Ocupa��o do espa�o do antigo Cine Path� por shopping popular n�o � bem recebida

Na segunda-feira, o espa�o do antigo Cine Path�, no cora��o da Savassi, reabre as portas sem filme em cartaz. O im�vel, de propriedade particular, vai abrigar o shopping popular Xavantes Express, que chega a uma das regi�es mais charmosas de Belo Horizonte sob a rea��o de urbanistas, moradores e lojistas. A prefeitura promete roubar a cena e afirma que, apesar do novo empreendimento, o projeto de devolver ao lugar a condi��o de cinema est� mantido. De acordo com a Funda��o Municipal de Cultura (FMC), as obras come�am no primeiro semestre do ano que vem e, no fim de 2015, um complexo cultural com sala de exibi��o, caf� e galeria ser� inaugurado.

Alheios a esse processo, comerciantes come�am a ocupar parte das 40 lojas instaladas nos 1,1 mil metros quadrados do edif�cio constru�do em 1948, na Avenida Crist�v�o Colombo, 315, e tombado nos anos 2000. A previs�o � de que 20% dos boxes estejam abertos j� para as vendas de Natal. O inquilino do im�vel, Leonardo Furman, presidente do Xavantes, desconhece a inten��o de retorno do espa�o do Cine Path� �s origens. “O im�vel foi alugado dentro da lei”, refor�a ele, que disse ter contrato por mais de cinco anos com o locat�rio, apesar da promessa da FMC de devolver o cinema � cidade.

Marca da Savassi por 50 anos, o cinema teve suas �ltimas sess�es em 1999 e, desde ent�o, o endere�o j� foi ocupado por igreja evang�lica, feira de roupas e estacionamento. Em novembro de 2012, o Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural do Munic�pio de BH aprovou projeto da Farkasv�lgyi Arquitetura e da PHV Engenharia para construir um pr�dio de nove andares no local. A contrapartida � recuperar o cinema, manter a fachada e o foyer, tombados pelo patrim�nio, e do�-los ao munic�pio. Segundo a FMC, o termo de coopera��o entre a prefeitura e a iniciativa privada ser� assinado em fevereiro.

O projeto prev� a constru��o de um edif�cio comercial, com entrada pela Rua Alagoas, al�m de dois n�veis subterr�neos com garagem. Os andares com entrada pela Crist�v�o Colombo passariam a contar com cinema multiuso, com capacidade para 252 poltronas, al�m de espa�o para exposi��o e cafeteria. Est� prevista tamb�m �rea para instala��o do Museu da Imagem e do Som, com acervo do Centro de Refer�ncia Audiovisual (Crav).

O diretor de Desenvolvimento da PHV Engenharia, Marcos Paulo Alves de Sousa, explica que o projeto est� em fase de licenciamento na prefeitura e que o propriet�rio do im�vel deve participar da negocia��o. “� um parceiro nosso e estamos tentando fazer uma permuta. A loca��o com o shopping popular � provis�ria”, afirma, reiterando a promessa de doa��o do Cine Path� revitalizado ao munic�pio. Embora a construtora cite os donos do im�vel como parceiros, caso a negocia��o n�o avance, a PBH n�o descarta a desapropria��o da estrutura por interesse cultural. O Estado de Minas tentou sem sucesso contato com os donos do pr�dio, herdeiros do empres�rio Ant�nio Luciano, para que esclarecessem a situa��o.

REA��O A abertura do shopping popular no im�vel tombado n�o foi bem recebida por lojistas da regi�o e urbanistas. “A Savassi � o cart�o de visitas de BH e a implanta��o do Xavantes descaracteriza o perfil de lojas �nicas e estabelecimentos de cunho cultural”, disse o presidente da C�mara dos Dirigentes Lojistas na Savassi (CDL/Savassi), Alessandro Runcini, que tamb�m est� � frente da Associa��o de Moradores e Amigos da Savassi.

O CDL solicitou � prefeitura fiscaliza��o para verificar se o empreendimento tem alvar�. “Foi realmente um espanto, muito triste saber da abertura do shopping popular em um local no qual esper�vamos ter novamente um espa�o cultural”, acrescentou Runcini. Em nota, o Sindicato dos Lojistas do Com�rcio de BH (Sindilojas) informou que espera “nova reuni�o com a prefeitura para alinhar informa��es sobre a reabertura do antigo cinema e a retomada do projeto de revitaliza��o do pr�dio do Cine Path�”. A entidade luta h� mais de uma d�cada pelo retorno da destina��o cultural ao im�vel.

“O Path� � uma refer�ncia da cidade do ponto de vista afetivo e fez parte da hist�ria de v�rias gera��es. O uso cultural � importante e preserva a mem�ria da capital”, ressalta o diretor de Projetos Especiais do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-MG), Ulisses Morato de Andrade, conselheiro de Patrim�nio Cultural do Munic�pio. “No conselho, aprovamos a recupera��o do cinema e a manuten��o do uso cultural do espa�o, e espero que seja concretizado dessa forma”, afirma.