Tiago de Holanda

A fama repentina parece ter intimidado os gorilas Leon, de 15 anos, e Lou Lou, de 9. Os dois, vindos da Europa por empr�stimo, come�aram a ser expostos ao p�blico do Zool�gico de Belo Horizonte na sexta-feira, quando passearam pela �rea de 2 mil metros quadrados reservada para eles e a “anfitri�”, a f�mea Imbi, de 14. Na manh� de ontem, por�m, ficaram quase todo o tempo escondidos em seus recintos, apesar de as grades de ferro estarem abertas. Muitos visitantes, ansiosos para observar os novatos, sa�ram frustrados, especialmente as crian�as.
O macho, Leon, e a f�mea Lou Lou s�o as primeiras companhias de Imbi desde mar�o, quando morreu a “colega” Kifta. Na manh� de ontem, para apreciar os primatas, muita gente subiu na plataforma que fica diante do espa�o onde eles vivem ou desceu as escadas para um sal�o subterr�neo, para v�-los atrav�s de uma espessa vidra�a. O pessoal esperava, esperava, mas nada de os bichos aparecerem.
Decepcionado, o garoto Mateus Louren�o, de 9 anos, tinha uma hip�tese macabra para o sumi�o: “Acho que os gorilas morreram”. A tia dele, a dona de casa Isabel Cristina da Silva, de 25 anos, tratou de tranquiliz�-lo: “Morreram n�o”. Eles estavam acompanhados do marido de Isabel, o pedreiro H�lio Aparecido da Silva, de 47, e os dois filhos do casal: Luana, de 2, e Yuri Luan, de 5. O grupo veio a BH em uma caravana que, com mais de 30 pessoas, havia sa�do de Passa Tempo, a 150 quil�metros da capital. “Quando viemos em 2002, conseguimos ver gorilas. Acho que esses ainda est�o um pouco receosos”, conjeturou H�lio.
O pequeno Jo�o Carlos Faria, de 5, era um dos mais animados. “A� o gorila vai vir: ‘Uh, uh, uh’”, disse, imitando os sons dos animais. O tempo passava, nada acontecia e o garoto chamava: “Gorila! Gorila! Onde ser� que ele t�? Acho que � igual a peixe, a gente tem que ficar bem calado pra ele aparecer”.
A certa altura, um lagarto tei� passeou pelo gramado e o estudante Eduardo Nunes, de 16, brincou: “Aquele ali � o gorila de que eles falam?”. Vindos em uma excurs�o escolar sa�da de Formiga, a 198 quil�metros de BH, os colegas riram. “Vai ver o nome dele � Gorila”, acrescentou outro. Acompanhado da esposa, a dona de casa Suely Carolina Costa, de 34, e o filho Esdras, de 2, o empres�rio Wallysson Ernane Dias, de 31, sugeriu: “Tinha que arrumar um jeito de deix�-los mais pr�ximos, pelo menos nos hor�rios de maior visita��o. A �rea � muito grande, tem muito lugar pra se esconderem”.
Bi�loga do Servi�o de Educa��o Ambiental da Funda��o Zoo-Bot�nica, R�zzia Botelho explicava aos visitantes:“Eles est�o na �rea de manejo (onde ficam os recintos), mas as portas est�o abertas. Eles v�m e voltam quando t�m vontade. Isso � imprevis�vel, eles podem surgir a qualquer momento”. Por volta do meio-dia, Leon fez algumas breves apari��es, que provocaram correria. “� ele ali”, gritou uma garota. Primeiro, o grandalh�o saiu de um recinto e entrou no vizinho. Depois, fez o caminho de volta. Ficou � porta por menos de um minuto e entrou novamente. Um homem fez piada: “Vou mandar o gorila me devolver o pre�o do ingresso”.