�as acima do peso

O �ltimo levantamento feito pelo IBGE, de 2010, revela que o sobrepeso atinge 34,8% dos meninos e 32% da meninas entre 5 e 9 anos no pa�s. O mesmo estudo indica que 16,6% dos meninos e 11,8% das meninas est�o obesos. Os dados s�o preocupantes, segundo o endocrinologista Ant�nio Jos� das Chagas, presidente do Comit� de Endocrinologia Pedi�trica da Sociedade Mineira de Pediatria. Ele alerta que a obesidade leva a doen�as cr�nicas graves, como hipertens�o e diabetes, e que as crian�as acabam seguindo o mesmo passo dos pais. Se eles forem obesos, os pequenos tamb�m ser�o.

O m�dico concorda com o projeto de lei, mas acha que deve ser ampliado para todos os estabelecimentos que vendem guloseimas e alimentos muito cal�ricos, como supermercados, farm�cias, bares e redes de fast food. “Toda medida criada para dificultar o acesso das crian�as a esses produtos chamados de calorias vazias, ou seja, sem nenhum valor nutricional, � bem-vinda.” Segundo o especialista, professor aposentado da UFMG, a lei, se aprovada, � uma forma de educar tamb�m pai e m�e. “A preven��o � o mais importante porque depois, para perder 20kg, 30kg, � muito mais dif�cil”, disse. Evitar o sobrepeso, lembrou o m�dico, � prevenir o aparecimento de doen�as de pulm�o, cora��o, pernas, f�gado, rins, de press�o, colesterol alto, entre outras.

Para os pais, ele indica que devem restringir as calorias vazias e ensinar os filhos a comer. “A crian�a tem que aprender a degustar, saborear pequenas quantidades. Pegar um peda�o pequeno de chocolate, colocar na boca e deixar derreter na boca, com calma. A pessoa engole poucas calorias e sente o sabor do alimento. O ideal � sempre comer pequenas quantidades, para n�o encher demais o est�mago, e fazer seis refei��es por dia, assim n�o se passa fome e tamb�m n�o engorda”, explicou.


CALCULE O IMC

Para saber se o seu filho est� com sobrepeso ou obesidade, � s� fazer o c�lculo do �ndice de massa corporal (IMC). Divida o peso pela altura ao quadrado, ou seja, quem pesa 60kg e mede 1,67 m deve dividir 60 por 2,78 (1,67 x 1,67). Veja o resultado:
Menos de 17    muito abaixo do peso
Entre 17 e 18,49    abaixo do peso
Entre 18,5 e 24,99    peso normal
Entre 25 e 29,99    acima do peso
Entre 30 e 34,99    obesidade grau I
Entre 35 e 39,99    obesidade grau II (severa)
Mais de 40    obesidade grau III (m�rbida)


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